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21/Oct/2024

Zilor Energia e Alimentos adquire a Salto Botelho

A Zilor Energia e Alimentos, empresa do setor sucroenergético de São Paulo, anunciou na quinta-feira (17/10) a aquisição da usina Salto Botelho Agroenergia (SBA), localizada em Lucélia (SP). O investimento será de R$ 600 milhões, a ser ajustado pela dívida líquida e capital de giro da data de fechamento do negócio. A operação envolve a compra da unidade agroindustrial e da planta de cogeração de energia. A aquisição da Salto Botelho integra a estratégia de crescimento da Zilor e de escalar a produção. Desde 2017, observa-se um processo de recuperação tanto de eficiência e de produtividade da empresa que coincide com o momento de mercado de açúcar e etanol demandados. Há combinação de aceleração da produtividade dos ativos e da maior demanda do mercado sucroenergético em nível bastante firme para açúcar e de biocombustíveis com um rol futuro de oportunidades ampliado. Com a integração da usina da Salto Botelho, a Zilor terá quatro unidades no Estado. A capacidade de moagem da Zilor aumentará em 15%, passando de 12 milhões de toneladas por ano-safra para 13,8 milhões de toneladas por ano.

Juntas terão 197,7 mil hectares de área cultivada. Neste momento de demanda firme por açúcar, onde praticamente 80% da exportação global vem do Brasil, e preços altos, a empresa já trabalha com maior mix de produção de açúcar nas usinas. A SBA se encaixa nesse mix mais açucareiro com 58% do mix de moagem para açúcar e produz basicamente açúcar para exportação, além da proximidade logística, a 82 Km da usina da Zilor em Quatá com sinergia agrícola e industrial. A Salto Botelho é controlada pela gestora de ativos norte-americana AMERRA Capital Management. A transação ainda depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A expectativa da empresa é que a operação seja concluída ainda neste ano, tornando a Santo Botelho subsidiária integral da Açucareira Quatá. A partir do fechamento da operação, os resultados da Salto Botelho serão incorporados ao balanço consolidado da Zilor. A produção tende a refletir na sua totalidade na próxima safra, que inicia em abril.

Além das sinergias operacionais e de produção, a Salto Botelho mostrou um baixo custo de produção e boa competitividade com canavial jovem, além de estar localizada em região de menor custo de arrendamento e produtividade acima do mercado. É uma empresa que veio de processo de recuperação judicial, sem risco de sucessão e com fator estratégico de foco na produção. É um ativo muito atraente e que de partida entra com geração de caixa a um custo competitivo e com retorno maior que o custo de um projeto de expansão orgânico. Na safra 2023/2024, a Zilor processo 11,4 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, produzindo 496 m³ de etanol, 742 mil toneladas de açúcar e 558 mil MWh/ano de energia elétrica exportada a partir da biomassa da cana e fontes 100% renováveis. A receita líquida da empresa foi de R$ 3,49 bilhões na última temporada. Hoje, a Zilor está entre as dez maiores empresas do mercado sucroenergético com uma participação de aproximadamente 2% no Centro-Sul. O setor ainda é muito pulverizado, com o maior player respondendo por apenas 15%. Ainda há muitas oportunidades.

Mesmo com o investimento, a companhia mantém o menor nível de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) dos últimos anos, de 1 vez ao fim da última safra. O nível de alavancagem e endividamento estão sob controle, sem nenhum risco. Há uma saída de recursos, mas que será compensado pelo desinvestimento para Lesaffre. A operação foi aprovada por unanimidade pelos acionistas da Zilor. A recomposição de caixa deve vir no curto prazo já que há 13 dias a Zilor anunciou a venda de 70% do controle da Biorigin, sua unidade de biotecnologia em Quatá (SP), para a multinacional francesa Lesaffre, de leveduras por R$ 665 milhões, operação que também exige aprovação pelo órgão antitruste. A política de governança da companhia prevê a manutenção de caixa mínimo para financiar três anos de fluxo de caixa livre, incluindo amortização de dívida. No primeiro momento, será usado o caixa, mas depois será recomposto com recursos previstos de entrada no início do próximo ano. A meta é manter a alavancagem baixa e estrutura de capital adequada.

Após o aval ao negócio, o foco da Zilor será a integração da unidade à sua operação em paralelo à alienação da Biorigin. Mas, a partir de maio de 2025, já pode voltar a avaliar investimentos, sejam orgânicos ou inorgânicos (por meio de fusões e aquisições), em descarbonização, em biogás, em ampliação do mix de açúcar das usinas, em combustível sustentável de aviação (SAF), em biometano, em possibilidades de diversificação de receita. A pulverização do setor sucroenergético abre espaço para a captura de novas oportunidades de M&As. O Brasil tem amplo potencial em produção energética e a Zilor quer estar bem-posicionada para essa demanda. A premissa parte da perspectiva de demanda crescente e sustentada por açúcar e bicombustíveis brasileiros no médio e longo prazo, com a crescente necessidade de descarbonização da mobilidade e de produtos de baixo carbono. O investimento na Salto Botelho entra nessa mudança de que a sociedade está pedindo maior produção por biocombustíveis e com a regulamentação pela sanção da lei do Combustível do Futuro. Além do açúcar e do etanol, há um rol de possibilidades a ser explorado. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.