08/Jan/2024
Ao longo dos últimos meses, as análises sobre o setor sucroenergético recaíram, com frequência, sobre o desempenho das vendas de combustível, os preços frágeis dos etanóis anidro e hidratado e seus fundamentos e o clima favorável às atividades no campo. E, assim, a safra 2023/2024 de cana-de-açúcar vai se encerrando na região Centro-Sul atingindo números bem robustos. De modo geral, o setor sucroenergético cresceu em 2023 e se fortaleceu em meio ao cenário um tanto quanto desfavorável e desafiador que se desenhou, e se prepara para a nova temporada 2024/2025, em que a moagem de cana deve ser antecipada. Até há pouco tempo, a receita das unidades produtoras da região Centro-Sul se restringia à venda de açúcar e etanol de diferentes tipos e mercados atingidos e outros produtos secundários, como bagaço, levedura e óleo fúsel.
Nos últimos anos, contudo, o leque se ampliou de maneira substancial, já que a atividade deixou de ser protegida por políticas públicas, passando a viver em maior grau a realidade dos riscos de mercado, além do tradicional risco de produção. Alguns exemplos são o biometano, a venda de Crédito de Descarbonização (CBIO), a comercialização do CO² verde a partir da purificação do bioagás e da fermentação do etanol e o Combustível Sustentável de Aviação (SAF, sigla em inglês). Ainda assim, no portfólio de produtos comercializados pelas unidades produtoras, os carros-chefes continuam sendo o açúcar (especialmente na safra atual) e o etanol. No caso do alimento, as cotações se sustentaram ao longo da temporada 2023/2024, enquanto as do biocombustível registraram fortes quedas. Com a maior oferta, os preços dos etanóis fecham 2023 em baixa frente aos do ano anterior.
Na parcial do ciclo vigente 2023/2024, os Indicadores CEPEA/ESALQ mensais dos etanóis hidratado e anidro do estado de São Paulo acumularam respectivas desvalorizações de 15,6% e de 14,9% frente aos de igual período da temporada anterior, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-M). Os preços foram influenciados pela maior produção de cana-de-açúcar e pelo rápido andamento das atividades agrícolas e industriais em São Paulo. Os efeitos do fenômeno El Niño foram pouco sentidos pelo setor sucroenergético, e o processamento de cana se estendeu para dezembro para algumas unidades produtoras. No caso do açúcar, o cenário foi um pouco diferente, com as cotações internacionais dando bom suporte aos preços domésticos. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), os contratos futuros atingiram a marca de 28 centavos de dólar por libra-peso no começo de novembro/2023. Se o volume de etanol a partir da cana-de-açúcar cresceu, o combustível vindo do milho no Centro-Oeste brasileiro foi o destaque na temporada atual.
Na parcial da temporada, o avanço foi de 42% na comparação com o mesmo período de 2022, com volumes que chegaram a 4,05 bilhões de litros. No front externo, os embarques brasileiros de etanol no acumulado da safra 2023/2024 somaram 1,73 bilhão de litros do biocombustível, baixa de 5,6% se comparado ao mesmo período da temporada passada. A receita arrecada foi no período somou US$ 1,07 bilhão, recuo de 20,5% em igual comparativo. Na Região Nordeste, a safra 2023/2024 se iniciou no final de julho na Paraíba e em setembro para maior parte das unidades de Pernambuco e Alagoas. As chuvas que atingiram a região, mais uma vez, impediram o início da moagem em alguns casos, e, com isso, a oferta começou a aumentar outubro. Nesta safra, observa-se que, por mais um ano, boa parte das unidades produtoras prioriza a produção de açúcar (destinado à exportação). Assim como no ano-safra anterior, a contratação de etanol anidro segue forte, reduzindo os volumes destinados ao mercado spot. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.