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03/Mar/2025

RenovaBio: CBios devem atrair novos investidores

Os créditos de descarbonização (CBios) estão com a rota traçada para ingressar nas carteiras de investidores de todos os bolsos. A popularização desses ativos, já bastante conhecidos no agronegócio e no setor de combustíveis, depende de alguns fatores que têm perspectivas positivas para 2025. Um deles é a projeção sobre preços. Outro é o interesse de assessorias de investimento. Neste ano, há uma expectativa de valorização devido ao desequilíbrio entre a oferta e a demanda dos créditos. Quando vier, a alta tende a chamar a atenção mesmo dos investidores menos atentos a esse mercado. Embora não sejam maioria, já há escritórios de investimentos colocando o pé no setor. Tudo isso em um ano no qual as conversas sobre sustentabilidade e ativos "verdes" ficarão ainda mais frequentes por conta da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30, que ocorrerá em Belém (Pará) em novembro. Idealizado a partir da Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), instituída pela Lei 13.576/2017, cada CBio representa uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) evitado.

A emissão do crédito é feita por produtores de combustíveis renováveis, como etanol, biodiesel e biometano, e o comprador obrigatório desses títulos são empresas distribuidoras de combustíveis fósseis poluentes, para compensar suas emissões. Para 2025, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) definiu que as distribuidoras terão de comprar 40,39 milhões de CBio. A meta é desdobrada pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que considera a participação de cada distribuidora no mercado. No ano passado, das 163 distribuidoras com metas, 97 cumpriram integralmente seus compromissos, 5 atingiram pelo menos 85%, e poderão compensar o restante em 2025, e 61 não cumpriram e serão autuadas. Na avaliação da The Hill Capital, não haverá oferta de créditos suficiente este ano para suprir a demanda. A meta do CNPE é de 40,39 milhões de CBios, enquanto a projeção de emissões está estimada em 40 milhões. Segundo relatório do Itaú BBA de dezembro de 2024, a oferta deve ficar em 40,2 milhões neste ano. Além disso, as distribuidoras carregam metas atrasadas, através de liminares para prorrogá-las.

Considerando tudo, a conta não fecha e deve levar a uma alta do preço do CBio. Na The Hill Capital, escritório ligado ao BTG Pactual, a atuação é tanto pela parte emissora e vendedora de CBios quanto pela parte obrigada a comprar os créditos. Trata-se de uma vertical recente, mas que já representa um volume de negócios relevante. Isso porque para uma empresa com faturamento anual na casa de R$ 1 bilhão (e as empresas que precisam descarbonizar são as de grande porte), a meta fica em torno de 150 mil unidades de CBio, algo como R$ 12 milhões. Ainda é comum a compra ser pontual, mas a casa incentiva aquisições recorrentes, na busca por um preço médio, assim como nos investimentos tradicionais. A B3 é a responsável por disponibilizar o ambiente para registro da emissão, negociação e solicitação de aposentadoria do CBios, e hoje isso é acessado por instituições financeiras ou representantes dos compradores. A B3 destaca que há integração com o sistema proprietário da ANP, um dos avanços mais recentes que deixou o “fluxo do produto mais aprimorado”. Para este ano, o foco, do ponto de vista de infraestrutura, está na eletronificação do produto, dado que há negociações bilaterais que só depois chegam ao ambiente de registro.

Os dados da B3 mostram que houve 42,5 milhões de emissões de CBios em 2024, alta de 18% ante 2023. Em termos de volume, os negócios com CBios movimentaram R$ 7,8 bilhões no ano passado, com queda de 13% em relação ao ano anterior. A B3 informa que o CBios é liberado para os investidores pessoa física, mas não apresentou dados se há alguma parcela desses clientes, de fato, investida. Mas há medidas que visam apoiar o avanço do produto. Uma delas foi o lançamento, em setembro de 2022, do ICBIO B3, índice que consolida dados de desempenho do crédito de descarbonização, considerando os preços médios de negociação. Nenhum derivativo ou fundo de índice (ETF) foi criado a partir do ICBio até agora, mas a B3 segue fomentando ideias e vê avanço nessas possibilidades a partir da regra 175 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que permite que fundos invistam até 10% do patrimônio líquido em ativos como o CBio. Isso abre um ‘corredor’ para esses investimentos e há infraestrutura preparada para tanto. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.