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07/Oct/2024

Cana: produtor não é o responsável por incêndios

Segundo o promotor de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo, Flavio Okamoto, os incêndios ocorridos em áreas produtivas entre agosto e setembro no em São Paulo, sobretudo em canaviais e áreas de conservação, não começaram pelas mãos dos produtores rurais. É difícil definir uma linha de investigação sobre esses incêndios porque, entre as 16 prisões feitas em flagrante até setembro, com pessoas ateando fogo na área rural, as motivações são as mais variadas, e quando há. Em São Carlos (SP), um indivíduo foi preso em flagrante ateando fogo em canaviais da Raízen. A investigação apurou que ele é geólogo formado pela Universidade de São Paulo (USP), servidor concursado da Cetesb, e tem problema com drogas. Ele teria abandonado o emprego na Cetesb há quatro meses, voltou para São Carlos, onde os pais moram, e passou a percorrer, com um veículo HB20, canaviais da região e ateando fogo. A polícia já estava monitorando o suspeito e conseguiu pegá-lo em flagrante.

Ele foi pego com drogas no carro, disse que não tinha problema com a Raízen e não deu nenhuma explicação sobre a motivação para cometer o crime. O prejuízo nesse incêndio foi imenso, com 3.200 hectares de cana-de-açúcar queimados, além de cerca de 900 hectares de mata nativa. Em uma das fazendas da Raízen, algumas casas de trabalhadores ficaram ilhadas pelo fogo, que também avançou pelo aterro sanitário do município. Tudo em volta do aterro sanitário foi consumido pelas chamas. Esse mesmo indivíduo também está respondendo a um inquérito por ter ateado fogo no mato que ladeia o muro de um condomínio em São Carlos. Na região de Campinas, onde a mata próxima ao Observatório Astronômico foi incendiada, o fogo foi ateado por um cidadão de classe média, que ficou em silêncio na hora de depor à polícia. Ele fez apenas declarações informais, de que era paciente oncológico e havia perdido um filho de 12 anos em abril por erro médico. Ou seja, era uma pessoa aleatória, que perdeu o gosto por viver e resolveu espalhar a desgraça.

Um terceiro caso é o de um ex-presidiário, que já havia sido denunciado por atear fogo, em agosto de 2023, na região de São Carlos, e neste ano foi preso em flagrante por iniciar focos de incêndio na área rural de Penápolis. Este está numa situação econômica bastante ruim e é o único que tem antecedente criminal, por furto e tráfico. Pelos casos investigados até agora, a teoria que vem circulando nas redes sociais, de que quem ateou fogo nos canaviais seria pertencente a facção criminosa, cai por terra. Não há absolutamente nenhum indício de que há facção criminosa envolvida com esses incêndios. O procurador acrescentou ainda que, infelizmente, "mesmo não tendo culpa" pelos incêndios na área rural, o produtor terá de recompor a reserva legal e a área de proteção permanente perdidas para o fogo. A recomposição da mata será obrigatória. Para tentar evitar a onda de incêndios no Estado, o patrulhamento intensivo na zona rural foi aumentado. Em São Carlos, a guarda municipal fica 20 horas do dia na zona rural; a Polícia Militar deslocou a força tática e toda a atividade delegada só para o patrulhamento rural.

A Polícia Militar Ambiental está reforçando o patrulhamento na zona rural principalmente aos sábados e domingos, que é quando ocorrem mais crimes do gênero. A Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana) garantiu que é proibido ao produtor rural atear fogo nos canaviais, mesmo que de forma controlada. Antigamente, a partir dos anos 1980, se colocava fogo apenas e somente para facilitar a colheita. A prática acabou em 2003-2004 e, desde 2017, é proibido queimar cana-de-açúcar no Estado, sob qualquer hipótese. Na Região Nordeste do País, há permissão apenas em alguns casos, como em áreas de declive, onde máquinas colhedoras de cana-de-açúcar crua não conseguem acessar. E, ainda assim, a queima deve ser comunicada previamente às autoridades e respeitar vários parâmetros. Atualmente, a palhada da cana-de-açúcar crua que fica na lavoura após a colheita forma um "colchão" protetor do solo, preserva a umidade e garante matéria orgânica para microrganismos benéficos. Além disso, inibe a incidência de plantas invasoras na lavoura. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.