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24/Feb/2025

Petróleo: tendência é de queda no preço neste ano

A perspectiva de aumento da oferta mundial de petróleo em 2025, especialmente com a retomada gradual do padrão das exportações da Rússia a partir do segundo trimestre, e menor ritmo da demanda global da commodity, causado por tarifas a importados adotadas pelos Estados Unidos, podem levar o preço do Brent a cair ao longo de 2025 e ficar perto de US$ 70,00 por barril no quarto trimestre. Não ocorrerão mudanças drásticas nos conflitos na Ucrânia e em Gaza neste ano. Para o HSBC, o preço médio do petróleo deve atingir US$ 77,00 por barril no primeiro trimestre, sobretudo porque em janeiro a administração do então presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, adotou de forma inesperada sanções adicionais às exportações da commodity pela Rússia, devido à continuidade da invasão militar na Ucrânia. Mas, o efeito desta medida deve desaparecer no decorrer do ano, pois a Rússia, intermediários e importadores podem encontrar várias formas para contornar as sanções, como fizeram repetidamente nos últimos dois anos.

A média da cotação do Brent baixará para US$ 73,00 por barril de abril a junho e atingirá US$ 70,00 por barril no quarto trimestre. Tal redução ocorrerá em uma conjuntura marcada pelo aumento da produção mundial de petróleo de 102,6 milhões de barris por dia em 2024 para 103,9 milhões de barris por dia neste ano, enquanto a demanda global avançará em menor velocidade no período, de 102,8 milhões de barris por dia para 103,8 milhões de barris por dia. Outro fator que pode aumentar a oferta do petróleo é o fim dos cortes voluntários de produção pelos membros da Opep, que poderá ocorrer a partir do início de abril devido a dois motivos. Um deles é que a redução voluntária de produção ocorre desde maio de 2023 e é difícil mantê-la por um longo tempo, especialmente porque há países membros do cartel que querem aumentar a extração da commodity com o objetivo de elevar suas receitas. Há também pressões do governo dos Estados Unidos para que a Opep reduza o preço do petróleo.

Países membros da Opep estão interessados há algum tempo a retomar a produção e as novas sanções à Rússia dão uma oportunidade a eles para fazê-lo. O aumento da produção também permitirá à administração Donald Trump dizer que conquistou uma vitória e à Opep a implementar um plano que foi decidido em dezembro. Desta forma, todo mundo ganha. Segundo o Citi, a adoção de tarifas a importados pelos Estados Unidos pode provocar uma desaceleração do nível de atividade em vários países e reduzir a demanda mundial por petróleo. Há um grande risco de ocorrer guerras comerciais. Tarifas gerais podem atingir o crescimento global, o comércio internacional e a demanda pela commodity. O Citi estima que o Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano reduzirá de uma alta de 2,8% em 2024 para 1,5% neste ano. O setor de energia dos Estados Unidos pode ser afetado por tarifas ao aço importado, um custo importante à indústria americana de petróleo e gás natural, o que poderá aumentar os preços de derivados aos consumidores do país.

A cotação média do Brent deverá baixar de US$ 68,00 por barril no segundo trimestre para US$ 60,00 por barril entre outubro e dezembro. O governo norte-americano já adotou tarifas de 10% sobre importados da China. Taxas de 25% sobre aço exportado por diversos países aos Estados Unidos começarão a valer em março e o presidente Donald Trump planeja implementar uma alíquota ao redor de 25% sobre automóveis fabricados no exterior, que poderão ser aplicadas no início de abril. Segundo o banco Natixis, esta política na área do comércio tem impactos diretos na produção industrial da Europa e China e terá efeitos na demanda global de diesel e gasolina. A menor atividade das fábricas nesses mercados atingirá a renda real dos consumidores, o que diminuirá suas compras de gasolina. As tarifas a importados poderão elevar a inflação nos Estados Unidos e reduzir a aquisição de derivados de petróleo pelos seus cidadãos. O consumo de gasolina no país representa 10% de toda demanda global de petróleo.

Qualquer grande impacto nesse mercado pode ter efeitos sobre a tendência da demanda mundial do petróleo. O CPI terá uma pequena redução neste ano, pois sua média baixará de 2,9% em 2024 para 2,6%, o que levará o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) a cortar os juros somente em setembro e dezembro. Segundo a S&P Global Commodity Insights, a tendência de menor demanda global do petróleo ante a oferta mundial neste ano também ocorre com as dificuldades econômicas da China, que poderão ser agravadas pela adoção de tarifas pelos Estados Unidos às suas exportações. As tarifas causam incertezas, especialmente para investimentos em novas fábricas na China, que ficaram mais arriscados agora e podem ser o fator de maior repercussão negativa à sua economia no curto prazo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.