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26/Nov/2024

Carro Elétrico: GWM quer usar peças locais no Brasil

A montadora chinesa Great Wall Motors (GWM), que pretende inaugurar sua fábrica no Brasil no primeiro semestre de 2025, após dois anos de atraso, estabeleceu uma meta ambiciosa para o índice de nacionalização de peças. Até o fim de 2026, a companhia deverá ter 60% das peças usadas nos carros produzidos no Brasil fabricadas localmente. No entanto, não será fácil atingir o objetivo. Há fornecedores próximos à fábrica, o que é a "chave do sucesso" para uma montadora, dado que o custo de logística diminui. A empresa poderá trazer para o Brasil subsidiárias que produzem autopeças. Isso faz parte de um possível projeto. A intenção é aproveitar o tamanho do mercado brasileiro (de pouco mais de 2 milhões de veículos por ano) para estabelecer uma "plataforma de crescimento", o que inclui concessionários, rede de fornecedores, mão de obra e exportação para países vizinhos. Hoje, o Brasil já é o terceiro maior mercado da GWM no exterior, depois da Rússia e da Austrália.

A GWM vem trabalhando para adaptar uma antiga fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP) em uma planta de carros eletrificados. Na unidade, produzirá inicialmente veículos híbridos (com dois motores, um elétrico e outro a combustão). O primeiro modelo será o Haval H6. A montadora não tem previsão de começar a produzir carros totalmente elétricos no Brasil, devido à dificuldade de esses modelos competirem internamente com os veículos abastecidos com etanol. Um 100% elétrico não vai ter crescimento tão rápido no País. Mas, um plug-in (veículo híbrido cujo motor elétrico pode receber carga pela tomada) vai funcionar bem. O projeto da GWM no Brasil prevê R$ 10 bilhões em investimentos até 2032. Quando o plano foi divulgado, em janeiro de 2022, a montadora anunciou que a produção começaria no primeiro semestre de 2023 e que a unidade empregaria 2 mil pessoas. Um ano depois, no entanto, adiou o início das operações para 2024 e, no começo deste ano, postergou a abertura novamente.

A necessidade de mais tempo para definir as tecnologias adequadas para o mercado brasileiro estão entre os motivos que explicam o atraso. A montadora também alterou estratégias durante esses dois anos. Inicialmente, a intenção era começar a produção no País com uma picape, que, apesar do custo pesado do motor elétrico, poderia competir em preço com as concorrentes movidas a diesel. A empresa, porém, mudou de ideia no meio do caminho para apostar no Haval. A meta de nacionalização de peças também foi alterada nesse período. No fim de 2023, o então presidente da empresa no Brasil e na América Latina afirmou que o objetivo era atingir 40% no médio prazo, o que permitiria a exportação de veículos para países da região que têm acordo comercial com o Brasil. Agora, o número foi ampliado para 60%. Para tentar se aproximar do objetivo, executivos da companhia conversaram na semana passada com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, sobre incentivos a fornecedores.

De acordo com o representante e com o novo presidente da GWM no Brasil e no México, Andy Zhang, foi discutida a possibilidade de concessão de financiamento a empresas fornecedoras que se instalarem em um raio de 50 quilômetros da fábrica da empresa, sejam elas brasileiras ou estrangeiras. Também se falou de melhorar a infraestrutura na região para facilitar a logística. Por ora, já está confirmada a instalação da fabricante chinesa de pneus LingLong em Santa Bárbara d'Oeste (a 25 Km de Iracemápolis). Para dar início às operações em 2025, a montadora promete contratar cem funcionários até o fim de dezembro (hoje são apenas 40 empregados na fábrica). Outros 600 estão previstos para o primeiro semestre do ano que vem, de acordo com o presidente da empresa no Brasil. A GWM deve encerrar este ano com 28 mil carros vendidos no Brasil. Até outubro, haviam sido 23.452 veículos, ou 1,5% do total comercializado no País, de acordo com a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).

Para 2025, a previsão é de um crescimento de 11% nas vendas, atingindo 31 mil automóveis. Parte desses carros será importada e parte, produzida no Brasil. A companhia, no entanto, não divulgou quantos serão fabricados no País. Hoje, a GWM é a 13ª maior montadora no Brasil em número de vendas. Sua grande concorrente, a também chinesa BYD, está em 10º lugar, com 3,74% do mercado e 58.456 carros vendidos entre janeiro e outubro de 2024. Mesmo após a inauguração da fábrica brasileira, a GWM continuará com uma estratégia mais conservadora de marketing e crescimento no País, olhando mais para o crescimento estável e de longo prazo. O foco da empresa é criar uma marca confiável e de qualidade para, depois, avançar com a propaganda ‘boca a boca’. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.