10/Mar/2025
O aumento da oferta mundial de petróleo, especialmente com a retomada gradual do padrão das exportações da Rússia a partir do segundo trimestre, e o ritmo menor da demanda global pela commodity, decorrente da prometida imposição de tarifas a produtos importados pelos Estados Unidos, devem derrubar o preço do barril do Brent (tipo de óleo que é referência para o mercado brasileiro) neste ano. No dia 3 de março, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Países Aliados (Opep+) decidiu aumentar a produção a partir de abril, citando como justificativa “os fundamentos saudáveis de mercado”. Porém, a Opep+ ressaltou que o aumento gradual pode ser pausado ou revertido se for necessário.
A associação de produtores informou que aumentaria a produção em 2,2 milhões de barris por dia, ou cerca de 2% da demanda global, até 2026. Isso seria uma boa notícia para os consumidores, que geralmente se beneficiam quando essa fonte de energia custa menos, mas reduziria os lucros dos produtores de petróleo e dos países e Estados onde essas empresas operam. A decisão teve efeito imediato no mercado e os preços atingiram o nível mais baixo do ano nos Estados Unidos: US$ 68,37 por barril no dia 3 de março. Uma ótima notícia para Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, que vinha pressionando por reduções no preço da commodity. A esse valor, em geral, é lucrativo perfurar novos poços nos Estados Unidos, que produzem mais petróleo do que qualquer outro país. Muitos outros poços deixam de ser lucrativos quando o petróleo é vendido a US$ 60,00 por barril ou menos.
Para o HSBC, a média da cotação do tipo Brent será de US$ 70,00 por até o fim de 2025. A redução ocorrerá pelo aumento da produção mundial de petróleo, de 102,6 milhões de barris por dia, em 2024, para 103,9 milhões de barris por dia neste ano. Enquanto isso, a demanda global avançará em menor velocidade no período, passando de 102,8 milhões de barris por dia para 103,8 milhões de barris por dia. Segundo o Citi, a adoção de tarifas a importados pelos Estados Unidos pode provocar uma desaceleração do nível de atividade em vários países e, consequentemente, reduzir a demanda mundial por petróleo. Há um grande risco de ocorrerem guerras comerciais. Tarifas gerais podem atingir o crescimento global, o comércio internacional e a demanda pela commodity.
O Citi estima que o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos vai desacelerar de uma alta de 2,8%, em 2024, para 1,5% neste ano. O setor de energia dos Estados Unidos pode ser afetado por tarifas ao aço importado, um custo importante à indústria norte-americana de petróleo e gás natural, o que poderá aumentar os preços de derivados aos consumidores do país. A cotação média do Brent deverá baixar de US$ 68,00 por barril no segundo trimestre, para US$ 60,00 por barril entre outubro e dezembro. O governo norte-americano já adotou tarifas de 20% sobre importados da China. Taxas de 25% sobre o aço exportado por diversos países aos Estados Unidos começarão a valer este mês. Donald Trump também implementou uma alíquota de 25% sobre automóveis fabricados no exterior, embora tenha adiado por um mês a sua vigência para veículos feitos no México e no Canadá.
Segundo o banco Natixis, essa política comercial tem impactos diretos na produção industrial da Europa e da China, e terá efeitos na demanda global de diesel e gasolina. A menor atividade das fábricas nesses mercados atingirá a renda real dos consumidores, o que diminuirá suas compras de gasolina. As tarifas a importados deverão elevar a inflação nos Estados Unidos, reduzindo a capacidade de aquisição de derivados pelos seus cidadãos. O consumo de gasolina no país representa 10% de toda a demanda global de petróleo. Qualquer grande impacto nesse mercado pode ter efeitos sobre a tendência da demanda mundial do petróleo.
Para o Natixis, o CPI (Índice de Preços ao Consumidor) dos Estados Unidos terá uma pequena redução neste ano, passando de 2,9%, em 2024, para 2,6%. Isso deve levar o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) a cortar juros somente em setembro e dezembro. A tendência de menor demanda global por petróleo ante a oferta mundial neste ano também decorre das dificuldades econômicas da China, que poderão ser agravadas pela adoção de tarifas pelos Estados Unidos às suas exportações. Segundo a S&P Global Commodity Insights, as tarifas causam incertezas, especialmente para investimentos em novas fábricas na China, que ficaram mais arriscados agora e podem ser o fator de maior repercussão negativa à sua economia no curto prazo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.