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02/Jul/2024

Carro Elétrico: Bioenergia e Unica contestam a BYD

A Bioenergia Brasil e a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) criticaram as declarações da chinesa BYD, maior fabricante de carros elétricos do mundo. As entidades consideraram "injustas" as manifestações da BYD em relação ao governo brasileiro e à sua abordagem de mobilidade sustentável. Ao dizer que existem ‘vários governos’, a mensagem sugere a inexistência de coordenação por parte do Presidente da República. Vindo de uma empresa brasileira seria ruim; de uma estrangeira soa hostil. A BYD contestou proposta do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, atual ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), de incluir os veículos elétricos na lista do Imposto Seletivo, ou "imposto do pecado", que propõe sobretaxar, na reforma tributária, bens e serviços que causem danos à saúde ou ao meio ambiente, como bebidas alcoólicas e açucaradas, cigarros, jatinhos e lanchas, além da extração de petróleo e minério de ferro.

Para Alckmin, o governo não escolhe a rota tecnológica para o desenvolvimento de futuros automóveis e, no caso dos elétricos, é preciso levar em conta o fator poluente da fabricação das baterias e de como é gerada a energia que vai abastecê-las. Após a proposta, a BYD declarou que “os governos são distintos, existem vários governos dentro do mesmo governo". E complementou: "Na avaliação de quem está tomando a frente da reforma tributária e que enviou os projetos de lei complementares para concluir a reforma tributária, a visão do Ministério da Fazenda é muito clara e inclusive foi cético sobre essa recomendação do MDIC". A empresa chinesa afirmou, ainda, ser "surpreendente" que o Ministério da Fazenda esteja sendo desenvolvimentista, no aspecto da transição energética para uma neoindústria, e o MDIC, o qual deveria ser desenvolvimentista, está sendo retrógrado. Sob este aspecto, a Bioenergia/Unica avaliam que há um descompasso com a verdade quando a BYD considera ninguém menos que o vice-presidente da República como uma pessoa "retrógrada", justamente no dia em que o programa Mobilidade Verde, depois de enviado pelo Executivo, aprovado com praticamente unanimidade pelo Congresso Nacional, é sancionado pelo Presidente da República.

Para as entidades, o Mobilidade Verde é um marco para a mobilidade sustentável global, à medida que o Brasil se torna o primeiro país do mundo a levar o tema a sério, medindo as emissões dos veículos em todo o ciclo produtivo. As entidades dizem também que, além de ofender a República brasileira, a manifestação da BYD afronta a ciência, na medida em que não admite o fato de que veículos elétricos tenham pegada de carbono considerável. Para a Bioenergia/Unica, a busca pela mobilidade sustentável e pela economia de baixo carbono passa pelo entendimento respeitoso entre todas os atores envolvidos, incluindo as esferas pública e privada. Não é com ofensas que se avança. Pelo contrário, a crise climática exige esforço conjunto e ético, reforçam, e acrescentam que o Brasil tem dado, ao mundo todo, exemplos importantes de como conduzir políticas públicas de incentivo à descarbonização e, ao mesmo tempo, abrir diálogos e incentivar o desenvolvimento. E é assim que deve seguir. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.