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29/Sep/2023

Volatilidade do petróleo e os reajustes da Petrobras

A oferta restrita de petróleo e derivados tem sido a principal causa do aumento dos preços do petróleo e dos derivados, principalmente o diesel, no mercado internacional. O momento, porém, é de alta volatilidade, devido às incertezas em relação à suspensão de exportações russas, o que deve levar a Petrobras a esperar mais tempo para amenizar a defasagem dos seus preços internos, já que não há risco de desabastecimento. O preço do petróleo tipo Brent passou ao patamar de US$ 90,00 por barril no início de setembro e, no dia 27 de setembro, fechou em alta de mais de 2% nos contratos para dezembro, a US$ 96,55 por barril, depois de ter tocada a máxima de US$ 97,06 por barril durante o pregão. Para o UBS BB, há necessidade clara de aumento de preço no diesel dada a dinâmica de paridade, mas não há risco de abastecimento no momento. Segundo a Argus, o mercado está esperando um aumento para o diesel pela Petrobras, mas ainda há incerteza sobre como será a reação ao embargo das exportações da Rússia, o que deve segurar os reajustes no momento.

Seria negativo para Rússia estender a suspensão das exportações. A entrada de divisas para a Rússia é importante, porque é muito dependente dessa receita. A Rússia suspendeu a exportação para estocar produto, mas não tem onde estocar tanto produto. Traria mais danos do que benefícios para o país. Para a Ativa Investimentos, a pressão vai aumentar a partir meados de outubro, quando o embargo russo deve começar, mas não existe previsão por quanto tempo essa medida pode durar, já que as exportações de petróleo e derivados são importantes para a Rússia. Mesmo assim, não há motivo para a Petrobras fazer reajuste no momento. A maioria das consultorias fala em 15% de defasagem para o diesel da Petrobras. O grande ponto é que não é uma defasagem que pode ser considerada grande para a Petrobras, que já teve defasagens maiores. O último aumento do combustível pela estatal ocorreu em 16 de agosto, quando a defasagem em relação ao mercado internacional girava em trono dos 30% para a gasolina e diesel. A gasolina teve alta de 16,2% e o diesel de 25,8%.

O que coloca mais pressão é a questão de a Rússia não fazer mais exportações de derivados, e é quanto a isso que é preciso estar atento, pois põe pressão maior porque aumenta o custo marginal da Petrobras. A Monte Bravo descarta aumentos pela Petrobras no momento. Apesar do aumento da defasagem em relação ao mercado internacional, que saiu da faixa dos 4% no início do mês para 15% esta semana, a tendência é de que a estatal absorva esta diferença até o mercado se mostrar mais estável. O nível atual de preço, normalmente não é o nível que a Petrobras tem feito aumento, ela tem preferido absorver e não repassar para o produto, e isso vale particularmente nesse momento, pela volatilidade. A Petrobras pode optar por deixar o preço desalinhado um pouco mais de tempo até poder avaliar melhor a tendência do preço. A StoneX explica que, além da Rússia, a redução dos estoques de petróleo nos Estados Unidos também tem gerado preocupação no mercado sobre a oferta da commodity.

O Brent está avançando principalmente após relatório semanal de indicadores de petróleo e derivados norte-americanos, que mostraram que os estoques tiveram mais uma queda de 2,17 milhões de barris, acima do que esperava o mercado. Os estoques de petróleo em um hub de estocagem em Oklahoma, que recebe o petróleo de xisto, estão perto de cair abaixo dos 20% da sua capacidade. Hoje, esses estoques operam com 22,4% da capacidade. A queda dos estoques nos Estados unidos vem gerando bastante preocupação no mercado. Existe perspectiva de que o indicador se aproxime dos 20% e traga receio de que haja mais dificuldade de chegada de petróleo nas refinarias norte-americanas. A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) avalia que a Petrobras deve segurar os preços por um bom tempo, não apenas pela volatilidade do mercado. Iria gerar um preço maior para os consumidores, porque haverá o retorno da cobrança do PIS/Cofins no dia 1º de outubro, de R$ 0,0187 por litro.

A Petrobras não deve mexer nos preços dos combustíveis no momento, mas avalia o movimento do mercado para não perder a rentabilidade. De acordo com o presidente da estatal, Jean Paul Prates, os reajustes virão se o patamar de preço do petróleo for consolidado, como ocorreu no último aumento de 16 de agosto. Se a commodity atingir US$ 100,00 por barril como está sendo previsto para outubro, será uma barreira psicológica importante. Os modelos por enquanto estão indicando que é possível manter o preço dos combustíveis no mesmo patamar, sem haver absolutamente nenhum risco para a rentabilidade da empresa. Prates afirmou que em momento nenhum o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu para segurar os preços, e reforçou que o objetivo continua sendo “abrasileirar” os preços. A Petrobras mudou o modelo e vai ajustar quando o novo patamar estiver consolidado. As refinarias da empresa estão operando com fator de utilização de 94%, bem acima do que operavam no ano passado. Isso porque a Regap (MG) vai entrar em manutenção. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.