25/Apr/2024
As duas maiores distribuidoras de combustíveis do País, Vibra e Raízen, se uniram na Região Norte do País para aumentar o volume disponível na região e arredores. Nesta quarta-feira (24/04), em Santarém (PA), as duas companhias inauguraram um terminal com capacidade para movimentar 2 bilhões de litros de combustíveis por ano. Quando entrar em operação, a Base Santarém será o principal ponto de abastecimento do oeste do Pará, da Amazônia Ocidental e do norte de Mato Grosso, reduzindo custos logísticos, emissões de CO2 e desenvolvendo a economia local. O valor do investimento ainda não foi divulgado, devido ao período de silêncio da Raízen, que apresenta o resultado do quarto trimestre do ano passado no dia 13 de maio, depois do fechamento do mercado.
Localizada onde os rios Amazonas e Tapajós se encontram, a nova base tem como objetivo atender principalmente o agronegócio e transportes da região, o que deve ocorrer a partir de maio, depois que o projeto receber autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Uma das vantagens do novo terminal será permitir a atracação de navios de grande porte, o que antes das obras não era possível. Até então, Santarém era abastecida por um pequeno terminal local que atendia apenas o consumo da região. Atualmente, Santarém não é um polo de importação, mas com essa expansão e a ampliação do píer, será possível receber produto importado, de cabotagem ou mesmo de alguma refinaria nacional. Vai ser principalmente um polo de diesel para Mato Grosso.
Esse terminal também vai receber combustíveis em navios grandes, para poder a partir daí embarcar os combustíveis em barcaças para suprir outras localidades na Região Norte, como Porto Velho (RO), de barcaça, para Manaus (AM), caminhões para Mato Grosso, ou seja, é um ganho de flexibilidade pra atendimento da Região Norte com um custo mais eficiente, à medida que poderá receber lotes maiores dos navios. A expansão é uma chance de ajudar a descarbonizar a própria operação e dos clientes da Vibra e Raízen, entre eles, a Vale. Com aproximadamente 120 milhões de litros de capacidade, a Base de Santarém tem conexão com píeres de navios e barcaças, que farão a distribuição pelos dois rios. Até o final de 2025, o projeto prevê também outras entregas para atender os mercados no entorno da BR-163, que liga o Rio Grande do Sul ao Pará.
Para a Raízen, o terminal trará ganho de eficiência e deve evitar de dois a três fretes marítimos em cada operação. Isso em uma região onde a demanda por combustíveis não para de crescer, puxado pelo agronegócio. Será a porta de entrada para qualquer navio de grande porte. Será possível receber qualquer produto e exportar, pois é um terminal multimodal. O terminal vai melhorar o escoamento logístico, lembrando que a Região Centro-Oeste é a que mais cresce. A parceria das duas rivais de mercado não é inédita. Repetida em alguns leilões de áreas portuárias, é comum que distribuidoras se unam com as concorrentes para dividir investimentos. Em Pernambuco, a operadora é a Vibra e o terminal das empresas no Porto de Suape também passa por expansão.
No caso da Base Santarém, a operadora será a Raízen, que detém 60% do negócio e já possui 20% do mercado do Pará. Para a Vibra, o novo terminal significa uma expansão ainda maior no Pará, mercado que já lidera com 40,7% de market share, e onde investiu R$ 350 milhões nos últimos cinco anos. Além de Santarém, a Vibra possui três terminais no Estado, sendo o maior em Belém, mas também está em Marabá e Miritituba. Na ponta comercial a briga é ferrenha. Cada um tem sua política e está todo mundo brigando para conquistar clientes, fazer a sua rede de postos. Mas, na parte de infraestrutura, faz sentido fazer operação conjunta porque reduz custos, que vai para as duas empresas, e acaba acirrando a briga na ponta, porque a maior parte dessa redução de custos é repassada.
Apesar de ter sido planejado muito antes do anúncio de que a COP30 seria realizada no Pará, em 2025, o novo terminal das duas distribuidoras pode ajudar a atrair novos investimentos. Essa base já estava prevista antes da COP30, mas o que está acontecendo é ótimo, porque cria uma logística para a região, que vai ser beneficiada com mais impostos, mais navios. O Brasil tem uma grande chance de ser protagonista na agenda ambiental e o terminal é a prova do engajamento da Vibra nessa empreitada. A Vibra tem uma presença forte na região amazônica e esses investimentos são uma prova que a empresa continua apostando na melhoria da infraestrutura, não só pela redução de custos, mas pela redução das emissões. Á medida que entra com navio de grande porte, ele emite muito menos do que quando isso é feito por barcaças ou caminhões. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.