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27/Aug/2024

Cana: incêndios causam prejuízos ao produtor rural

Segundo a Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana), a onda de queimadas em canaviais no estado de São Paulo deve resultar em um impacto financeiro de até R$ 350 milhões aos produtores de cana-de-açúcar em função das áreas atingidas pelo fogo entre sexta-feira (23/08) e sábado (24/08). No Estado, 59 mil hectares de áreas plantadas com cana-de-açúcar foram queimados nesses dias. O cálculo da Orplana leva em consideração a perda da produtividade das regiões com incêndios. A entidade estima que a produtividade deve cair de mais 100 quilos por hectare de cana-de-açúcar nessas áreas para, aproximadamente, 40 quilos por hectare. A quebra de produtividade já era significativa antes dos incêndios, com uma redução de 30% na temporada 2024/2025, que agora pode chegar a 60% devido aos danos.

O impacto das queimadas é ampliado pela deterioração da cana-de-açúcar após o fogo. A cana-de-açúcar que pega fogo começa a deteriorar após quatro, cinco, sete dias. Esse processo compromete ainda mais a capacidade de colheita e a qualidade da cana-de-açúcar moída, agravando os prejuízos financeiros dos produtores. Foram registrados 305 novos focos de incêndio no sábado (24/08), com cerca de 3.600 focos na sexta-feira (23/08), uma quantidade 10 vezes maior do que no igual período do ano passado. A umidade relativa do ar extremamente baixa e as altas temperaturas contribuíram para a propagação dos incêndios. As principais ocorrências de incêndio entre quinta-feira (22/08) e sexta-feira (23/08) se deram nas regiões de Olímpia e São José do Rio Preto.

No sábado (24/08), as novas ocorrências foram, principalmente, nas áreas de Sertãozinho e Cajuru. O monitoramento da Orplana aponta que há melhoria das condições nas regiões onde os incêndios ocorreram, em função das chuvas em cidades como Piracicaba, Monte Aprazível, Ribeirão Preto e Cajuru desde sábado (24/08). Além disso, a Orplana colabora com o governo estadual em um gabinete de crise, mobilizando caminhões-pipa e recursos para controlar os incêndios. É necessário um plano de ação estruturado para enfrentar as queimadas, com linhas de financiamento mais baratas para a compra de caminhões-pipa e um aumento no efetivo de bombeiros. Também é preciso um plano de ação mais robusto, que poderia se inspirar em modelos internacionais como os de Portugal e Califórnia (EUA), para enfrentar a crescente frequência e intensidade dos incêndios.

A crise atual é exacerbada por uma combinação de fatores climáticos e atividades humanas. A onda de calor, causada pelas mudanças climáticas e pelo aumento da temperatura global, tem tornado as secas mais intensas e severas. Esses eventos, que antes eram raros, agora são frequentes e críticos, com a umidade relativa do ar extremamente baixa e temperaturas altíssimas. Os incêndios também têm sido amplificados por práticas humanas imprudentes. Atividades como jogar bitucas de cigarro na beira de estrada ou atear fogo próximo a áreas secas são frequentemente responsáveis pelos focos de incêndio. A grande maioria dos incêndios é causada por atividades humanas.

O Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da Defesa Civil de São Paulo mantém 48 municípios do Estado em alerta máximo para incêndios nesta segunda-feira (26/08). Todos os focos ativos, no entanto, foram controlados, e as rodovias do Estado estão liberadas, com monitoramento contínuo pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e pela Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp). O número de cidades em alerta máximo havia sido atualizado de 46 para 48 no domingo (25/08), com a inclusão de Batatais e Barrinha, reforçando a gravidade da situação nas regiões mais afetadas pelo tempo seco e pelo risco de novos focos de incêndio.

Além disso, o cenário meteorológico não apresenta previsão de chuvas, com a umidade relativa do ar podendo cair abaixo de 30%, especialmente no interior do Estado, aumentando o risco de novos incêndios. O governador Tarcísio de Freitas decretou situação de emergência por 180 dias em 45 municípios por causa dos incêndios florestais registrados entre 4 e 24 de agosto, conforme publicado no Diário Oficial do Estado no sábado (24/08). Em paralelo, a Polícia Civil está intensificando as investigações sobre incêndios criminosos, com três prisões já efetuadas em São José do Rio Preto, Batatais e Porto Ferreira. O governador afirmou que o gabinete de crise de combate aos incêndios no Estado continua montado. A mobilização e o estado de prontidão do corpo de bombeiros e da polícia militar do Estado de São Paulo vai permanecer.

No entanto, o governador mencionou que a mobilização das Forças Armadas poderá se encerrar. No domingo (25/08), o número de municípios com focos ativos de incêndio foi reduzido para seis. Todas as rodovias que haviam sido interditadas por causa da fumaça foram liberadas. Em resposta à gravidade da situação, o governador decretou estado de emergência por 180 dias em 45 municípios com os incêndios registrados entre 4 e 24 de agosto. Em meio à estiagem e calor extremo, o Estado registrou entre quinta-feira (22/08) e sexta-feira (23/08) 2.316 focos de fogo, número quase sete vezes maior do que o registrado em todo o mês de agosto do ano passado, que teve 352 incidentes, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

A Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) acompanha com preocupação a ocorrência de incêndios em regiões de mata e áreas de cultivo agrícola no interior de São Paulo. Já está em curso um louvável e necessário esforço conjunto, envolvendo iniciativa privada, prefeituras, governos estadual e federal, para enfrentamento ao fogo, que coloca em risco vidas e o meio ambiente, causando prejuízos para produtores rurais. Em face das condições climáticas atuais, especialmente nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste, onde há alertas para baixa umidade, é necessário o engajamento de toda a sociedade para que sejam evitadas situações que aumentam o risco de incêndio. A Abag citou a atuação diligente da Polícia de São Paulo, que prendeu suspeitos de envolvimento em incêndios criminosos em Porto Ferreira, Batatais e São José do Rio Preto. Ação semelhante aconteceu em Goiás, onde os incêndios em áreas de mata, de cultivo e de pecuária também estão sendo debelados pela ação do Estado e de produtores rurais. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.