23/Oct/2024
Segundo a BP Bioenergy, o setor sucroenergético teve cinco safras seguidas de boas margens. Mesmo com o melhor desempenho do açúcar em detrimento do etanol, juntando essas duas commodities, as margens foram positivas, o que deve estimular investimentos no setor. Houve aumento de geração de caixa, mais crédito para usinas, que voltaram a investir. É uma melhora nos indicadores e uma mudança significativa no setor. O BTG Pactual concordou que o açúcar está com margens acima da média histórica, por causa do preço alto da commodity, que deve ficar alto por mais um tempo, até que seja atrativo a ponto de remunerar um novo ofertante, como a Índia. Por isso, a expectativa é de margens elevadas para o açúcar de forma mais perene em comparação com ciclos passados.
Em relação ao etanol, a discussão é mais complexa, porque o setor depende muito do que serão as novas rotas desse biocombustível. Sob este aspecto, atualmente, o mercado é majoritariamente doméstico e está se caminhando para uma superoferta, principalmente pelo volume de etanol de milho chegando. Mas, a conta do açúcar não deve sofrer impacto, pelo menos por enquanto. A XP Investimentos avaliou que o setor sucroenergético tem que aproveitar as melhores margens atuais para melhorar a saúde financeira. Deveria, por exemplo, em vez de pensar em expandir o negócio, pensar mais em melhorar a produtividade da industrialização. Ou seja, o foco agora deve ser mais interno do que em pensar em expansão. O UBS BB vê que o que tem ocorrido no setor sucroenergético é justamente isso.
Há mais investimentos no sentido de capturar valor dentro do mesmo ativo, da mesma planta industrial. Expansão de área, com canaviais adicionais, por exemplo, tem pouco retorno em relação a outros investimentos dentro da área já plantada, no sentido de aumentar a produtividade. O UBS BB tem visto menos investimento em greenfield (construção de novas plantas), e sim em maior produtividade, ou um ou outro investimento das usinas sucroenergéticas em etanol de milho. Para o Itaú BBA, o quinto ciclo seguido de margens positivas para o setor sucroenergético no Brasil tem contribuído para que as usinas reduzam seu endividamento e melhorem a liquidez. O comportamento e a saúde financeira das usinas que fazem parte da carteira do banco demonstra que o setor enfrenta um cenário um pouco mais leve.
A maioria conseguiu ‘surfar’ a boa fase e reduzir o endividamento, o que traz, sob a lógica financeira, um conforto um pouco maior para quando chegarem a períodos mais adversos. Apesar dos incêndios ocorridos em setembro deste ano nos canaviais do Centro-Sul, a contratação de crédito por parte das usinas, nos últimos três a quatro anos, está direcionada para melhorar a condição dos canaviais, reduzir a idade média e ganhar eficiência. Essas medidas preparam o setor para fases mais adversas. Percebe-se interesse crescente das usinas também em fazer projetos "híbridos", com etanol de cana-de-açúcar e etanol de milho. Há projetos 100% milho e projetos integrados. Uma terceira vertente diz respeito a projetos de produção de biogás com o uso de resíduos agroindustriais. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.