23/Jan/2024
O Brasil pode alcançar um valor recorde com a exportação de petróleo bruto em 2024. Em um cenário de produção crescente, a expectativa é a de que o produto seja ainda mais relevante na balança comercial brasileira nos próximos anos, o que deve contribuir para os números do setor externo do País. Para este ano, a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) projeta que as vendas do petróleo podem somar US$ 43,575 bilhões. Até então, o melhor desempenho obtido com a exportação de petróleo foi observado em 2022, quando o País vendeu US$ 42,553 bilhões. Em 2023, o resultado foi muito parecido: US$ 42,539 bilhões. A exportação de petróleo está crescendo em termos de quantidade. Há um aumento todo ano. Nas projeções da associação, a exportação do produto atingirá 83 milhões de toneladas, acima das 81 milhões de toneladas apuradas em 2023.
As previsões da AEB foram feitas no fim do ano passado e podem ser alteradas ao longo de 2024. O preço do petróleo pode ser impactado, por exemplo, por alguma questão geopolítica que hoje não está no radar dos analistas. O preço do petróleo tipo Brent chegou a ser cotado por volta de US$ 95,00 por barril logo após o início da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, no início de outubro. Mas recuou desde então: na sexta-feira (19/01), a cotação era de US$ 78,73 por barril. Nos últimos anos, a exportação de petróleo assumiu um papel relevante na balança comercial, rivalizando com soja e minério de ferro, dois dos principais itens da pauta brasileira. A projeção é de que esse protagonismo se consolide nos próximos anos, diante da perspectiva de forte aumento da produção até 2030. Daqui até lá, o Brasil terá uma curva ascendente de produção de petróleo, o que significa que o petróleo vai ser sempre o item mais importante ou o segundo mais importante da balança comercial, afirma o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).
Os especialistas explicam que, como o Brasil tem uma produção alta e uma capacidade de refino limitada, o excedente é vendido. Segundo o banco Santander, 50% do que é produzido acaba sendo escoado para o exterior. Até o fim desta década, a produção de petróleo no Brasil deve ter uma alta de quase 43%, saltando de 3,5 milhões de barris por dia para 5 milhões diários, projeta o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). Nos próximos anos, o Brasil tende a ser um dos cinco, seis maiores produtores de petróleo do mundo. Em 2022, no último dado disponível consolidado, o Brasil estava na 9ª colocação entre os principais produtores. No ano passado, a economia brasileira ganhou um reforço importante na sua capacidade de produção. Quatro plataformas entraram em operação. Em 2024, mais uma deve começar a funcionar, de acordo com um acompanhamento da consultoria Tendências. Juntas, têm capacidade para 660 mil barris por dia.
Neste ano, deve haver um aumento de produção em cima de um crescimento bastante forte no ano passado, que foi de 10%. A demanda doméstica não vai aumentar muito mais e o excedente vai ser exportado. Em 2025, a expectativa é a de que mais cinco plataformas entrem em operação, aumentando a capacidade de produção em mais 905 mil barris por dia. Tem uma certa limitação no refino e um cenário econômico interno nada muito brilhante. Esses dois fatores tendem a gerar um excedente e uma balança mais superavitária. A escalada de produção de petróleo prevista para durar até 2030 abriu uma discussão sobre o que vem depois num momento em que o mundo discute a transição energética, para fontes mais limpas de energia. Nesse debate, que divide também integrantes do governo Lula, a principal aposta é a de que o novo foco de exploração se dê na Margem Equatorial, que fica entre o Amapá e o Rio Grande do Norte, e é formada por cinco bacias (Foz do Amazonas, Potiguar, Pará-Maranhão, Barreirinhas e Ceará).
No passado, a principal bacia produtora era Campos e, agora, é Santos. A próxima fronteira deveria ser a Margem Equatorial para o País não perder protagonismo. Em dezembro, a Petrobras informou que iniciou a perfuração do poço de Pitu Oeste, no Rio Grande do Norte. O grande debate dentro do governo é sobre a perfuração da Bacia da Foz do Amazonas. Ela continua vetada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a estatal recorre para reverter a decisão. O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, é um dos grandes defensores da exploração de novas fronteiras, incluindo a Margem Equatorial. Como contraponto dentro do governo, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou, em entrevista ao jornal britânico Financial Times, que o País deveria impor limites à exploração de petróleo. É um debate que não é fácil, mas que os países produtores de petróleo terão de enfrentar. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.