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22/Oct/2024

SAF: Brasil atrasado na implementação de plantas

Segundo a consultoria Aurum Tank, apesar do enorme potencial de produção de Combustível Sustentável de Aviação (SAF), o Brasil ainda está atrasado e dificilmente terá alguma planta já em operação no País em 2027. Apesar de eventuais incertezas sobre o mercado, há muitas oportunidades impulsionadas por fatores como a capacidade interna do Brasil na produção, o mandato obrigatório para uso do combustível e uma demanda crescente ano após ano. Pelo chamado Programa Nacional de Combustível Sustentável de Aviação (ProBioQAV), a partir de 2027 os operadores aéreos serão obrigados a reduzir as emissões de gases do efeito estufa nos voos domésticos. As metas começam com 1% de redução e crescem gradativamente até atingir 10% em 2037. O Brasil já está um pouco atrasado. A meta é a partir de janeiro de 2027. E hoje demora cerca de três anos para se construir uma planta de SAF, de um tamanho economicamente viável.

O Brasil pode não ter nenhuma planta de SAF em operação em 2027. Há alguns atores internacionais interessados, mas o interesse é bem maior de atores brasileiros em investir em SAF. O investidor brasileiro entendeu isso e realmente tem vários grupos olhando e efetivamente dispostos a investir. A consultoria especializada em energia estima que a demanda brasileira de SAF poderá alcançar até 1 bilhão de litros em 2035. Quatro grandes projetos de biorrefinarias mapeados teriam a capacidade de produção suficiente para atender essa demanda, caso estejam em operação plena. Desses projetos, dois são da Petrobras: em Cubatão (SP) com a Refinaria RPBC, e em Itaboraí (RJ) com o Polo Gaslub. Ambos estão com início de operação previsto para 2028 e têm produção estimada de SAF em 700 milhões de litros por ano, juntos. Os outros dois apontados pelo estudo são da Acelem em Camaçari (BA) e da Brasil Biofuels em Manaus (AM), com início de operação previsto para 2026.

Considerando a produção de diesel renovável e SAF, a capacidade estimada é de 1 bilhão de litros por ano para o projeto da Bahia e 500 milhões de litros por ano para a planta do Amazonas. No começo de outubro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei batizada de "Combustível do Futuro", novo marco regulatório que incentiva o desenvolvimento de biocombustíveis e estimula a matriz energética de baixo carbono. A lei institui programas para incentivar a pesquisa, a produção, a comercialização, bem como o uso de biocombustíveis. O ProBioQAV veio no mesmo texto. As metas de redução de emissão para o setor aéreo deverão ser alcançadas pelo aumento gradual da mistura de SAF à querosene de aviação (QAV) fóssil, ou por outro meio alternativo. Essa referência a "meios alternativos" abre margem para flexibilizações. Isso quer dizer que os operadores aéreos poderão cumprir as metas apresentando crédito de carbono, ou algo assim. O ideal seria que já tivesse produção no Brasil.

O estudo da consultoria avaliou as matérias-primas potenciais para a produção de SAF pela chama da rota "SPK-HEFA" no Brasil: óleos vegetais, gorduras animais e óleo usado (UCO). Na classificação por região, a Região Norte tem potencial com soja, palma, macaúba e babaçu, enquanto a Região Nordeste tem potencial com soja, pinhão-manso, palma, algodão, macaúba e babaçu. Na Região Centro-Oeste, o destaque é para soja, pinhão-manso, palma, algodão, girassol e macaúba. Na Região Sul do País: soja, girassol, colza e algodão. Por último, a Região Sudeste tem potencial como soja, pinhão-manso, macaúba, algodão, girassol e mamona. O SAF foi o Programa Nacional do Biodiesel. Quem entrou no programa naquela época e está até hoje na produção de biodiesel, realmente teve um retorno bastante significativo dos seus investimentos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.