27/May/2024
A Petrobras informou, na sexta-feira (24/05), que seu Conselho de Administração nomeou Magda Chambriard como conselheira de administração e a elegeu como nova presidente da companhia. Magda Chambriard tomou posse em ambos os cargos nesta data e passou a integrar o conselho imediatamente, não sendo necessária a convocação de assembleia de acionistas para esse fim, diz a estatal, em fato relevante. Acionistas estrangeiros se articulavam para convocar uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para submeter a mudança de comando à lei das estatais. Magda Chambriard é mestre em Engenharia Química pela COPPE/UFRJ (1989) e engenheira civil pela UFRJ (1979), com especialização em Engenharia de Reservatórios e Avaliação de Formações e especialização em Produção de Petróleo e Gás, na hoje denominada Universidade Petrobras.
Iniciou sua carreira na Petrobras, em 1980, atuando sempre na área de Produção, onde acumulou conhecimentos sobre todas as áreas em produção no Brasil. Assumiu a diretoria da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Brasil (ANP) em 2008 e a diretoria geral em 2012, tendo liderado a criação da Superintendência de Segurança e Meio Ambiente, Superintendência de Tecnologia da Informação, os trabalhos relativos aos estudos e elaboração dos contratos e editais, os estudos técnicos que culminaram na primeira licitação do pré-sal, além das licitações tradicionais sob regime de concessão. A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, vai enfrentar, em sua primeira semana de gestão, o estado de greve aprovado esta semana pelos empregados da estatal associados à Federação Única dos Petroleiros (FUP).
A entidade prepara um ato no dia 29 de maio, em frente à sede, no Rio de Janeiro, além de paralisações nas bases operacionais e demais bases administrativas da Petrobras e subsidiárias. Apesar de estar confiante na gestão da executiva, a FUP aponta que há necessidade de atenção urgente à agenda interna da categoria petroleira, para soluções de problemas estruturantes do plano de previdência e do plano de saúde, além de outros temas, como o novo plano de cargos e salários e reposição de efetivo. A expectativa é de que a nova gestão da companhia preze pelo respeito e bom relacionamento com o movimento sindical e os trabalhadores. As ideias de Chambriard vão ao encontro de propostas defendidas pela FUP, principalmente em relação ao fortalecimento da indústria naval nacional, com contratações de embarcações no Brasil, além de conteúdo local, ampliação do parque de refino e apoio ao setor de fertilizantes. Veja o que pensa a nova presidente da Petrobras:
- Foz do Amazonas
Para o País manter o atual nível de produção e autossuficiência, precisaria avançar sobre a Margem Equatorial, sobretudo na exploração da bacia da Foz do Amazonas. Um dos seus argumentos é o de que a região das bacias de Campos e Santos, que respondem juntas por 76% da produção diária de óleo e gás, está caminhando para o esgotamento. “A gente não pode desistir da Margem Equatorial. Nesse ponto, meu foco é a Foz do Amazonas, pelo tipo de geologia, pelo afastamento da costa, pelas águas profundas e pelo talude mais espesso”, afirmou ela
- Refino
O Brasil é um país continental e que carece, cada vez mais, de energia para o seu crescimento. Ou amplia-se a capacidade de processamento do petróleo cru e agrega-se valor a ele no Brasil (diga-se de passagem, que foi assim que a Petrobras cresceu) ou estar-se-á desembolsando cifras bilionárias para importar cada vez mais derivados. Não parece razoável que uma das 10 maiores economias do mundo, detentora do 7º maior mercado consumidor de combustíveis líquidos do planeta, tenha tal vulnerabilidade e tenha que arcar com custos de margens de refino
- Gás natural
Magda Chambriard questiona o preço do gás brasileiro para o consumidor final, embora o País produza gás suficiente para todo o consumo nacional desde 2015. Trata-se de um cenário que ressalta a necessidade de expansão de infraestrutura e de suporte estatal para que esse gás possa realmente se transformar em negócio.
- Pré-sal
A “ficha” sobre a potência do pré-sal “caiu aos poucos”. Ela defende os investimentos feitos pela Petrobras no pré-sal. Empresas privadas migram de mercado quando encontram dificuldades, o que é normal. Só uma estatal é capaz de tomar determinados riscos e insistir no País de origem, como está acontecendo no caso da margem.
- Ambiente e mudanças climáticas
Magda Chambriard já criticou a atuação do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças do Clima, atualmente dirigido por Marina Silva. Em artigo publicado em junho de 2023 com o título “Bacia da Foz, licenciamento ou risco Brasil”, após negativa do Ibama a pedido de licenciamento na bacia da Foz do Amazonas, ela ressaltou a importância do debate ambiental, porém, questionou a atuação do Ministério e chegou a escrever que Lula deveria intervir. É certo que não se pode ser inconsequente e licenciar a qualquer custo. Mas, também é certo que se precisa estar mais preparado para enfrentar o desafio do licenciamento tempestivo, sob pena de condenar o Brasil à estagnação.
Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.