13/Nov/2024
Uma biorrefinaria da gestora Mubadala Capital anunciou que vai produzir no Brasil um combustível verde e renovável com custo semelhante ao do mesmo material fóssil, em um projeto que está sendo desenvolvido na Bahia, com investimentos de US$ 3 bilhões (por volta de R$ 17,2 bilhões). O projeto surgiu quando o grupo comprou, usando a Acelen, uma refinaria fóssil da Petrobras, a Mataripe, em São Francisco do Conde, na Bahia, em novembro de 2021. Naquele momento, em meio às discussões da agenda de transição verde, surgiu a ideia de construir uma biorrefinaria integrada, desde a fazenda até o destino final da molécula. Esse projeto se tornou de dimensão grande, e foi separado da refinaria. A “antiga” Mataripe deve ser vendida. A biorrefinaria quer recuperar terras degradadas na Bahia e em Minas Gerais, replantando árvores da macaúba, planta nativa do Brasil. O objetivo é utilizar a macaúba para produzir óleo vegetal, que será refinado para produzir em seguida a molécula verde.
A construção não tem nada de muito inovador. A dificuldade é a execução e a construção de toda a infraestrutura para permitir que isso aconteça. A ideia é construir um projeto que tem muita escala. Quando pronta, o que deve ocorrer em 2027, a usina deve produzir 100 mil barris por dia de querosene renovável de aviação. O projeto deve ainda descarbonizar o equivalente à aviação de um país como a França, e produzir uma molécula que é quimicamente idêntica à molécula fóssil e com estrutura de custo parecida e, como ressaltou o gestor, sem incentivos fiscais. É um custo competitivo, a molécula chega ao consumidor final tão competitiva como um combustível fóssil. O fundo tem conversado com outros potenciais compradores interessados na refinaria de Mataripe, embora a venda não seja uma necessidade para a gestora. Se houver uma conversa atraente para os investidores, não se descarta a venda.
Discussões sobre a venda começaram a partir do interesse da Petrobras na retomada da refinaria no início da gestão atual do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um memorando de entendimento (MoU) para retomada da refinaria foi assinado entre Petrobras e Mubadala, mas nenhuma decisão partiu desde então da petroleira brasileira. Na semana passada, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, voltou a afirmar que a aquisição de Mataripe, assim como o projeto do Mubadala de construção de uma biorrefinaria, não são suas prioridades. De toda forma, o investimento na refinaria é novo. A aquisição da unidade foi concluída pelo fundo em 2021 e, portanto, o ciclo de vida desse investimento é recente. Os principais motivos pelos quais foi decidido investir em refino no Brasil ainda permanecem e a visão é modernizar o ativo e continuar investindo. O Mubadala acredita que, independentemente do que venha a acontecer, é possível que, em até quatro anos, seja a melhor refinaria do Brasil. O Mubadala já investiu US$ 500 milhões nesse projeto de refino na Bahia e que vai continuar investindo.
Este ano, foram US$ 50 milhões e a expectativa é de que mais de US$ 100 milhões em capex (custo para manter ou expandir as operações de uma empresa) no ano que vem. O interesse de outros investidores veio quando se tornou público que a Petrobras estudava retomar o ativo. Em um primeiro momento, a venda foi provocada pelo memorando de entendimentos que assinamos com a Petrobras, outros investidores perceberam, e isso gerou interesse. A refinaria foi adquirida por US$ 1,65 bilhão e o Mubadala tem obrigação de gerar valor aos investidores. Assim, o fundo venderá a unidade com montante superior ao que pagou. A diligência feita pela Petrobras em Mataripe foi concluída e agora as discussões são internas na estatal. Não houve assinatura de nada vinculante com a Petrobras, portanto, não há um compromisso formal de venda para a companhia, tampouco de preferência. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.