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18/Jul/2024

Cana: La Niña não deve comprometer a safra atual

Meteorologistas preveem a ocorrência do fenômeno climático La Niña ainda neste semestre, com chance de mais de 70%, mas eventuais efeitos não devem comprometer a produtividade da cana-de-açúcar no Centro-Sul brasileiro na atual safra. Segundo o Rabobank, os possíveis impactos do La Niña devem vir em 2025/2026. Não há como dizer com certeza como serão os efeitos do La Niña, mas em 2021/2022 o fenômeno teve um impacto forte (queda anual de 13,6% na moagem de cana-de-açúcar no Centro-Sul em função da seca e de geadas). As dúvidas sobre suas consequências poderão adicionar um prêmio ao preço do açúcar. O Itaú BBA avaliou que a transição do El Niño, encerrado em junho, para o La Niña tende a levar ao menos três meses e impedirá que os efeitos do fenômeno afetem a atual safra do Centro-Sul. Este cenário transicional sugere que a atual safra brasileira não será significativamente afetada pelo La Niña.

Relatório divulgado no dia 11 de julho pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), dos Estados Unidos, indicou possibilidade de 70% para o estabelecimento do La Niña entre agosto e outubro, abaixo da previsão de 75% apresentada no mês passado. O índice sobe para 79% no período de novembro a janeiro. O La Niña é caracterizado pelo resfriamento atípico das águas do Oceano Pacífico. Isso traz influências para a atmosfera, com mudanças nas temperaturas e nos regimes de precipitação. O frio tardio pode provocar geadas em áreas da Região Sul do Brasil, enquanto a estiagem em regiões do Centro-Oeste e do Sudeste aumentaria a possibilidade de incêndios. Além disso, o adiamento do período chuvoso poderia tanto aumentar os riscos de doenças sobre os cultivos de cana-de-açúcar como afetar a produtividade das plantações, com o efeito vindo durante a colheita da safra 2025/2026.

Porém, o NOAA indica que a possibilidade de a intensidade do La Niña ser moderada é de 50%, o que pode reduzir esses efeitos. Outro fator importante é o período em que o fenômeno irá ocorrer. A intensidade ainda não está clara, assim como o período. Por exemplo, se começar somente no fim da primavera, o risco de geadas se reduz. A proximidade da ocorrência do fenômeno climático se dá em um cenário de incremento da dependência do mercado global da oferta do Brasil, historicamente o principal abastecedor do mundo, mas que aumentou a sua participação em função da continuidade da proibição da exportação de açúcar pelo governo da Índia. Diante disso, analistas concordam que qualquer impacto do La Niña sobre a produtividade do Centro-Sul será sentido em todo o mercado, independentemente de quando vier e de como outras regiões produtoras vão ser afetadas. O movimento deve ser altista para os preços devido ao impacto no Brasil.

O Rabobank avalia que o mercado ainda não incute a preocupação com eventuais efeitos negativos do La Niña nas cotações do açúcar no mercado futuro, que têm variado entre 19,00 e 20,00 centavos de dólar por libra-peso O preço atual não parece refletir completamente essa preocupação. Se o mercado está correto ou não, será preciso aguardar. Porém, um eventual início do La Niña é visto como positivo para a produção no mercado asiático pelo Itaú BBA, especialmente pelo fim dos efeitos do El Niño. A principal mensagem é de que o melhor é o fim do El Niño, o que já tem se refletido nos preços. A tendência é de produções maiores na Índia e na Tailândia, onde os efeitos devem ser mais concretos. Os efeitos diretos do La Niña são mais perceptíveis em algumas regiões específicas, com outras passando incólumes. A Europa, que produz açúcar de beterraba, não deverá ser afetada, pois o impacto deve vir após a colheita. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.