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16/May/2024

Petrobras: demissão aumenta percepção de risco

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva demitiu, na terça-feira (14/05), o ex-senador Jean Paul Prates do comando da Petrobras, maior empresa pública do País. Para o seu lugar foi indicada Magda Chambriard, ex-diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) entre 2012 e 2016. A demissão de Prates aconteceu um dia após a divulgação do balanço da companhia. A estatal fechou o primeiro trimestre de 2024 com lucro líquido de R$ 23,7 bilhões, 37,9% a menos do que há um ano, e 23,7% inferior ao registrado no trimestre imediatamente anterior. Mas, a causa da troca se deve à cobrança por maior velocidade na execução dos projetos anunciados pela empresa, principalmente em relação à encomenda de navios aos estaleiros brasileiros. A informação da demissão de Prates veio na terça-feira (14/05) à noite, já depois do fechamento do mercado financeiro no Brasil.

Mas, teve impacto na negociação dos American Depositary Receipts (ADR) da Petrobras no chamado “after hours” da Bolsa de Nova York, com inversão para queda de preços. O Citi avalia que a saída de Jean Paul Partes da presidência da Petrobras representa a deterioração da governança da empresa e pode ter impacto negativo na distribuição de dividendos. A análise dia ainda que a nova presidente da companhia, Magda Chambriard, assumirá sob pressão para acelerar a expansão dos investimentos. A saída de Prates e a potencial perturbação na estratégia da empresa sustentam o rating `neutro' do Citi na tese de investimento. Segundo a XP, o anúncio da saída de Jean Paul Prates da presidência da Petrobras foi inesperado e ocorreu em um contexto de elevada pressão política. A mudança na gestão adiciona incerteza ao caso de investimento e aumenta a percepção de risco dos investidores. Embora tenha sido previamente noticiado pela imprensa que Prates sofreu pressão política solicitando sua substituição, a mudança repentina não era esperada neste momento.

Magda Chambriard vai substituir Prates no conselho de administração e como nova CEO da empresa. A mudança repentina na gestão adiciona significativa incerteza ao caso de investimento da Petrobras e consequentemente aumenta seu risco. A XP lembra que a imprensa já havia noticiado que o descontentamento político com a relativa independência da Petrobras do governo foi uma das principais motivações por trás da mudança de CEO. Esse contexto provavelmente levantará preocupações dos investidores minoritários sobre o possível risco de interferência do acionista majoritário (ou seja, o Governo) na gestão da empresa. Os investidores estão particularmente preocupados com conflitos de interesse em temas como distribuição de dividendos, política de preços, planos de investimento, passivos fiscais contingentes e outros. Embora não se espere mudanças significativas nos dividendos e planos de capex a curto prazo, a incerteza aumenta consideravelmente a percepção de risco, portanto, as ações devem reagir negativamente.

Chambriard assume o comando da Petrobras em um contexto desafiador de significativas pressões externas. Por outro lado, ela encontrará a empresa com uma forte geração de fluxo de caixa livre, um balanço patrimonial desalavancado e um portfólio de investimentos sólido. Chambriard é uma profissional experiente na indústria de petróleo e gás. Ela atuou como diretora geral da ANP e ocupou vários outros cargos de liderança na agência desde 2002. Ela também tem familiaridade com a Petrobras, onde trabalhou de 1980 a 2002. Magda Chambriard possui mestrado em Engenharia Química pela Coppe/UFRJ (1989) e graduação em Engenharia Civil pela UFRJ (1979), e é especializada em engenharia de reservatórios e avaliação de formações.

O Goldman Sachs considerou a saída de Jean Paul Prates da presidência da Petrobras como negativa. O mercado via Prates como um bom conciliador entre os interesses dos investidores e dos governos. A mudança pode reacender preocupações relativas à possível intervenção política nas operações da empresa. A liderança da Petrobras mudou várias vezes no passado devido a desentendimentos entre a gestão e o governo, levando subsequentemente a uma queda no preço das ações nos dias seguintes aos eventos. No entanto, a Petrobras ainda viu uma alta contínua no preço de suas ações ao longo dos anos, o que é atribuído a fundamentos sólidos e governança melhorada como resultado da reestruturação iniciada em 2016.

Será importante para os investidores monitorarem se algum aspecto da governança será alterado. As leis atuais e o estatuto da estatal em vigor tornariam desafiador para uma nova gestão alterar significativamente as políticas de alocação de capital e de precificação de combustíveis. O Goldman Sachs tem recomendação de compra para Petrobras, com preço-alvo de R$ 48,30 e R$ 43,90 para as ações ordinárias e preferenciais, respectivamente, o que representa um potencial de alta de 12,5% e 7,4% sobre o fechamento dos papéis no pregão de terça-feira (14/05). Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.