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06/Jan/2025

Açúcar: preços devem seguir sustentados em 2025

O açúcar brasileiro mantém-se como um pilar no cenário global em meio a adversidades climáticas e desafios de produção. Apesar dos severos desafios climáticos enfrentados, especialmente no estado de São Paulo, o encerramento da safra surpreendeu com resultados superiores ao que os produtores haviam inicialmente antecipado. A safra 2024/2025 vem sendo finalizada com uma produção de açúcar que deve ficar próxima a 40 milhões de toneladas, relativamente semelhante à da safra anterior, a despeito dos problemas com a cana que resultaram em expressiva redução na produtividade por hectare. Com esse nível de produção, o Brasil pode seguir responsável por metade da oferta mundial de açúcar, continuando a apresentar exportações recordes de 19 milhões de toneladas em 2023 e projeção de 26 milhões de toneladas em 2024, uma demonstração da eficiência industrial.

A boa notícia é que a posição de liderança do País no comércio internacional de açúcar será consolidada em 2025, ano em que se espera preços sustentados em um bom patamar tanto no mercado interno como externo. No mercado interno, os preços podem seguir em patamares favoráveis, particularmente pela possível arbitragem entre os mercados doméstico e externo. Estima-se que uma porção expressiva das exportações já foi fixada em patamares de preços elevados ao longo dos últimos meses. Além disso, considera-se que economia deve continuar crescendo, ainda que a passos curtos, devido à instabilidade macroeconômica, o que deve ser suficiente para absorver a oferta direcionada para o mercado interno sem deixar sobras.

No entanto, é razoável considerar que não se sustentam nos níveis observados nos últimos meses de 2024, quando os valores no spot estiveram acima de R$ 160,00/saca de 50 kg. Esses patamares foram alavancados pelos sustos com a cana no campo, particularmente no estado de São Paulo, criando expectativas de quebra de safra. As especulações de morte súbita da cana felizmente não se confirmaram, mas a seca judiou demais da cana, derrubando a produtividade, principalmente no período de maior produção, agravada pelas queimadas e a ocorrência da síndrome de murchamento da cana, doença que evoluiu de forma gradativamente elevada, atingindo todas as variedades, em muitas regiões produtoras do Brasil. Os colmos murchos ou secos podem indicar diversas doenças e seus efeitos devem se manter na próxima safra.

No mercado internacional, embora os preços altos tenham desacelerado ligeiramente o consumo em regiões como a América do Norte e Ásia, espera-se uma normalização e retomada desse consumo em breve. A ISO (Organização Internacional do Açúcar) projetou crescimento na produção de açúcar na ordem de 4,7% para 2024, com o aumento na produção da Índia, Tailândia e a União Europeia compensando o declínio de 4,7% no Brasil. No entanto, a demanda de mercados emergentes, como Paquistão e Indonésia, reforçada pela baixa reposição dos estoques mundiais nos últimos dois anos, podem sustentar os preços em patamares acima de 18 centavos de dólar por libra-peso nos contratos futuros na ICE Futures (Bolsa de Nova York). Historicamente, a queda na relação estoque/consumo tem sido um dos principais fatores de preços em alta, o que deve beneficiar as exportações brasileiras, somando-se a isso a expectativa de que o patamar do câmbio também pode continuar elevado.

As tensões comerciais entre potências globais, como Estados Unidos e China, podem abrir novas oportunidades para o Brasil, tanto no mercado de açúcar quanto para o etanol. Não se deve esperar, no entanto, que o acordo formalizado entre a União Europeia e Brasil tenha qualquer impacto de curto prazo para o setor sucroenergético brasileiro. As oportunidades ainda precisam ser trabalhadas para o setor nesse mercado. As perspectivas para o mercado de açúcar na região Centro-Sul do Brasil para 2025 são desafiadoras, mas promissoras. Com uma demanda global robusta e a necessidade contínua de adaptação às condições climáticas e de mercado, o Brasil segue consolidado como um líder incontestável na produção e exportação de açúcar. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.