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08/Jan/2025

Combustíveis: Petrobras não deve reajustar preços

Alimentada pela escalada do dólar, a defasagem entre os preços praticados pela Petrobras em suas refinarias e as cotações internacionais dos derivados de petróleo acelerou nos últimos dias, mas isso não coloca a empresa na rota do reajuste. Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), o preço do diesel da Petrobras está 16% ou R$ 0,56 por litro abaixo do praticado no mercado internacional. Na sexta-feira (03/01), havia alcançado 19%, nível observado pela última vez em 3 de julho do ano passado. À época, a estatal não reajustou os preços do combustível. A defasagem da gasolina da Petrobras medida pela Abicom está em 11% ou R$ 0,32 por litro atualmente. Mas, da última vez em que a companhia aumentou o preço do combustível, em julho do ano passado, os preços estavam cerca de 20% menores que os praticados no exterior. Desde então, a Petrobras não aumentou mais os preços. E, no momento, a tendência é que siga sem alterar os preços. A explicação está na cotação do petróleo do tipo Brent, que segue flutuando perto dos US$ 75,00 por barril, preço inferior à média de anos anteriores.

Assim como o dólar, o preço do barril é um dos parâmetros que influenciam a precificação. Em que pese a valorização nos últimos dias, que levou o Brent a US$ 76,50 por barril na segunda-feira (06/01), a perspectiva da Petrobras e de analistas é que esse preço permaneça estável ou caia ainda mais em 2025, compensando descolamentos ainda maiores do dólar. A Petrobras indicou não haver inclinação em mexer nos preços no momento, pois "está cedo" para assumir um novo patamar para o dólar. No mais, a Petrobras precisa praticar preços competitivos para não perder share de mercado. O etanol é concorrente natural da gasolina e os combustíveis trazidos para o País por importadores. A Petrobras questiona o método da Abicom para calcular a defasagem dos preços. A companhia alega ter maior escala do que importadores de pequeno e médio porte; que o PPI da Abicom é baseado nos preços do Golfo do México (EUA), enquanto o mercado brasileiro segue inundado por diesel russo mais barato; e que os números usam parâmetros que não se aplicam à realidade da estatal, como frete internacional.

A variação desse cálculo caso a caso tanto é verdadeira que a consultoria StoneX criou o PPI Golfo e o PPI mínimo, que considera preços de outras origens, como a russa. Na segunda-feira (06/01), segundo o PPI Golfo da StoneX, a defasagem do diesel era de 16% ou R$ 0,56 por litro, mas cai para 9,5% ou R$ 0,33 por litro no PPI mínimo. No caso da gasolina, em que o Golfo ainda é preponderante, essa defasagem era de 11,9% ou R$ 0,35 por litro. Uma fonte da Petrobras chega a contestar a tese de defasagem. O Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) prevê um "mar calmo" para a precificação de derivados da Petrobras em 2025. O dólar traz pressão de reajuste para o preço da Petrobras. Mas, o que já trouxe alívio é um preço de petróleo mais baixo. Tudo leva a crer que vai ser um ano de tranquilidade para a commodity, com preço do Brent entre US$ 70,00 e US$ 80,00 por barril, o que não traz pressão de reajuste para combustíveis. O CBIE tem rebaixado as estimativas para o preço médio anual do Brent, que já foi de US$ 85,00 por barril caiu para US$ 79,00 por barril e agora já está em US$ 75,00 por barril, muito em função da demanda chinesa menor e da transição energética em velocidade maior que a esperada no país asiático.

Para a StoneX, o dólar tem se comportado de maneira bem inesperada e não é possível definir expectativas, mas no caso do Brent há sim uma tendência de desaceleração, com um entendimento de que uma demanda global menor vai exercer pressões baixistas nas cotações. O Citi avalia que mesmo com a potencial queda nos preços do petróleo nos próximos meses, a Petrobras provavelmente não reduzirá os preços dos combustíveis, considerando que a taxa de câmbio mais elevada tende a compensar a eventual baixa da commodity. Segundo a Abicom, os preços do diesel no Brasil estão negociados com um desconto de 16% (-R$ 0,55 por litro) em relação à paridade internacional, enquanto a gasolina negocia a -12% (-R$ 0,34 por litro). O Citi menciona ainda que, apesar de manter recomendação neutra para os papéis da estatal, mantém visão positiva de curto prazo sobre a Petrobras. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.