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22/Apr/2024

Carro Elétrico: entrevista com Alexandre Baldy - BYD

A volta do imposto de importação, no início do ano, sobre carros híbridos e elétricos dificulta, mas não muda os planos da BYD no Brasil, assegura o conselheiro especial da marca chinesa no País, Alexandre Baldy. Em entrevista, Baldy falou sobre o andamento das obras para que os primeiros carros eletrificados da marca comecem a sair em dezembro da fábrica que pertencia à Ford em Camaçari, na Bahia. Em paralelo, a BYD segue expandindo a rede de concessionárias para chegar a 250 lojas até meados do ano que vem. Ex-ministro das Cidades no governo Michel Temer, Baldy faz hoje a interlocução da BYD com o setor público e dá suporte jurídico à montadora chinesa em seus primeiros passos no Brasil. A meta da empresa é ser uma das cinco maiores marcas de carros do País em três anos. Para isso, ampliou recentemente o seu plano de investimentos no Brasil, de R$ 3 bilhões para R$ 5,5 bilhões. Segue a entrevista:

Broadcast: Como está a evolução do projeto industrial da BYD?

Alexandre Baldy: As formalidades para a aquisição da área foram todas atingidas. E agora a obra está em andamento, com centenas de pessoas já trabalhando. Vamos colocar cada vez mais pessoas na construção civil porque o nosso objetivo é iniciar em dezembro a operação de montagem.

A operação começa com quais modelos?

Alexandre Baldy: Três modelos inicialmente: Song, Dolphin e Dolphin Mini.

A BYD adquiriu mais um terreno na Bahia?

Alexandre Baldy: Adquiriu para a construção de um complexo habitacional aos funcionários, bem próximo à fábrica. Esse projeto está sendo elaborado, mas a perspectiva é atender mais de 4 mil famílias. Vai ser um complexo habitacional com escolas, creches, centros de convivência, um ambiente realmente acolhedor.

Por esse motivo a BYD ampliou o programa de investimentos?

Alexandre Baldy: Não, não foi. Os investimentos são para ter a primeira fase de montagem, depois a segunda fase, alguns meses depois, de produção completa. Dado o sucesso na introdução da marca, estamos ampliando a rede de concessionárias. Inauguramos já neste mês a centésima concessionária, e temos outras 45 em obras. O objetivo é ter 200 concessionárias até o fim de 2024, e 250 em meados de 2025. Para todo esse projeto, foi necessária a ampliação do investimento.

Essa rede de 250 concessionárias atende ao plano de vendas nos primeiros anos da BYD no Brasil?

Alexandre Baldy: Esse é o plano que está colocado hoje, mas eu acredito que, ao longo dos próximos anos, esse número vai aumentar, até porque haverá uma decisão se outras marcas da própria BYD virão ou não para o Brasil.

Então, existe a possibilidade de outras marcas do grupo chegarem?

Alexandre Baldy: Existe a possibilidade. São decisões que serão tomadas no futuro.

A volta do imposto de importação sobre carros elétricos e híbridos freou a entrada da BYD no Brasil? Mudou as expectativas de vendas para este ano?

Alexandre Baldy: Para nós, é impactante. É realmente uma dificuldade para qualquer empresa, porque aumenta o custo. Mas a BYD tem mantido firme o seu investimento no parque industrial. O imposto de importação é prejudicial, atrapalha muitos planos que poderiam ocorrer no Brasil, mas o da BYD está mantido. Estamos sacrificando margens para democratizar o acesso aos nossos produtos.

A volta do imposto de importação comprometeu o plano da BYD de trazer carros elétricos por R$ 100 mil?

Alexandre Baldy: Nós lançamos um carro no valor de R$ 115 mil. É na faixa de R$ 100 mil, nunca divulgamos o preço exato. Agora, não tenha dúvida de que o imposto de importação criou um custo adicional. Acessamos ao programa Mover, demonstrando nosso interesse e compromisso com as políticas públicas. O único ponto crítico realmente foi a implementação do imposto de importação, que não tratou os desiguais de modo igual.

Como assim?

Alexandre Baldy: Existem empresas que não têm compromisso de investir no Brasil, de produzir os seus produtos localmente, como a BYD tem. Estamos falando de quase meio bilhão de Reais já investido na nossa rede de concessionárias, e mais meio bilhão de reais que está sendo investido. Cada loja gera entre 60 e 80 empregos. Estamos falando que até o fim do ano serão quase 12 mil pessoas trabalhando nas nossas lojas em todo o Brasil. Adicionalmente, fazemos um investimento muito expressivo na indústria, retomando um projeto simbólico como a planta da Ford em Camaçari.

As cotas de importação livre do imposto são insuficientes?

Alexandre Baldy: São completamente insuficientes para poder montar uma rede, para poder montar uma indústria. Uma cota para importar 3 mil unidades de um modelo e 2 mil unidades de outro não viabiliza de modo algum uma transição para uma fábrica de 150 mil unidades por ano.

Como o senhor recebe as críticas feitas pela Anfavea (entidade das montadoras) de que as importações estão mordendo o mercado e tirando espaço de fabricantes nacionais, que geram empregos no País?

Alexandre Baldy: Essas críticas não nos cabem. Estamos investindo na publicidade brasileira, estamos investindo numa rede de concessionárias brasileira, e estamos gerando emprego numa unidade industrial que estava fechada, o que é o mais simbólico. Certamente, esta crítica pode servir a oportunistas, aventureiros circunstanciais, mas não à BYD.

Fonte: Broadcast Agro.