29/Jan/2025
A União da Indústria de cana-de-açúcar e Bioenergia (Unica) afirmou que não há justificativa para o Brasil abrir mão da tarifa de importação sobre o etanol dos Estados Unidos, mesmo diante das possibilidades de exportação do biocombustível brasileiro para produção de combustível sustentável de aviação (SAF) no mercado norte-americano. A entidade mencionou as barreiras existentes no mercado norte-americano em relação ao açúcar brasileiro, pois os dois mercados são conectados. Nos Estados Unidos, existe uma tarifa para o açúcar brasileiro que é proibitiva. Praticamente ninguém consegue exportar para os Estados Unidos, exceto em uma pequena janela de cotas que eles possuem. A proteção do mercado interno norte-americano é um entrave que não justifica concessões por parte do Brasil.
É um país rico, que protege seu mercado interno: 26 Estados norte-americanos produzem açúcar, mas não conseguem competir em eficiência com o Brasil. Então, não há motivos para o Brasil abrir mão da tarifa para favorecer um país mais rico, que mantém barreiras para o açúcar brasileiro. A tarifa, de cerca de 20%, é parte da Tarifa Externa Comum do Mercosul e está consolidada no bloco econômico. Além disso, há aspectos de sustentabilidade para não as alterar. Não há uma razão para isso. Hoje, o etanol brasileiro, seja de milho ou de cana-de-açúcar, apresenta uma descarbonização de até 90% em comparação com a gasolina. Nos Estados Unidos, o etanol tem uma intensidade de carbono duas ou três vezes maior do que a do produto brasileiro. Ou seja, do ponto de vista ambiental, não faz sentido.
A Unica acredita que, apesar da postura do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de dar prioridade aos combustíveis fósseis e do anúncio da saída do país do Acordo de Paris, os Estados Unidos não devem abandonar o processo de descarbonização. A verdadeira força regulatória e executiva está nos Estados e na iniciativa privada e diferentes atores no país continuam comprometidos com metas ambientais, mesmo com decisões do governo federal. Como exemplo, durante o primeiro governo Trump, a iniciativa privada seguiu realizando iniciativas para descarbonização. Mesmo com a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, empresas do S&P 500 e aeroportos, como o de Newark, reafirmaram suas metas de sustentabilidade e descarbonização. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.