07/Mar/2025
O governo Lula avalia que o foco dos Estados Unidos para aplicação de tarifas está no etanol do Brasil. Eventuais anúncios tarifários do presidente Donald Trump tendem a não afetar, no momento, outros produtos agropecuários brasileiros, como carnes e café. A avaliação foi reforçada por interlocutores do governo que estiveram nos Estados Unidos recentemente em encontro com autoridades agrícolas. Na quarta-feira (05/03), o governo norte-americano decidiu conceder prazo de um mês para a aplicação de tarifas impostas na véspera para veículos produzidos no Canadá e no México. A notícia trouxe alívio aos mercados. A ameaça tarifária sobre o etanol brasileiro é iminente. Para carnes, o risco é considerado baixo, enquanto, para o café, é tido como “zero”. Os interlocutores veem espaço para o diálogo e negociação antes de eventuais respostas tarifárias. Não há sinais de intenção de sobretaxas dos Estados Unidos para além dos produtos já citados (etanol, aço e alumínio).
Os Estados Unidos foram o segundo principal destino dos produtos agropecuários brasileiros no ano passado, com exportações de US$ 12,092 bilhões (R$ 70 bilhões), respondendo por 7,4% do total exportado pelo agronegócio no ano. Os embarques concentram-se em café verde, celulose, carne bovina in natura, suco de laranja e couro, segundo dados do sistema de estatísticas de comércio exterior do agronegócio brasileiro. O Brasil importou US$ 1,028 bilhão (R$ 5,9 bilhões) em produtos do agronegócio dos Estados Unidos no último ano. O etanol brasileiro foi citado explicitamente pela governo norte-americano há cerca de duas semanas como exemplo de produto de falta de reciprocidade. Há uma pressão antiga dos Estados Unidos para redução do Imposto de Importação aplicado pelo Brasil sobre o produto norte-americano, de 18%, ante 2,5% da tarifa cobrada para o etanol brasileiro que entra nos Estados Unidos. A pressão já estava no radar do Brasil e sempre foi reiterada pelas autoridades norte-americanas nas negociações.
Uma das possíveis retaliações dos Estados Unidos sobre o etanol brasileiro seria a aplicação de tarifas recíprocas ao etanol de cana-de-açúcar exportado, sobretudo para a Califórnia, para cumprimento de metas de descarbonização. Em 2024, o Brasil exportou US$ 181,828 milhões (cerca de R$ 1 bilhão) em etanol aos Estados Unidos. As exportações do etanol norte-americano ao Brasil somaram US$ 50,530 milhões (R$ 292,6 milhões). Ao contrário do etanol, carnes e café estariam parcialmente “blindados” pelo potencial inflacionário de taxação norte-americana sobre os produtos brasileiros. O café tem risco praticamente nulo de sofrer sobretaxas. Em 2024, o Brasil exportou 471,539 mil toneladas de café para os Estados Unidos. Em relação à carne bovina, atualmente, o produto entra no país com taxa de 26,4%, à exceção de uma cota anual de 65 mil toneladas desonerada. Em 2024, o Brasil exportou 248,507 mil toneladas em carnes aos Estados Unidos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.