ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

07/Nov/2023

Ônibus elétricos estão movimentando o mercado

O projeto da Prefeitura de São Paulo de ter 2,6 mil ônibus elétricos em circulação na cidade até o fim de 2024 movimenta empresas do segmento para abocanhar parte do projeto. Algumas estão ampliando a capacidade produtiva, anunciaram contratações e investimentos para produção local. Os novos ônibus não emitem CO2 e substituirão 20% da frota a diesel que faz o transporte público hoje, mas custam o triplo. Outras cidades do País também estão testando veículos elétricos para modernizar suas frotas. São Paulo já recebeu 50 ônibus elétricos em setembro, fruto de parcerias entre Eletra, responsável pelos sistemas elétricos de tração e integração, Mercedes-Benz e Scania (chassis) e Caio (carrocerias). A previsão inicial era de 1 mil unidades neste ano, mas a maior parte deve ficar para 2024. Um dos motivos pode ser a falta de componentes enfrentada, por exemplo, pela Caio. A fábrica da BYD, em Campinas (SP), fornecerá 400 chassis de elétricos para a capital paulista e está em obras para elevar a capacidade produtiva, principalmente com a aquisição de equipamentos e novo layout do prédio.

Nos últimos três anos, a montadora já forneceu 19 ônibus a bateria para operadores do transporte público em São Paulo, feitos com carrocerias da Marcopolo. Para dar conta da nova demanda, que deve crescer no próximo ano, o número de funcionários na empresa passará de 60 para 150 até dezembro. É uma quebra de paradigma trocar ônibus a diesel por elétrico. Inicialmente, havia forças contrárias do mercado tradicional que queriam postergar o processo. A BYD iniciou operações no País em 2016 e hoje há 100 ônibus elétricos com seus chassis rodando em Estados como São Paulo, Ceará, Pará, Paraná e Distrito Federal. Em 2024, a BYD também vai começar a produzir automóveis elétricos na Bahia. As células das baterias para os ônibus vêm da matriz da BYD na China para a filial de Manaus (AM), onde são montados os módulos, e depois seguem para Campinas (SP), onde é feita a confecção dos packs (pacotes que agregam vários módulos em “caixas” que equiparão os veículos). A intenção do grupo é nacionalizar componentes no futuro.

A frota de São Paulo tem 11,9 mil ônibus, sendo 69 movidos a bateria interna e 201 trólebus (movidos a eletricidade por meio de cabos conectados a uma rede aérea). Cada ônibus a diesel emite cerca de 106 toneladas de CO2 por ano. Os 2,6 mil ônibus elétricos reduzirão em 275,6 mil toneladas de CO2 por ano. A capital paulista emite cerca de 11,6 milhões de toneladas de poluentes por ano. Outras cidades de São Paulo, como Campinas e São José dos Campos, e capitais de outros Estados, como Curitiba (PR), Salvador (BA) e Vitória (ES) também estão iniciando projetos de descarbonização dos transportes públicos para atender metas ambientais para os próximos anos. O País precisa de uma política nacional para o transporte público. Há morosidade nos processos, que são muito dependentes do setor público e de financiamentos, pois o investimento inicial em elétricos é alto. Um ônibus com essa tecnologia custa na faixa de R$ 2,5 milhões a R$ 3 milhões, ante R$ 700 mil a R$ 900 mil da versão a diesel. Apesar disso, a demanda tem movimentado o mercado.

A Mercedes-Benz iniciou em novembro de 2022 a produção de chassis para elétricos na fábrica de São Bernardo do Campo (SP) e 25 deles estão nesse primeiro lote, que receberam sistemas elétricos da Eletra e carrocerias da Caio. Outros 25 têm chassi da Scania. O grupo também tem um projeto próprio, o ônibus e500U, com chassi desenvolvido localmente. A Mercedes-Benz, afirma que mais de 600 funcionários foram capacitados para atuar na linha de produção. Esses ônibus usam motor e baterias elétricas de 600 volts e um manuseio errado pode resultar em doenças e até óbito. Também com fábrica no ABC paulista, a Eletra inaugurou em junho novas instalações com capacidade para preparar 1,8 mil ônibus ao ano. Com um turno de trabalho a mais, pode aumentar o volume em 50%. A Volvo inicia no fim deste mês testes de seu ônibus elétrico em São Paulo, o BZL que, inicialmente, usa chassi importado da matriz na Suécia. A montadora já tem parte da verba de R$ 1,5 bilhão do pacote de investimentos entre 2022 e 2025 comprometida com o início do processo de eletrificação de seus produtos no fim de 2024.

A companhia também faz testes com seu ônibus elétrico em Curitiba (PR), onde está sua fábrica, além de Santiago (Chile) e Bogotá (Colômbia). A Urbanização de Curitiba (Urbs), responsável pelo gerenciamento do transporte na cidade, informa que a meta é ter 33% de sua frota, de 1,1 mil veículos, com zero emissões até 2030, e 100% até 2050. Até junho do próximo ano, serão integrados à frota de Curitiba (PR) 70 ônibus elétricos. Além da Volvo, a BYD, Eletra e Marcopolo testam veículos na capital do Paraná. A Marcopolo também aguarda a homologação para oferecer seu ônibus Attivi em São Paulo. A companhia terá capacidade para produzir 1 mil ônibus por ano em Caxias do Sul (RS) a partir de 2024 e tem 130 unidades sendo testadas em várias cidades. Já a Volkswagen Caminhões e Ônibus se prepara para entrar nesse mercado em 2024, com seu e-Volksbus, feito em Resende (RJ). No dia 19 de outubro, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento de R$ 2,5 bilhões para projeto de eletrificação em São Paulo. Com esse dinheiro será possível adquirir entre 1 mil e 1,3 mil ônibus. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.