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10/Oct/2023

Petróleo: impacto limitado da guerra Hamas-Israel

Os conflitos deflagrados após o ataque do grupo palestino Hamas a alvos em Israel deram ponto final à correção que havia derrubado o petróleo na última semana. As cotações chegaram a disparar 5% nesta segunda-feira (09/10), diante dos temores de que as tensões no Oriente Médio amplifiquem as restrições de oferta já exacerbadas por cortes de produção em Rússia e Arábia Saudita. No entanto, a barreira ainda intocada dos US$ 90,00 por barril sugere que o mercado pode estar muitos mais resistente a choques geopolíticos do que em 1973, quando uma guerra semelhante impulsionou os preços da commodity. A Faixa de Gaza, epicentro dos confrontos que já deixaram mais de mil mortes, não é um polo indispensável de produção petrolífera. De acordo com o Departamento de Energia (DoE) dos Estados Unidos, o território palestino não tem reservas comprovadas de hidrocarbonetos, apesar de suspeita de que campos subterrâneos israelenses possam se estender pela região. Os israelenses, por sua vez, tinham em 2016 cerca de 14 milhões de barris, mas produzem muito pouco.

Os efeitos nos fluxos de petróleo, portanto, são residuais, conforme a empresa de dados e análises sobre os mercados de commodities Kpler. Então, a menos que aconteça propagação geográfica das turbulências nos próximos dias, o aumento nas cotações provavelmente será de curta duração. Neste contexto, a reação de outros atores no xadrez internacional deve ditar os potenciais impactos que o conflito poderá implicar. A Capital Economics lembra que, antes do final de semana, as negociações por um acordo de paz entre Israel e Arábia Saudita estavam bem encaminhadas e incluíam concessões israelenses na questão palestina. As discussões também previam uma possível elevação da produção saudita. Isso agora parece improvável. Embora ainda não tenham se materializado, preocupações com a possibilidade de disrupções produtivas no petróleo apoiam a cotação da commodity nos mercados internacionais. Há importantes produtores na região, com foco principalmente na Arábia Saudita. Também houve acusações de que o governo do Irã estaria diretamente ligado aos ataques à Israel, contextualiza a StoneX. Isso acabou engatilhando fortes receios por parte dos agentes financeiros.

A suspeita sobre o Irã preocupa especialmente, já que, além de ser um dos grandes produtores de petróleo, o país abriga o Estreito de Ormuz. O estreito fica localizado entre o Golfo de Omã e o Golfo Pérsico e é responsável por levar cerca de 20% de todo o petróleo consumido no mundo (aproximadamente 17 milhões de barris por dia). Possíveis retaliações de Israel ao Irã poderiam desencadear problemas logísticos para a oferta de petróleo no mundo, à medida que têm potencial para afetar os fluxos comerciais no estreito. O Hezbollah, grupo fundamentalista islâmico com sede no Líbano e apoio do Irã, emerge neste tabuleiro como agente essencial para entender os próximos passos. A imprensa local relatou ataques organizados pela organização paramilitar na região da fronteira com Israel, mas ainda não está claro se essas ofensivas significam uma entrada oficial na guerra. No cenário ainda algo improvável em que o Hezbollah se envolvesse diretamente, o risco de uma guerra mais ampla envolvendo o Irã aumentaria dramaticamente.

Segundo o Danske Bank, o envolvimento iraniano poderia reverter o aumento na produção que o país persa vinha empreendendo. No entanto, Arábia Saudita, Kuwait e Emirados Árabes Unidos teriam capacidade suficiente para mitigar esse movimento. Um aperto ainda maior no mercado de petróleo já não teria o mesmo efeito do que no início da guerra na Ucrânia. Então, o banco mantém a previsão de que o Brent vai ter média de US$ 85,00 por barril no quarto trimestre. Mais vulnerável que o petróleo, a disparada do gás natural pode ter implicações mais graves. Nos últimos anos, Israel avançou fortemente na exploração da commodity e descobriu diversos campos. O país determinou, nesta segunda-feira (09/10), o fechamento de um desses campos, da Chevron, o que levou a uma disparada nos preços. A guerra entre o Hamas e Israel acrescenta assim uma camada adicional de desconforto à situação global no mercado do gás natural e um potencial prêmio adicional sobre os preços do gás natural. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.