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27/Aug/2024

Cana: incêndios em SP afetam empresas do setor

Os incêndios florestais que atingiram a região de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, desde o dia 22 de agosto, provocaram mortes, suspensão total e parcial de rodovias que cortam o Estado e fizeram o governo decretar estado de emergência para 30 municípios. A Defesa Civil instaurou um gabinete de crise emergencial. Dois funcionários de uma usina em Urupês morreram tentando combater as chamas. Incêndios florestais podem atingir grandes áreas de vegetação natural. Com as rajadas de vento, o fogo pode se alastrar rapidamente. As queimadas emitem fumaça densa e tóxica que prejudica o meio ambiente e a saúde humana, causando problemas ao sistema respiratório e desordens cardiovasculares. O governo monitora a situação, em ação que integra a Operação SP Sem Fogo com várias secretarias. Diante do aumento expressivo de incêndios no estado de São Paulo, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) e suas associadas colocaram à disposição do governo uma ampla estrutura para combater os focos de incêndio.

São mais de 1,5 mil caminhões-pipa e cerca de 10 mil brigadistas do setor atuando nesse esforço conjunto sob coordenação do governo estadual. A participação da iniciativa privada compõe uma operação conjunta, envolvendo o governo estadual e mais de 7,3 mil profissionais e voluntários, que está em curso para combater o fogo, com o apoio de helicópteros, aeronaves, drones e veículos. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, estabeleceu situação de emergência em 45 municípios devido aos incêndios, medida que vigorará por 180 dias. A mobilização ocorre em meio a uma crise de incêndios florestais que afetam diversas regiões produtoras, especialmente na área de Ribeirão Preto. O governo, em resposta à gravidade da situação, anunciou um pacote de ações no valor de R$ 10 milhões para auxiliar os produtores rurais do Estado. A Raízen confirmou enfrentar incêndios no estado de São Paulo que afetam, além de suas áreas de produção, as de fornecedores de cana-de-açúcar e de outros grupos sucroenergéticos. O cenário é agravado pela longa estiagem, baixa umidade do ar, ação dos ventos e altas temperaturas.

A empresa informou que todo o efetivo da brigada de incêndio da Raízen está mobilizado no combate aos focos, com o apoio de aeronaves e a colaboração do Corpo de Bombeiros. Devido à gravidade da situação, a empresa está utilizando todos os recursos disponíveis para controlar os incêndios e minimizar os danos. A Raízen reforçou seu compromisso com a preservação ambiental, afirmando não realizar a queima de cana-de-açúcar e que segue o Protocolo Agroambiental - Etanol Mais Verde, assinado com o governo de São Paulo em 2017. O protocolo visa a extinção da queimada como método de colheita, pois a queima da cana-de-açúcar compromete a qualidade do produto e a integridade dos solos. A cana-de-açúcar queimada perde qualidade e se torna inadequada para o processamento, além da perda de matéria orgânica dos solos. A companhia também emitiu um alerta para a população, destacando a importância da conscientização para prevenir e controlar incêndios.

As orientações incluem não arremessar bitucas de cigarro acesas nas estradas, evitar a queima de mato e a realização de fogueiras, e a não utilização de fogo para limpeza de terrenos. O tempo seco, as altas temperaturas e os fortes ventos são fatores que intensificam o risco de alastramento do fogo. Os casos de incêndio no interior de São Paulo afetam diversas companhias do setor sucroenergético com operação no Estado, principal polo produtor de cana-de-açúcar do País. Na sexta-feira (23/08), a São Martinho também havia confirmado a ocorrência de incêndio em canaviais. No domingo (25/08), a Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana) relatou que 59 mil hectares de áreas plantadas com cana-de-açúcar foram queimados no Estado entre sexta-feira (23/08) e sábado (24/08). A São Martinho informou que incêndios de origem desconhecida atingiram áreas de canavial da companhia. As causas do fogo estão sendo investigadas.

Os focos de incêndio foram prontamente identificados e combatidos pelas equipes de brigada da empresa, sem relatos de danos materiais ou vítimas. A São Martinho destacou que, neste período do ano, enfrenta condições climáticas extremas e esclareceu que não promove ou utiliza queimadas para a colheita da cana-de-açúcar, que é realizada de forma 100% mecanizada. Além disso, reforçou que adota todas as medidas de prevenção e combate a incêndios, prezando pela segurança de seus colaboradores e da comunidade. Os canaviais da São Martinho estão localizados principalmente no estado de São Paulo. A empresa opera em diversas regiões, com suas unidades produtivas situadas em Pradópolis, Iracemápolis e Américo Brasiliense, todas no estado de São Paulo, e em Quirinópolis, em Goiás. A Usina Santa Adélia anunciou a oferta de uma recompensa de até R$ 20 mil por informações que levem à prisão de pessoas envolvidas nos incêndios em seus canaviais.

As denúncias podem ser feitas de forma anônima pelos canais de comunicação da usina, que conta com unidades nas cidades paulistas de Jaboticabal e Pereira Barreto. A primeira denúncia que contribuir de forma concreta para o avanço das investigações policiais, administrativas e judiciais receberá uma recompensa de até R$ 20 mil. A Usina Santa Adélia reforçou a importância das denúncias para a proteção do meio ambiente e da comunidade local. As informações serão analisadas por um comitê interno da empresa, que avaliará a utilidade das denúncias para as investigações e determinará o valor da recompensa. A empresa reiterou que o pagamento da recompensa está condicionado à prisão dos responsáveis pelos atos criminosos e diz contar com o apoio da comunidade para proteger o meio ambiente e garantir a segurança de todos.

A Usina Santa Adélia também expressou seu repúdio aos recentes incêndios, que têm devastado seus canaviais e os de seus parceiros e fornecedores. A empresa destacou que tais incêndios, além de causarem prejuízos significativos ao meio ambiente e à fauna local, comprometem a segurança da comunidade e de seus brigadistas. Em resposta à situação, a Usina Santa Adélia, em parceria com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) e o governo de São Paulo, está intensificando as medidas de segurança para identificar e capturar os responsáveis por esses crimes. As brigadas de incêndio da usina estão atuando para combater as chamas e minimizar os danos.

A Polícia Federal decidiu abrir dois inquéritos para apurar supostas ações criminosas nos incêndios que ocorrem no interior de São Paulo. O assunto foi discutido em reunião no domingo (25/08), entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o diretor-geral da PF, Andrei Passos, os ministros Marina Silva (Meio Ambiente) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho. Já haviam sido abertos 29 inquéritos no País para investigar queimadas no Pantanal e na Amazônia. As investigações são para saber se tem uma ação intencional, no caso de São Paulo. Nos outros casos, têm fortes suspeitas de ação intencional. São Paulo também está sendo investigado. A reunião ocorreu no Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (PrevFogo) do Ibama, em Brasília.

A ministra do Meio-Ambiente, Marina Silva, ressaltou que a abertura dos inquéritos pela PF tem relação também com o impacto no transporte aéreo, com a suspensão de atividades em aeroportos por causa da fumaça. É uma verdadeira guerra contra o fogo e contra a criminalidade, declarou Marina. Em São Paulo, não é natural, em hipótese alguma, que em poucos dias tenha tantas frentes de incêndio envolvendo concomitantemente vários municípios. Ela classificou a situação como "atípica". Segundo Marina, há suspeitas de que possa estar acontecendo um novo "Dia do Fogo", como ficou conhecido o episódio em que produtores rurais da Região Norte fizeram uma ação conjunta para incendiar áreas da Amazônia, em 2019. De acordo com a ministra, a orientação de Lula na reunião extraordinária sobre os incêndios foi para que as autoridades federais trabalhem em conjunto com os governadores e prefeitos no combate às queimadas.

Segundo a PF, especificamente com relação a São Paulo, foram mobilizadas 15 delegacias espalhadas no interior, a superintendência regional, coordenado pela diretoria de Amazônia Meio Ambiente em Brasília, para identificar as questões que envolvem as queimadas. O diretor da PF afirmou que são necessários dois inquéritos em São Paulo porque há competências territoriais distintas. A percepção é de que há crime nos incêndios. O governo disponibilizou aeronaves das Forças Armadas para ajudar no combate aos incêndios, mas, segundo Marina Silva, uma delas não conseguiu decolar em Brasília por causa da fumaça no céu. A ministra disse que a fumaça na capital federal é resultado de queimadas no entorno da cidade e em outras regiões. Marina também defendeu as ações do governo contra incêndios e disse que, se o desmatamento não tivesse sido reduzido ano passado, a situação hoje estaria pior. O governo federal tem responsabilidade pelas áreas federais, unidades de conservação, mas atua em todas as áreas, inclusive em propriedades privadas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.