28/Feb/2025
A Petrobras fechou o quarto trimestre de 2024 com um prejuízo líquido de R$ 17 bilhões, revertendo o lucro de R$ 31 bilhões registrados no mesmo período de 2023. A receita de vendas no período, R$ 121,26 bilhões, caiu 9,7%, frente ao quarto trimestre de 2023 (R$ 134,25 bilhões), e 6,4% em relação ao terceiro trimestre do ano (R$ 129,58 bilhões). O Ebitda, que mede a capacidade de geração de caixa da companhia, ficou em R$ 40,96 bilhões no quarto trimestre de 2024, queda de 38,7% em comparação a igual intervalo de 2023, e recuo de 35,7% em relação ao terceiro trimestre de 2024. Com isso, em todo o ano de 2024, o lucro líquido da Petrobras somou R$ 36,6 bilhões, 70,6% a menos que o registrado no exercício de 2023, de R$ 124,6 bilhões.
No mesmo comparativo, a receita de vendas caiu 4,1%, para R$ 490,82 bilhões, ante R$ 511,99 bilhões em 2023. Com relação ao Ebitda, houve queda de 18,2% na passagem de um ano ao outro, para R$ 214,41 bilhões ante R$ 262,22 bilhões em 2023. A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que o prejuízo de R$ 17 bilhões no quarto trimestre de 2024 não tem "nenhum impacto" no caixa da companhia, que permanece "forte e saudável" financeiramente. O prejuízo reportado se deve à variação cambial que afetou dívidas internas da companhia, entre a matriz e subsidiárias no exterior. Segundo Magda, é muito importante entender que esse prejuízo não tem nenhum efeito no caixa da companhia. Ele aconteceu por conta de um item de natureza exclusivamente contábil, que é o efeito da variação cambial na dívida da Petrobras com suas subsidiárias no exterior.
Essa variação cambial afeta o resultado contábil, mas não gera nenhum desembolso para a empresa. O caixa vai bem, com redução de dívidas e pagamento de dividendos. A empresa está forte e bastante saudável financeiramente. Ela disse que 2024 foi ano "muito positivo" e que 2025 será "ainda melhor", sobretudo pela previsão de entrada de novos sistemas de produção no pré-sal. Magda destacou o aumento de 31% nos investimentos do período na comparação com um ano atrás e o fato de a dívida financeira ter sido reduzida ao menor nível desde 2008. Ela apontou a entrada em operação do navio-plataforma Almirante Tamandaré, o primeiro de quatro "mega" sistemas de produção que vai operar em Búzios, com capacidade para produzir 225 mil barris de petróleo por dia.
Com este e outros FPSOs, o campo de Búzios vai ultrapassar 1 milhão de barris por dia ainda no segundo semestre e deve chegar a 2 milhões de barris por dia até 2030, o que vai impactar positivamente o resultado financeiro da estatal. Magda Chambriard afirmou entender a frustração do mercado com o anúncio de R$ 9,1 bilhões em dividendos relativos ao quarto trimestre, aquém das expectativas de investidores. Mas atribuiu o provento menor à antecipação de investimentos em sistemas de produção para o campo de Búzios, no pré-sal, o que também deve antecipar o retorno financeiro, o que chamou de "óleo no bolso". Antecipar investimentos em Búzios é tudo que qualquer investidor poderia querer. Se fosse possível, anteciparíamos todo o capex de Búzios para hoje e começaríamos a produzir todos os FPSOs previstos amanhã. Isso gera valor.
“Se, no futuro, qualquer antecipação de investimento for mais lucrativa do que essa, podem contar com o empenho da Petrobras para fazer", afirmou Magda a fim de reforçar a certeza na decisão dos investimentos. Ao falar sobre as vantagens de antecipar investimentos em Búzios, Magda comparou o campo com Tupi, atualmente a maior fonte de óleo bruto da estatal. Embora vá levar algum tempo para atingir o máximo da produção, Búzios já atingiu 800 mil barris por dia graças aos investimentos antecipados. O campo de Tupi, o mais produtivo da Petrobras, produz hoje 850 mil bpd. Búzios chega encostando em Tupi (800 mil bpd hoje) e muito rapidamente vai ultrapassá-lo. Ela lembrou que um único poço em Búzios tem potencial para produzir 70 mil bpd de petróleo.
Magda voltou a defender a exploração de petróleo na Margem Equatorial. Ela disse que o avanço da estatal sobre as bacias do Norte e Nordeste do País é fundamental para a reposição de reservas e, tão logo, a sustentação dos resultados da companhia. Ainda em maio de 2023, a Petrobras teve negada a licença ambiental para procurar petróleo no litoral do Amapá, na Bacia da Foz do Amazonas, uma das cinco que formam a Margem Equatorial. Desde então, a empresa busca atender as exigências do Ibama, como a construção de um segundo centro de despetrolização e animais. Em paralelo à burocracia formal, a pressão política pela liberação da atividade tem crescido, não só pela boca de Magda Chambriard e executivos da estatal, mas dentro do próprio governo, via posicionamentos recentes do presidente Lula.
Esta quinta-feira (27/02) foi um dia de forte aversão para as ações da Petrobras no Ibovespa, que carrega uma perda de mais de R$ 32 bilhões em valor de mercado para a empresa somente de quarta-feira (26/02) para quinta-feira (27/02). O market cap da estatal totalizou R$ 489 bilhões, a menor desde novembro de 2024 e abaixo de R$ 500 bilhões pela primeira vez em 2025. A Petrobras é penalizada pelo fraco desempenho trimestral e um volume de dividendos ordinários de R$ 9,1 bilhões, a R$ 0,70 por ação, aquém do esperado pelos acionistas. Segundo a Genial Investimentos, foi um resultado ruim, com dívida crescendo e menos dividendos que o esperado. As ações da Petrobras abriram os negócios no campo negativo, com perda de 4%, destoando inclusive da alta do petróleo no exterior, que acaba ajudando os pares diretos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.