13/Jun/2024
Os biocombustíveis se transformaram em uma das poucas áreas de interseção entre as prioridades do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os interesses do agronegócio, setor ainda refratário à atual gestão. De olho nisso e no protagonismo da agenda verde ligada à descarbonização, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) liberou R$ 2,6 bilhões em financiamentos em 2023 a projetos ligados a etanol, biometano e biodiesel, entre outros. É o maior valor em nove anos. Os montantes foram liberados por meio de quatro linhas principais: Finem, Mais Inovação, Renova Bio e Finame Direto, que contam com prazos e carências alongados e tendem a ter juros mais acessíveis do que a média do mercado. Em 2024, a expectativa do banco é de bater essa cifra com o reforço do Fundo Clima, que dispõe de um caixa de R$ 10,4 bilhões, fruto da captação de títulos soberanos sustentáveis no mercado internacional. Mas, ainda não é possível estimar quanto desse montante será destinado especificamente a esses combustíveis.
A área de biocombustíveis é uma das prioridades da Nova Política Industrial. Com isso, há um movimento no banco de se aproximar do agro e da cadeia de biocombustíveis. E percebe-se que há uma resposta do setor, que tem procurado o BNDES para fazer investimentos e expandir a capacidade. Os projetos mobilizam, principalmente, produtores de cana-de-açúcar, soja e milho, este último sendo uma das grandes apostas na produção de etanol no País, além de indústrias localizadas sobretudo nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Há um grande crescimento do etanol de milho. A maioria das empresas que buscam o BNDES está indo para esse produto. É o grande potencial de investimento, com o biometano. Um dos principais financiamentos aprovados em 2023 na área de biocombustíveis somou R$ 729,7 milhões, e foi direcionado à construção de uma fábrica de etanol a partir do processamento de trigo e milho, em Passo Fundo (RS). Outros R$ 385 milhões foram liberados para três plantas de biometano, duas em São Paulo e uma no Rio Grande do Sul.
A aposta do governo é de que o produto possa substituir o diesel. Mas, o agronegócio vai além e se articula no Congresso para garantir uma “reserva” de mercado ao biometano, exigindo que haja a adição de um percentual ao gás natural a partir de 2026, nos moldes do que vem sendo proposto para aumento da mistura de etanol à gasolina e do biodiesel ao diesel. O projeto, que já passou na Câmara e aguarda a análise dos senadores, desagradou à Petrobras. Pelos cálculos da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), a adição de 10% de biometano ao gás natural, limite máximo previsto na lei, implicará gasto extra de R$ 1,7 bilhão para a indústria, maior consumidora de gás natural (como combustível e como matéria-prima). O plano industrial do governo Lula engloba a transição energética e tem o BNDES como principal operador, responsável por R$ 250 bilhões dos R$ 300 bilhões em financiamentos previstos até 2026. No caso específico dos biocombustíveis, o plano prevê elevar a participação desses itens na matriz energética de transportes em 50% até 2033. Hoje, eles respondem por 21,4%. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.