28/Oct/2024
Uma planta aquática comumente encontrada em rios e lagos pode se transformar em biocombustível. A lentilha-d’água (Lemna minor) é muito usada na criação de peixes para retirar poluentes da água e, agora, cientistas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade Estadual Paulista (Unesp) estão propondo o seu uso como combustível. O trabalho faz parte de um amplo projeto de pesquisa em economia circular e biotecnologia premiado pela Organização das Nações Unidas (ONU). A pesquisa é fruto da dissertação de mestrado de Carlos Takashi, intitulada Análise de Potencial de Produção de Biocombustíveis Utilizando a Biomassa de Lentilha D’água (Lemna minor), que foi defendida em setembro, com orientação do professor Levi Pompermayer Machado. O professor Levi já havia utilizado a lentilha-d’água em uma pesquisa anterior focada na biorremediação, um processo no qual a planta absorve poluentes da água, contou Takashi.
A partir da biomassa residual gerada neste estudo, surgiu a oportunidade de aproveitá-la para desenvolver biocombustíveis, conectando os dois processos sob o conceito de economia circular. A intenção foi propor soluções que possam ser facilmente implementadas nas propriedades rurais. Por isso, optou-se por não seguir abordagens de alta tecnologia, mas sim desenvolver um biocombustível com o menor número de processos possível, permitindo que pequenos agricultores reutilizem o resíduo da planta para gerar energia. A pesquisa começou com a coleta de biomassa de lentilha-d’água em uma lagoa de tratamento de efluentes na região de Registro (SP), onde o professor já havia implementado projetos de biorremediação. Após a coleta, a biomassa foi submetida a um pré-tratamento para obter um substrato, ao qual foram adicionados microrganismos capazes de converter a biomassa da lentilha-d’água em biogás.
O composto final foi colocado em frascos e monitorado quanto à produção de metano e hidrogênio. O volume de gases gerados foi medido em diferentes momentos: a produção de metano alcançou 78% e, a de hidrogênio, 42% em relação ao total de gases emitidos, confirmando a eficiência do processo. A ideia é trabalhar no aprimoramento da pesquisa e desenvolver uma startup de base científica e tecnológica para implementar modelos de produção de metano, especialmente em propriedades rurais. Em vez de apenas licenciar a tecnologia para empresas, os estudantes poderão se tornar empreendedores, para explorar comercialmente esses negócios. A equipe também planeja continuar explorando novas frentes, como o uso da planta como biofertilizante e ração animal. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.