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23/Sep/2024

SAF: Brasil será um polo produtivo global relevante

Segundo a Airbus, a familiaridade do Brasil com biocombustíveis faz com que o País seja cotado para ser um polo produtivo relevante de SAF, combustível sustentável de aviação feito a partir de óleos vegetais ou animais. Apesar dos projetos brasileiros ainda estarem em fase inicial, a expectativa é que atinjam um pico a partir do final desta década. Entre os principais estímulos para acelerar a produção de SAF no País, a legislação voltada para o tema é destaque. No início deste mês, o Congresso aprovou o projeto "Combustível do Futuro", que prevê a criação de programas nacionais de SAF, além de diesel verde e biometano. O texto agora depende agora da sanção presidencial. Há interesse global em investir na produção de SAF no Brasil. Além da expertise, o principal motivo é o quadro regulatório, que traz muita confiança para os investidores. Por se tratar de projetos bilionários, é importante ter regras claras para evitar ruídos em meio a mudanças políticas, já que o combustível possui certificações rigorosas.

Mesmo antes da medida ser promulgada, o número de projetos relacionados ao combustível sustentável de aviação triplicou no País desde o início das discussões. Embora a produção não seja uma realidade hoje, se tornará muito em breve. Deve começar a haver um pico produtivo no Brasil entre 2028 e 2030. Com a aprovação do Combustível do Futuro, o Brasil saiu na frente dos países vizinhos. Contudo, Chile e Colômbia, por exemplo, também têm se mobilizado para estimular a produção de SAF. Ainda assim, a América Latina está distante do cenário visto na Europa e Estados Unidos, que já produzem o combustível. Com os projetos brasileiros ainda no papel, atender às determinações da legislação não será uma tarefa fácil para as aéreas. A regulação determina que as companhias precisarão incluir 1% de SAF nos tanques a partir de 2027. A proporção aumentará 1% a cada ano, alcançando 10% de SAF na mistura do combustível em 2036.

A expectativa é de que, até 2027, já existam iniciativas produtivas em andamento. No entanto, o texto do Combustível do Futuro oferece alguma flexibilidade. Caso não haja a quantidade de SAF necessária disponível, a ideia inicial é que haja uma redução da emissão de carbono com outras alternativas. É preciso de demanda e de oferta. Tudo está ligado. Se nada for feito, nada se move. O crescimento gradual da oferta deve ajudar a minimizar os custos, uma das principais preocupações em relação ao novo combustível. Contudo, ainda faltam dados concretos para avaliar, de fato, os impactos financeiros do uso do SAF. Há uma diferença de preço, porque é uma tecnologia nova e matérias-primas diferentes, mas ao invés de especular, é preciso manter “os pés no chão” e estudar. De olho nisso, a Airbus trabalha em um estudo sobre o custo do SAF em parceria com a Latam e o Massachusetts Institute of Technology (MIT). A expectativa é que os resultados sejam divulgados em outubro.

A Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata) projeta que 65% da meta de descarbonização até 2050, assinada em 2021, será obtida por meio do SAF. Apesar do combustível sustentável ser a principal aposta para descarbonizar a aviação, o setor não espera de braços cruzados pela escalada de produção. O SAF é a medida mais impactante, mas não é a única. É preciso uma combinação de iniciativas operacionais, tecnológicas e de design, por exemplo. O novo combustível representa apenas 0,1% do querosene global ao redor do mundo atualmente. Enquanto isso, as medidas auxiliares incluem a troca de aeronaves e medidas de eficiência, podendo eliminar 16% das emissões até 2050. O restante deve ser resolvido por meio de projetos ambientais, com 11% em captura e armazenamento de CO² e 8% em compensação. Se os desafios forem superados, o setor aéreo será, sozinho, responsável pela redução de 2% da emissão de toda a atividade humana no planeta. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.