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19/Mar/2024

Açúcar remunerará mais que etanol em 2024/2025

Na safra sucroalcooleira que está terminando (2023/2024), o açúcar teve um prêmio histórico em relação ao etanol, garantindo que as usinas direcionassem o máximo possível de sua cana-de-açúcar para a produção da commodity, em detrimento do álcool. Para a próxima temporada (2024/2025), que começa em abril, a diferença tende a diminuir, mas não o suficiente para que as usinas voltem suas unidades para a produção de etanol. Os contratos do açúcar negociados na Bolsa de Nova York estão cerca de US$ 0,09 por libra-peso mais altos que o preço do etanol hidratado para as usinas de Ribeirão Preto (SP) convertido ao valor do açúcar. Essa diferença, que já esteve em US$ 0,11 por libra-peso, tende a apertar na próxima temporada, mas não deve sumir. O estreitamento dessa “boca de jacaré” (o formato atual do gráfico de preços de açúcar e etanol) deve refletir uma redução da produção de etanol de cana-de-açúcar.

Nesta safra, a produção do biocombustível superou expectativas com a forte colheita da matéria-prima, pressionando a oferta. Segundo a consultoria FG/A, estão vindo dados muito ruins de chuvas e deverá haver alguma redução na oferta de cana-de-açúcar. Por ora, a previsão é de uma redução de 5% na moagem na próxima safra, mas a estimativa ainda pode mudar a depender das chuvas do primeiro trimestre de safra, de abril a junho. A menor oferta de cana-de-açúcar deve afetar de forma concentrada a produção de etanol, já que as usinas devem continuar priorizando o açúcar. A FG/A estima que a produção de açúcar pode até aumentar, dados os investimentos feitos em novas fábricas por parte de empresas que só tinham destilarias, além de investimentos para ampliar a capacidade de produção da commodity. A consultoria projeta que, para a próxima safra, entrará em operação uma capacidade adicional de 2 milhões de toneladas, e para a seguinte (2025/2026), mais 1,5 milhão de toneladas em capacidade.

Para a oferta de etanol hidratado, a FG/A estima uma redução no volume total em 2,5 bilhões de litros em relação à atual, voltando aos níveis da temporada 2022/2023. Naquele ciclo, os preços do biocombustível ficaram em média em 70% ante a gasolina, bem em cima da paridade entre os combustíveis, o que costuma atrair o motorista de carro flex para o renovável. Pode ser que haja um ano de mais convergência de preços entre açúcar e etanol. Não a ponto de equilibrar, mas é possível um cenário de etanol um pouco melhor e de preço de açúcar levemente menor. A remuneração do açúcar, hoje 50% acima do etanol, deve cair a 25% em 2024/2025. Segundo a HedgePoint, a recuperação dos preços do etanol, porém, depende do comportamento da demanda, que no ano passado decepcionou e só começou a reagir neste ano. Pode ter uma tendência de fechamento da ‘boca de jacaré’ se a recuperação da demanda se mantiver na próxima safra.

A HedgePoint aposta em uma recuperação do etanol caso o consumo o ciclo Otto surpreenda e cresça 2,5% este ano. Porém, ainda que o preço do etanol suba, ficará bem distante da remuneração do açúcar. Segundo a StoneX, o etanol hidratado recebido pelas usinas teria que superar R$ 4,00 por litro, ou seja, praticamente dobrar de preço em relação aos valores atuais. Isso não vai acontecer. O fechamento da ‘boca de jacaré’ é uma tendência de médio prazo, e gradual. Além disso, para que um encurtamento do prêmio ocorra, o preço do açúcar não pode reagir, o que não está garantido. Mesmo com o aumento da oferta brasileira, a próxima safra da Índia e da Tailândia ainda está longe, e a demanda segue firme. A demanda continua crescendo e o mercado fica mais apertado. A oferta crescente de etanol de milho também tem afetado a dinâmica do mercado, elevando a pressão sobre as cotações, mesmo na entressafra de cana-de açúcar. Isso dificulta altas mais fortes do etanol. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.