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04/Jun/2024

SAF precisa de políticas públicas e investimentos

Segundo projeções da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), a produção global de combustível sustentável de aviação (chamado de SAF) deve totalizar 1,9 bilhão de litros em 2024. O número representa três vezes mais do que foi produzido em 2023. O combustível é peça central para a redução de emissão do setor aéreo, que tem meta de chegar até 2050 com emissão líquida zero de carbono. O total esperado para 2024, entretanto, deve representar apenas 0,53% da demanda de combustível da indústria no ano, o que evidencia o desafio do setor de atrair investimentos e políticas públicas que incentivem sua produção. O SAF fornecerá cerca de 65% da mitigação necessária para que as companhias aéreas alcancem emissões líquidas zero de carbono até 2050.

Portanto, a esperada produção de SAF em 2024 é encorajadora. Ainda há um longo caminho a percorrer, mas a direção dos aumentos exponenciais está começando a entrar em foco. O mercado global tem hoje cerca de 140 novos projetos para a produção de combustível sustentável no mundo e que devem entrar em operação até 2030. O número considera projetos que abraçam outros segmentos para além do SAF. Mas, as indústrias podem diversificar sua capacidade de produção também para o SAF, uma vez que elas costumam compartilhar da mesma estrutura. Caso todo o pipeline dê certo, a capacidade total de produção de combustível renovável poderá atingir 51 milhões de toneladas até 2030. Por meio da Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO), o setor definiu uma meta de atingir uma redução de 5% nas emissões de CO2 para a aviação internacional a partir de SAF até 2030.

Para isso, cerca de 27% de toda a capacidade de produção de combustível renovável esperada para 2030 precisariam ser SAF. Atualmente, o SAF responde por apenas 3% de toda a produção de combustível renovável. Diante do cenário, o setor tem jogado à mesa algumas alternativas para aumentar a disponibilidade do combustível. Uma das principais seria a necessidade de se diversificar a matéria prima de produção. Cerca de 80% do SAF que deve ser produzido nos próximos cinco anos provavelmente virão de materiais como óleos de cozinha usados e gorduras animais. Acelerar o uso de outras vias e matérias-primas certificadas (incluindo resíduos agrícolas e florestais e resíduos municipais) expandiria o potencial de produção.

O setor defende ainda que as refinarias existentes podem ser usadas para processar junto até 5% de matérias-primas renováveis aprovadas com os fluxos de petróleo bruto. A solução, entretanto, precisaria passar por um esforço público de se incentivar a mistura. Incentivos para construir mais instalações de energia renovável, fortalecer a cadeia de suprimentos de matéria-prima e alocar uma parcela maior da produção de combustível renovável para a aviação ajudariam a descarbonizar a aviação. Nenhuma política ou estratégia sozinha nos levará aos níveis necessários. Mas usando uma combinação de todas as medidas políticas potenciais, produzir quantidades suficientes de SAF é absolutamente possível. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.