08/May/2024
O Auto China 2024, o Salão do Automóvel de Pequim encerrado no sábado (04/05), foi palco para muito mais do que duas centenas de lançamentos de veículos, sobretudo para o mercado chinês. No evento ficaram claros dois recados importantes para o Ocidente. O primeiro é a impressionante evolução das fabricantes locais em relação à qualidade de seus produtos. O segundo é a avidez com que elas avançam para além-mar. Vários modelos expostos na feira serão vendidos em breve também no Brasil, para onde também virão muitas das novas marcas chinesas. São elas: Omoda e Jaecoo, da Chery (porém, em operação separada da Caoa), Neta, Zeekr, da Geely, dona da Volvo, e MG, que pertence à Saic. Esta, aliás, deve erguer uma planta em Pouso Alegre (MG), onde já fica a unidade da XCMG, a gigante chinesa que produz máquinas de construção (a chamada linha amarela) e que, mais recentemente, começou a vender caminhões elétricos no Brasil.
Assim, as “novatas” se juntarão à GWM, que começa a fabricar seus carros em Iracemápolis (SP) na virada de 2024 para 2025, e à BYD, que assumiu o complexo que pertencia à Ford em Camaçari, na Bahia. Uma das novidades dessa nova onda de veículos chineses no Brasil é a chegada da Neta. A marca, criada há 10 anos, será lançada no País este mês. Inicialmente, deve oferecer dois carros, ainda em 2024, e um terceiro modelo está programado para 2025. A empresa acaba de receber um aporte do governo chinês de 5 bilhões de yuans (cerca de R$ 3,5 bilhões). O investimento destina-se a pesquisa e desenvolvimento e expansão das exportações. A Neta também acena com a possibilidade de ter uma planta de produção de veículos no País. Atualmente, a empresa tem três fábricas na China e uma na Tailândia. Assim, a futura unidade brasileira seria responsável por fabricar automóveis para abastecer não apenas o mercado interno, mas também outros países da região.
Porém, ainda não há detalhes sobre onde essa planta seria instalada, muito provavelmente a partir até 2026. Além da Neta, as marcas Omoda e Jaecoo confirmaram o início de operações no Brasil. Elas pertencem à Chery, que tem negócios no País em parceria com a Caoa, e vende veículos com a marca Caoa Chery. Porém, a nova operação será independente. A chegada dos SUVs Jaecoo 7 e 8 está agendada para ocorrer até março de 2025. O plano de Omoda e Jaecoo para o mercado brasileiro inclui o lançamento de oito a dez modelos até 2026. Enquanto a Omoda, que promete chegar a 40 mercados fora da China ainda neste ano, foca SUVs (utilitários-esportivos) de uso urbano, a Jaecoo pretende chegar a 25 países oferecendo veículos com apelo fora de estrada. A nova divisão da empresa também não esconde sua intenção de produzir automóveis no Brasil. Uma opção seria utilizar a fábrica que foi da Chery, em Jacareí (SP), fechada desde 2022. Segundo o diretor da Omoda e Jaecco para o Brasil, as negociações com a Caoa estão em fase avançada. Porém, ele não revelou detalhes das conversas.
Outra marca chinesa com as “malas prontas” para o Brasil é a Zeekr. A divisão de veículos premium elétricos da Geely, dona da sueca Volvo e da britânica Lotus, vai começar a operar no País ainda neste ano. Dois carros já estão, inclusive, em processo de homologação: o crossover 001 e o SUV compacto X. Segundo a empresa, o objetivo é disputar vendas com marcas como as alemãs Mercedes-Benz e Porsche. O 001, por exemplo, pretende ser rival do Porsche Taycan, enquanto o X deverá mirar clientes do Volvo EX30, com o qual, aliás, divide a plataforma. Da mesma forma, a Morris Garages, ou MG Motor, britânica que pertence à chinesa Saic, estaria preparando sua volta ao Brasil. Alguns modelos da MG foram vendidos no País há cerca de uma década, sem muito sucesso, por meio de importação independente. Agora, contudo, a marca terá uma filial no País. A vinda da Saic foi anunciada no fim do ano passado pelo governo de Minas Gerais. Fundada em 1924, na Inglaterra, onde produzia cupês e esportivos, a MG foi comprada pela Saic em 2007. Atualmente, produz carros elétricos na China.
Das, digamos, “novas veteranas”, a primeira a iniciar a produção no Brasil será a GWM. No fim de 2021, a empresa comprou a fábrica que pertencia à Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP). Inicialmente, a previsão era iniciar a fabricação nacional com a picape híbrida Poer. Porém, com a aprovação do Mover, novo programa de fomento ao setor no País, os planos mudaram. Assim, o primeiro GWM feito no Brasil será o SUV híbrido Haval H6. Além das linhas Haval, focada em picapes, e Ora, de carros elétricos, a GWM lançará mais duas marcas no Brasil, a Wey, de SUVs híbridos e elétricos premium, e a Tank, de jipes, com preços a partir de cerca de R$ 300 mil. E, com o aumento da oferta de produtos, já há até estudos para a construção de uma segunda planta no País. Isso tem a ver com a produção do Haval H4, um novo veículo que será apresentado em breve e deverá ser o carro-chefe da empresa no mercado local. Para atingir nossas metas será preciso ter uma segunda fábrica, diz a GWM Brasil. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.