16/Apr/2024
A moagem de cana-de-açúcar na safra 2024/2025 do Centro-Sul do Brasil, que começou em 1º de abril, deve ser menor que a do ciclo passado, mas a participação de açúcar no mix de produção tende a ser recorde, superior a 50%. Segundo analistas, a incerteza que cerca a temporada é se o volume de cana-de-açúcar a ser processado alcançará ou não a marca de 600 milhões de toneladas. As projeções apontam para um volume inferior às 649,389 milhões de toneladas apuradas pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) até a primeira metade de março para a safra 2023/2024. Ainda assim, a estimativa atual representa aumento de cerca de 10% em relação ao total de 548 milhões de toneladas processadas na safra 2022/2023. A Datagro, por exemplo, estima moagem de 592 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na temporada 2024/2025, enquanto o Rabobank prevê um volume de 590 milhões a 600 milhões de toneladas.
A BP Bunge, que no início de março apontava safra de 598 milhões de toneladas, agora considera 600 milhões a 615 milhões de toneladas. A chuva recente foi acima da média e ajudou consideravelmente um cenário que vinha preocupando, justifica a BP Bunge. Houve irregularidade das precipitações no quarto trimestre de 2023 e as temperaturas estavam elevadas, uma combinação que deve reduzir a produtividade das lavouras. De novembro para frente, as chuvas ficaram 24% abaixo do nível histórico e foram mal distribuídas. Na visão da BrasilAgro, o clima adverso pode levar a uma safra menor do que a prevista hoje. Poderá haver surpresas negativas em termos de potencial produtivo da cana-de-açúcar precoce e do primeiro corte, devido ao estresse severo. É praticamente o oposto do que aconteceu na última safra. Isso pode reduzir o teor de açúcar recuperável total (ATR), exigindo mais cana-de-açúcar para a produção. A possibilidade de geada, impulsionada pelo fenômeno climático La Niña, e incêndios, devido à falta de chuvas, são riscos a serem monitorados ao longo da safra.
Por outro lado, para aumentar a produtividade, o nível de chuvas em abril e maio, meses historicamente com pouca precipitação, pode ser crucial para o desenvolvimento dos cultivos. A cana-de-açúcar beneficiou-se das chuvas no fim de março, mas ainda precisa de precipitação em abril e maio. Enquanto o clima segue uma incógnita, a liderança do açúcar no mix de produção em 2024/2025 é consenso. Segundo a Datagro, após representar 48,8% do mix do Centro-Sul na safra anterior, a participação do açúcar aumentará para 52% nesta temporada. O Rabobank aponta 51,5% e a BP Bunge, 51,4%. Os motivos são preço e demanda. Atualmente, o açúcar é mais rentável do que o etanol e, sendo o Brasil fundamental na oferta global do adoçante, as usinas decidiram apostar mais no açúcar. É um novo recorde em termos de participação do açúcar no mix. Os preços mais altos indicam essa tendência, assim como os recentes investimentos em cristalização, observou o Rabobank.
Mesmo com participação maior no mix, o açúcar produzido deverá resultar em menor volume que as 42,24 milhões de toneladas da safra 2023/2024 (dados da Unica até o fim da primeira metade de março). As estimativas da Datagro preveem produção de 40,9 milhões de toneladas em 2024/2025, enquanto o Rabobank projeta 41,2 milhões de toneladas. A BP Bunge trabalha com um volume entre 41 milhões e 42 milhões de toneladas. Essa queda, porém, pode passar despercebida diante de um estoque inicial mais volumoso na atual temporada. Neste ano, o estoque inicial é maior, passando de 1,64 milhão de toneladas na safra anterior para 3,33 milhões de toneladas agora. Assim, a soma entre o estoque inicial e a produção é praticamente igual para as safras 2023/2024 e 2024/2025, em torno de 44,2 milhões de toneladas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.