25/Apr/2024
A BrasilAgro se tornou, neste início da safra de cana-de-açúcar 2024/2025, o mais novo competidor em busca da maior remuneração do açúcar. O primeiro passo foi dado com o plantio de cana-de-açúcar em 950 hectares em Brotas (SP), que será destinado a uma usina da região, e visa não apenas as margens mais favoráveis do adoçante em comparação com o etanol, mas também previsibilidade de receita e maior flexibilidade financeira, pois abre caminho para deter posições de hedge no mercado futuro. A entrada no mercado de açúcar dá uma segurança para ter um preço médio maior da cana-de-açúcar na companhia. Antes, só tinha o etanol e a empresa ficava refém da política de controle de preço de combustível. Em março passado, a BrasilAgro anunciou o arrendamento de modo escalonado de uma área de 7 mil hectares em Brotas, com investimento de R$ 70 milhões, que será concluído em 2029, quando assumirá a posse de todo o terreno.
A área está destinada ao cultivo de cana, mas com foco para o açúcar, ao contrário do que a empresa realizava em outras áreas. Com um custo aproximado de R$ 200 mil por hectare, o plantio inicial representa o começo da busca da BrasilAgro por uma maior exposição ao açúcar, parte de um plano mais amplo de expandir seu portfólio de propriedades destinadas ao cultivo de cana, com a meta de que o segmento represente 30% de suas áreas. O mais recente resultado financeiro da BrasilAgro indicou que a cana-de-açúcar representava 14% do total de 172.459 hectares de área de produção da empresa. Novos investimentos serão realizados, mas com o objetivo de aumentar a participação do açúcar no mix, em virtude da perspectiva de preços mais rentáveis. Historicamente, a BrasilAgro tem uma média de colheita de 110 toneladas a 115 toneladas por hectare no primeiro e segundo corte. Há, porém, a expectativa de alavancar esse potencial em Brotas.
Para isso, a empresa já vinha realizando o planejamento da safra, com definições sobre a logística, além de inspeção do canavial para definir como atuaria em temáticas como nutrição e controle de pragas, mesmo antes da oficialização do arrendamento. A empresa já vinha acertando as operações, com conversas e acompanhamentos nas áreas para preparo de solo, assim como definindo as estratégias de variedade que estavam sendo implantadas. A produtividade na safra 2024/2025 em Brotas já deverá superar a dos outros canaviais da BrasilAgro. Para o Maranhão, a empresa prevê colheita de 82 toneladas por hectare, em uma área de quase 15 mil hectares, enquanto em Mato Grosso deve ficar entre 85 toneladas e 87 toneladas por hectare; são 4,5 mil hectares. A BrasilAgro optou por iniciar a safra em sua unidade do Mato Grosso apenas na última metade de abril, com a unidade do Maranhão prevista para 15 de maio.
Esse adiamento reflete a escassez de chuvas nos últimos meses de 2023, que tende a atrapalhar o desenvolvimento dos canaviais. É esse impacto que a empresa espera reduzir com a estratégia. Ao atrasar a colheita, pode-se melhorar a produtividade do canavial e colher em condições climáticas mais favoráveis, com tempo mais seco, potencializando o acúmulo de sacarose. A diversificação agora adotada na destinação da cana-de-açúcar, já se dá na localização das áreas produtoras, sendo vista com um trunfo da BrasilAgro. E ganha importância em temporadas como a 2024/2025, que deve ser marcada pelo fenômeno climático La Niña. Embora o clima possa ficar mais seco em São Paulo e Mato Grosso, espera-se um aumento na precipitação na Região Nordeste, o que beneficiaria o cultivo no Maranhão. Essa estratégia ajuda a lidar com eventos climáticos, pois a diversidade de regiões produtoras traz estabilidade à nossa produção. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.