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24/Jan/2024

Petróleo: projeção é de preços estáveis em 2024

A frustração com o desempenho da economia global e as altas taxas de juros, principalmente do mercado norte-americano, estão mantendo o petróleo abaixo dos US$ 80,00 por barril nos últimos meses. Nem mesmo os conflitos em países produtores, como o Irã, estão conseguindo romper essa barreira. Para 2024, a expectativa é de que o petróleo permaneça próximo aos preços atuais, o que poderá mudar se houver acirramento dos conflitos o Oriente Médio e os juros caírem. Se nada disso acontecer, a tendência é que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) atue, como fez no ano passado com cortes na produção, para que, pelo menos, a cotação se mantenha na faixa entre US$ 70,00 e U$ 80,00 por barril. Segundo a consultoria Leggio, com a incerteza sobre o grau de envolvimento dos Estados Unidos na guerra de Israel, é muito difícil prever se o conflito poderá afetar o trânsito de produtos no Golfo Pérsico. Havendo impacto no trânsito de petróleo pelo Golfo Pérsico (Estreito de Ormuz), pode haver elevação rápida dos preços, assim como no caso da Guerra da Ucrânia.

Sem essa ampliação do conflito, ou seja, na situação atual, os preços tendem a se manter entre US$ 70,00 e US$ 80,00 por barril. Para a consultoria de preços Argus, o principal fator ditando o preço do petróleo hoje é a demanda, que não avança. Para 2024, a demanda global deve cair, após um inverno "suave" no Hemisfério Norte, o que derrubou ainda mais a procura por combustível de calefação, um dos fatores de pressão sobre a oferta em determinadas épocas do ano. Além dessa dinâmica climática, o cenário macroeconômico global é desanimador: as taxas de juros estão elevadas na zona do euro e, com a inflação local em nova alta, haverá dificuldade em baixar esses juros, o que vai pesar na demanda da indústria europeia. Sobre essa regularidade da oferta, a tendência de alta em países fora e dentro da Opep. O preço está acompanhando mais a expectativa frustrada da retomada de atividade econômica no mundo. Então, apesar dos cortes de oferta da Opep e aliados, prevalece como influência no preço a demanda abaixo do esperado.

Houve um pico de preço no fim de dezembro por conta dos ataques a navios no Mar Vermelho, mas as cotações logo voltaram a ficar moderadas. A Wood Mackenzie projeta um preço médio Brent estável entre US$ 75,00 e US$ 80,00 por barril. Ressalta-se a regularidade no suprimento e as produções em alta fora da Opep, sobretudo de Estados Unidos, Guiana, Brasil e Argentina, sendo que este último poderá escoar o gás associado de Vaca Muerta via novo gasoduto. O mercado está bem abastecido e com produções em alta, enquanto não há muito mais espaço para cortes dentro da Opep. Os países do bloco têm de fechar seus orçamentos e novos cortes só teriam o efeito de dar market share para o óleo norte-americano, brasileiro e russo. Do lado da demanda, um fator relevante tem sido o desempenho da economia da China, às voltas com nível maior de endividamento, população em declínio e consumo de petróleo em queda. Na Europa e Estados Unidos, as taxas de juros elevadas não devem ceder muito ao longo de 2024, rebaixando a atividade econômica. Considerando tudo isso, a faixa dos US$ 80,00 por barril pode ser mantida durante o ano.

Mas, algum fator externo, como problema mais sério no Oriente Médio que jogue esse preço para cima, não está descartado. Para 2024, está mantido o "novo normal" do mercado, com o petróleo russo alimentando mercados na Ásia e parte do produto brasileiro e de outras nacionalidades chegando com mais força na Europa e nos Estados Unidos. Os problemas de tráfego de navios, aos quais recentemente se juntou o menor volume de água no Canal do Panamá, aumentam o custo de frete, mas ainda não sustentam uma alta mais estrutural no preço da commodity. Para a StoneX, o panorama de 2024 é bem diferente do ano passado por conta dos inúmeros conflitos no Oriente Médio que afetam o fluxo da commodity, o que deixa mais caras as rotas marítimas, e que podem se agravar. A economia chinesa é uma das maiores frustrações de 2023 e percebe-se um certo ceticismo do mercado em relação à queda de juros. O petróleo e o mercado de energia como um todo é muito sensível ao mercado financeiro, principalmente taxa de juros, principalmente do Fed (banco central norte-americano).

No momento em que não está claro quando será reduzia da taxa de juros, o mercado está cético, e isso acaba afetando e pesando nos futuros do petróleo. A especulação é de que o Fed reduza os juros em março, mas não há nada certo. Os conflitos no Oriente Médio, principalmente no Irã, que é grande produtor, poderá mudar a tendência de estabilidade nos preços, assim como um eventual crescimento global da economia. O Irã pode entrar em um conflito maior, ou receber uma sanção muito forte, se Donald Trump for eleito nos Estados Unidos. Dessa maneira, o fluxo poderia diminuir e influenciar o mercado internacional. Mas essas questões políticas sempre são muito sensíveis, e a Opep não vai deixar o preço ficar mais baixo do que os preços atuais, deve segurar se houver grandes quedas do preço de petróleo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.