06/Jan/2025
Para a próxima safra sucroenergética 2025/2026, que se inicia oficialmente em abril de 2025, os principais focos de atenção de agentes do setor brasileiro estão relacionados à qualidade e à produtividade da cana-de-açúcar. Vale lembrar que as lavouras foram prejudicadas pelo clima adverso (quente e seco) ao longo de 2024 e pelos incêndios em agosto/2024 na região Centro-Sul, especialmente no estado de São Paulo. Haverá consequências do clima e da queimada para a temporada. As preocupações recaem sobre o desenvolvimento das lavouras, sobretudo as que serão colhidas entre abril e julho, que apresentam germinações desiguais, TCH (toneladas de cana por hectare) menor, morte de soqueiras, entre outros. Assim, consequências podem e devem afetar o maior ativo das unidades produtoras, que é a produtividade. Ressalta-se que, na safra 2025/2026, a moagem de cana-de-açúcar da região Centro-Sul já está menor e deve encerrar abaixo das previsões iniciais. O processamento é estimado em um intervalo de 581 milhões de toneladas a 620 milhões de toneladas, com queda frente ao processado no ciclo anterior.
Mesmo com a menor moagem de cana e quebra na oferta de etanol de cana, no balanço, a produção total de etanol ainda pode ficar na casa dos 33 bilhões de litros na safra 2024/2025 na região Centro-Sul. Isso em função da produção de etanol de milho, que segue com desempenho robusto e crescente. Previsões meteorológicas indicam que 2025 deve registrar menos ondas de calor extremo, mas grandes variações de temperatura (semanas mais quentes e outras mais amenas). O volume de chuva pode ser intenso no verão de 2025. Relatório do NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional) aponta que a probabilidade de o La Niña entrar em ação caiu de 71% para 60%. O atraso significa que os efeitos do fenômeno meteorológico poderão ser sentidos apenas em 2025. Em termos de investimentos, a expectativa é otimista. Novos greenfield devem entrar em ação, especialmente em unidades localizadas no Centro-Oeste, dada a importância do Brasil como protagonismo na discussão da transição energética e na diversificação dos tipos de produtos (etanol de segunda geração, biogás, hidrogênio produzido a partir do etanol e combustível sustentável de aviação, ou “SAF”).
Em 2025 também deve entrar em vigor a Lei do Combustível do Futuro, que foi sancionada em 8 de outubro e que traz iniciativas para promover a mobilidade sustentável de baixo carbono. O texto estabelece que o percentual de mistura de etanol à gasolina passará a ser dos atuais 27,5% até os 35%, constatada a viabilidade técnica. Na questão da reforma tributária, a simplificação dos tributos pode aumentar a competitividade do etanol frente a outros combustíveis. A ideia é que o PIS/Pasep e a Cofins sobre o etanol hidratado passem a ser recolhidos no modelo de monofasia, sistema em que toda a carga tributária é concentrada em um único elo da cadeia produtiva. Em meio a essas perspectivas, o bom desempenho do hidratado mantém em crescimento as vendas do etanol. É fato que o clima seco e quente e os incêndios trarão seus efeitos sobre a produtividade, mas por outro lado, espera-se que a safra 2024/2025 sirva de modelo e oportunidades para a introdução de mudanças e avanços, sobretudo, na área agrícola. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.