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28/May/2024

Setor sucroenergético e a retomada da indústria

Na contramão de outros segmentos, a indústria da cana-de-açúcar vem apresentando expansão nos últimos anos no País. O setor, que até há uma década sofria com falências e fechamento de usinas, inaugurou recentemente novas plantas e caminha para o segundo maior volume de moagem este ano. De acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), a recuperação pode ser tomada como exemplo de que a neoindustrialização é possível. Atualmente, são 345 unidades produtoras em todo o Brasil, com maior concentração no Centro-Sul do País. No ciclo de abril de 2023 a março de 2024, correspondente à safra da cana-de-açúcar, o setor sucroenergético gerou US$ 19,8 bilhões em divisas, ocupando a quarta posição na pauta de exportações do agronegócio. O valor bruto movimentado pela cadeia supera US$ 100 bilhões, com um Produto Interno Bruto (PIB) de aproximadamente US$ 40 bilhões, equivalente a cerca de 2% do PIB brasileiro. O setor passou por um período de crise lá atrás, que veio até 2015, e muitas usinas fecharam.

De lá para cá, o País tem estruturado algumas políticas importantes para o setor que resultaram nessa mudança no cenário. É a prova de que políticas bem estruturadas impulsionam a economia. Entre as medidas, a primeira foi a política de precificação, que passou a ser balizada pelo preço do óleo internacional, o que deu mais previsibilidade para o setor. Na sequência, em 2017, teve a publicação da Política Nacional de Biocombustíveis, o RenovaBio, que funcionou a partir de 2020, passando a permitir a venda de créditos de descarbonização (CBios) gerados pela cana-de-açúcar. É um crédito pequeno, mas estabeleceu uma meta importante de redução nas emissões de gases de efeito estufa. O RenovaBio veio em um momento em que o setor estava à beira de uma nova crise pela perda de 80 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por causa de uma seca história no Centro-Sul do País. Em 2022 e 2023, houve boa produtividade no campo, resultando em um recorde histórico de moagem de cana-de-açúcar no ano passado. Foram processados 654,4 milhões de toneladas, 19,3% a mais sobre as 548,6 milhões de toneladas da temporada 2022/2023.

Para este ano, a projeção é de uma safra um pouco menor que o recorde, mas acima das anteriores. O ano começou com preços mais reduzidos, sobretudo do açúcar, mas o cenário está muito longe de ser caótico. O setor está se expandindo: usinas de cana-de-açúcar são inauguradas, expansão de investimentos na área agrícola e expansão considerável na área industrial nos últimos três anos, devido à produção de etanol de milho. Há cinco anos, o etanol do cereal era praticamente zero. Nesta safra, vai representar cerca de 20% do total. Em março, a usina Coruripe inaugurou uma planta para produzir açúcar, em Limeira do Oeste (MG). O foco na economia verde do Programa Nova Indústria, lançado pelo governo, está concatenado com duas políticas públicas importantes para o setor sucroenergético. O projeto Combustível do Futuro, iniciativa do governo encampada pelo Parlamento, traz a possibilidade de ampliar o nível de mistura do etanol na gasolina e do biodiesel no óleo diesel, além de propor metas de descarbonização nos transportes. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.