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18/Sep/2023

Preço do petróleo deve se manter em alto patamar

Os preços dos petróleos Brent e WTI encerraram a semana passada no maior nível deste ano, ambos acima de US$ 90,00 por barril. Especialistas projetam que os contratos continuarão operando em torno deste nível até 2024, apoiados pela expectativa de déficit na oferta devido aos cortes de produção voluntários de Arábia Saudita e Rússia, mas não esperam que isso afete significativamente a inflação ao redor do mundo. A escalada de preços ganhou impulso após relatórios da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e da Agência Internacional de Energia (AIE) manterem projeção para crescimento da global, mas sinalizarem riscos de déficit na oferta global em razão dos cortes sauditas. Os holofotes se concentraram principalmente sobre os cálculos da Bloomberg a partir de dados da Opep, que apontaram déficit diário de aproximadamente 3 milhões de barris, maior nível desde 2007.

A FGV Energia ressalta que as dinâmicas recentes do petróleo mostram a retomada da influência da Opep sobre os preços, superando decisões monetárias e dados macroeconômicos. Os preços correspondem a atividades especulativas e expectativas de crescimento de demanda, com destaque especial para a Ásia, cujo consumo é liderado pela China e pela Índia. O Bank of America (BofA) acredita que os cortes da Opep e aliados devem ser mantidos contra um cenário de demanda positiva da Ásia, elevando os preços do Brent acima da marca de US$ 100,00 por barril antes do final do ano. A China ainda representa um papel importante no mercado, com tendências positivas de transporte e demanda forte de petróleo, apesar das preocupações com a economia, atividade industrial e setor imobiliário fracos nos últimos meses. A questão central para os preços do petróleo é quando os interesses políticos da Rússia e da Arábia Saudita, dois maiores exportadores da commodity, vão se desalinhar novamente.

O Departamento de Energia dos Estados Unidos também prevê alta nos preços do Brent, mas sem atingir os três dígitos, em US$ 93,00 por barril. A alta apoiada pelos cortes sauditas e recuo nos estoques globais da commodity será contraposta por uma queda no consumo médio de combustível líquido no quarto trimestre, alerta o Departamento em relatório com suas perspectivas energéticas de curto prazo (STEO), divulgado na semana passada. A Oanda afirma que será necessário mais do que o déficit na oferta para impulsionar ganhos do petróleo de mais de três dígitos ainda neste ano. Para a Capital Economics, os temores do petróleo acima de três dígitos no próximo ano são exagerados. A consultoria projeta que o preço do Brent será de US$ 85,00 por barril até o final do quarto trimestre de 2024, à medida que uma Opep ávida para explorar suas reservas comece a expandir sua produção na metade do próximo ano e, depois, cairá a US$ 70,00 por barril até o final de 2025, conforme a oferta supere a demanda.

A dificuldade é que todos os membros da Opep+ estão sob pressão para explorar as reservas petrolíferas existentes, enquanto a procura global de petróleo continua a aumentar. A demanda bruta atingirá o pico em 2026. No entanto, os preços devem seguir pressionados no curto prazo, com Rússia e Arábia Saudita estendendo cortes até parte de 2024 para manter o petróleo ao menos acima de US$ 80,00 por barril. A Empiricus Research nota que a trajetória dos preços dependerá das perspectivas de equilíbrio entre oferta e demanda daqui em diante. Os sinais de resiliência da economia dos Estados Unidos e a melhora nos indicadores da China atuam como drivers para o óleo, porém, a alta recente dos preços pode incentivar os países da Opep+ a retirar parte dos cortes, o que incentivaria uma leve alta na produção e acomodação dos preços. A alta na produção de países externos à Opep+ poderia eventualmente ajudar na redução dos preços, mas o cartel segue como parte preponderante do controle da oferta por deter mais de metade da produção mundial.

A Oxford Economics analisa que uma flutuação dos preços do petróleo entre US$ 90,00 e US$ 110,00 por barril não deve ter grandes impactos sobre a política monetária de bancos centrais. Mesmo constatados como níveis elevados, esta faixa de preços teria pouco impacto sobre a inflação global projetada para o próximo ano. A menos que os preços subam ainda mais de forma substancial ou surjam choques de custos mais amplos e significativos, há ceticismo quanto à possibilidade de que isso tenha um impacto material no momento da mudança dos bancos centrais para os cortes das taxas. Contudo, se os preços ultrapassarem US$ 110,00 por barril, o Banco Central Europeu (BCE) e o Federal Reserve (Fed) poderão adiar os cortes nas taxas do primeiro para o segundo semestre para evitar transferências de custos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.