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02/Apr/2024

Petróleo se consolida como produto de exportação

A economia brasileira se transformou em uma das principais exportadoras de petróleo e subiu mais um degrau: tem conseguido abrir novas fronteiras para a venda do produto. Num movimento que vem ganhando força ao longo dos últimos anos, o País tem se beneficiado do aumento de produção local e das transformações geopolíticas recentes. Em 2019, antes da pandemia de Covid-19 e da guerra entre Ucrânia e Rússia, a China representava 64% das vendas brasileiras de óleos brutos, mostra um mapeamento realizado pela Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex). Em 2023, o gigante asiático respondeu por 46,6%. Nesse período, na contramão da China, a participação da União Europeia, que teve o fornecimento de combustível e energia afetado com o conflito da Ucrânia, subiu de 6,9% para 23%, e a de outros países da Ásia (excluindo a China), aumentou de 7% para 9%. Nesses quatro anos analisados, a venda total de óleo bruto de petróleo subiu de US$ 24,2 bilhões para US$ 42,5 bilhões. As exportações para a China cresceram 28%, e aumentaram 60% para outras economias.

O Brasil está, de forma correta, encontrando alternativas para o enfraquecimento da demanda chinesa do petróleo. Considerada um dos motores da economia global, a China tem enfrentado um cenário mais complicado, lidando com uma crise imobiliária. Neste ano, o governo chinês estimou um crescimento de 5%, um número que pode ser considerado otimista se comparado com a projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI), que é de alta de 4,2%. Os números do primeiro bimestre deste ano indicam que esse cenário de diversificação continua. A venda de óleos brutos de petróleo liderou a exportação do Brasil para Ásia, União Europeia e Estados Unidos. Representou 21%, 19% e 15%, respectivamente, daquilo que foi vendido para cada bloco e país no período. Tem havido uma diversificação. O petróleo brasileiro está indo a mais mercados do que ia antes, avalia o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre). Em janeiro e fevereiro, as exportações de óleo bruto de petróleo somaram US$ 7,520 bilhões, o que representa um crescimento de 73,9% na comparação com o mesmo período do ano anterior.

A alta foi puxada pelo aumento na quantidade (o avanço é de 75,9%). Os preços recuaram 1,1%. O Brasil deve continuar tendo sucesso nas exportações nos próximos anos. Nos últimos anos, o Brasil conseguiu se transformar em um dos principais participantes do mercado global de petróleo. Em 2022, foi o 9º maior produtor do mundo e apareceu na décima colocação entre os exportadores. O crescimento da produção pode ser explicado, em parte, pelo desempenho do pré-sal e pelo aumento de preços do petróleo observado ao longo das últimas décadas, o que torna viável e interessante a exploração. Como o Brasil tem baixa capacidade de refino, o destino do produto acaba sendo a exportação. O petróleo passou a ter um percentual importante das exportações brasileiras. Há sempre um crescimento na quantidade exportada. Hoje, o Brasil se tornou um grande exportador de petróleo. Em 2024, a produção de petróleo deve crescer 6%, para 3,6 milhões de barris por dia, acima, portanto, dos 3,4 milhões de barris apurados em 2023, de acordo com projeção do Itaú Unibanco. Até 2030, deve chegar a 4 milhões de barris.

Neste ano, a estimativa de receita é de US$ 50 bilhões com a exportação do produto, o que, se confirmado, será um valor recorde. Há uma grande dúvida de como a produção brasileira deve se comportar a partir de 2030, quando o crescimento da produção deve perder fôlego. Num cenário em que o mundo discute a transição energética, o novo foco de exploração pode se dar na Margem Equatorial, que fica entre o Amapá e o Rio Grande do Norte. O tema, no entanto, divide integrantes do governo, e a exploração da Margem Equatorial tem recebido críticas de ambientalistas e atenções da comunidade internacional. O bom desempenho do petróleo na balança comercial fez com o que produto passasse a rivalizar com a soja e o minério de ferro pela liderança da pauta de exportação do Brasil. Em 2024, ainda não é possível afirmar que o petróleo seguirá na liderança da pauta exportadora, como apurado no primeiro bimestre, quando respondeu por quase 15% de tudo o que foi vendido pelo Brasil para o exterior. Os números de parciais de março (até o dia 25) mostram uma queda de cerca de 30% nas vendas para o exterior.

A questão é que está havendo um aumento de quantidade, mas o preço está caindo, afirma a Associação de Comércio Exterior (AEB). Os números mais recentes mostram o preço do petróleo mais próximo da faixa de US$ 85,00 por barril. No início da guerra na Ucrânia, chegou a superar os US$ 120,00 por barril. O que é um consenso entre os analistas é o fato de que o petróleo vai contribuir cada vez mais com a balança comercial brasileira. Para o Itaú Unibanco, o petróleo é um dos fundamentos para uma melhora da balança comercial, auxiliando o País a ter superávits acima da média histórica dos últimos anos. No ano passado, o País registrou um superávit recorde de US$ 98,8 bilhões. Em 2024, os analistas estimam um saldo positivo de, pelo menos, US$ 85 bilhões, alguns não descartam um número superior a US$ 90 bilhões ou próximo do que foi observado no ano passado. O banco Santander afirmou não ter nenhum tipo de preocupação com a pauta exportadora. O setor externo está muito sólido e robusto e não deve trazer preocupação para os próximos anos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.