19/Feb/2025
A Raízen deve ir ao mercado internacional de dívida nos próximos dias para fazer uma emissão externa. O valor da captação ainda não está definido, mas pode ficar entre US$ 500 milhões a US$ 750 milhões, dependendo do apetite dos investidores. Os recursos devem ser direcionados para gestão do passivo da companhia, que passa por um processo de reorganização financeira e operacional. Esta será a sexta emissão externa de empresas brasileiras em 2025, que já captaram US$ 4,1 bilhões este ano, perto da metade do que levantaram no mesmo período de 2024. A companhia viu sua alavancagem aumentar para 3 vezes o Ebitda (resultado operacional) no terceiro trimestre da temporada 2024/2025, que compreende o período entre 1º de outubro e 31 de dezembro de 2024. No intervalo correspondente do ano passado, a alavancagem estava em 1,9 vez. A maior parte da dívida da Raízen está em moeda local (92%).
No período, a empresa registrou um prejuízo líquido de R$ 2,571 bilhões. O processo de reestruturação vem tomando corpo desde o fim do ano passado, com mudanças na gestão e maior foco na eficiência operacional. A empresa deve entrar em um novo ciclo a partir de abril, com uma estrutura mais simplificada. O negócio será separado em três linhas principais de atuação: Açúcar e Renováveis, Mobilidade Brasil e Mobilidade Argentina. A simplificação está no foco da empresa. O movimento abrangerá estrutura organizacional, processos internos e até a comunicação com o mercado. A companhia também terá uma atuação mais disciplinada na alocação de investimentos e na gestão da dívida. O objetivo é trazer a companhia de volta ao equilíbrio.
Não só a Raízen, mas o grupo Cosan que a controla também está reestruturando seus passivos com objetivo de reduzir o endividamento. Recentemente, a Cosan anunciou uma oferta de recompra de até US$ 900 milhões em bonds. A retirada de parte desses papéis teria sido financiada com a venda da participação na Vale, que rendeu R$ 9 bilhões em janeiro em leilão na B3. Ainda haveria recursos para a Cosan participar de um eventual aumento de capital da Raízen. Estes são apenas alguns dos movimentos que a Cosan está avaliando no processo de reestruturação, o que inclui também ainda venda de ativos e atração de investidores parceiros. Além da Raízen, Bradesco, Usiminas, Ambipar, Embraer e JBS fizeram captações externas este ano. Banqueiros esperam que mais empresas venham ao mercado nas próximas semanas.
O Conselho de Administração da Raízen aprovou, por unanimidade, a obtenção de "financiamentos ou o refinanciamento de dívidas existentes" em um montante de até R$ 2,4 bilhões. A decisão foi tomada em reunião realizada no dia 7 de fevereiro. Os recursos poderão ser captados tanto pela Raízen quanto por suas subsidiárias, que atuarão como tomadoras, com garantia da própria companhia e/ou da Raízen Energia S.A. A medida visa fortalecer a estrutura de capital da empresa, permitindo uma gestão mais eficiente de seu endividamento. A Raízen, uma das maiores empresas do setor de energia e bioenergia do país, não detalhou os termos específicos das captações, como prazos ou condições financeiras. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.