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12/Sep/2023

Biodiesel e biometano: opções para veículos pesados

Se o etanol é visto ainda como chave para os veículos de passeio, no caso de caminhões e ônibus os investimentos estão focados na produção de biometano e HVO (óleo vegetal hidrotratado), além da ampliação da produção de biodiesel, produto misturado ao diesel normalmente feito a partir de óleos vegetais, gorduras animais e óleo de cozinha. A Be8 é a maior produtora de biodiesel no País, com exportações para Estados Unidos e Europa. Tem fábricas no Rio Grande do Sul, no Paraná, na Suíça (que faz biodiesel de óleo de cozinha usado) e no Paraguai (faz esmagamento de soja e biodiesel). A partir de 2025, uma segunda planta no Paraguai produzirá diesel verde (HVO) e querosene de aviação renovável (SAF). Em projetos atuais e futuros, a Be8 soma quase R$ 8 bilhões em investimentos, todos voltados a energias sustentáveis. Esses dois combustíveis também estão nos planos da Petrobras e da Acelen, do fundo Mubadala.

A estatal brasileira prevê investimentos de US$ 600 milhões (cerca de R$ 3 bilhões) até 2027 no projeto, que será feito em uma de suas plantas. A Acelen anunciou R$ 12 bilhões em dez anos (a partir de 2026) para uma fábrica na Bahia. Também apostando nos combustíveis verdes, a metalúrgica Tupy, multinacional brasileira que atua com componentes estruturais para bens de capital, entrou no negócio de produção de biometano. Junto com a fabricante de motores MWM, adquirida em 2022, a Tupy vai iniciar no fim do ano as operações de uma usina de biometano em Toledo (PR), usando dejetos de suínos de fazendas locais. O combustível vai substituir gradualmente o uso do diesel na frota de 60 caminhões da Cooperativa Primato. Em breve, o grupo deve anunciar uma segunda usina que produzirá biometano a partir de produtos orgânicos vencidos de uma rede de supermercados de São Paulo. O produto será usado pela frota de caminhões que atende a rede.

A empresa está também em prospecção com clientes das cadeias da suinocultura, bovinocultura, avicultura, aterros de lixo e usinas de etanol e açúcar que geram potenciais matérias-primas para a produção de biometano. A intenção do grupo é somar esse novo negócio a projeto para substituir motores a diesel por equipamentos que podem usar biogás ou biometano em frotas que já rodam pelas ruas do País. A Tupy/MWM também negocia o fornecimento desse motor às montadoras para equiparem caminhões novos. A companhia já é responsável pelo início da substituição de motores a diesel por propulsores a biometano na frota de 600 caminhões de uma concessionária de aterros sanitários na capital paulista, que utiliza o biogás dos próprios aterros. Os modelos flex respondem hoje por 85% da frota brasileira de veículos de passeio, mas apenas 31% deles rodam com etanol. Entre as explicações para isso está a falta de competitividade do preço do combustível com o da gasolina.

A paridade de preços com a gasolina não tem ajudado a alavancar o uso do etanol ao longo do tempo, afirma a SAE Brasil, entidade que reúne principalmente engenheiros da área de mobilidade. É necessária a criação de mecanismos para incentivar o interesse do consumidor em abastecer o carro com etanol, como descontos no abastecimento ou no IPVA do carro. Uma sugestão é usar créditos de carbono. Hoje, várias usinas recebem créditos por meio do programa RenovaBio por produzirem combustível de forma sustentável, mas não repassam nenhuma parcela ao cliente final. Um automóvel a combustão rodando 100% com etanol tem praticamente o mesmo nível de emissão se comparado a um carro a bateria, mesmo que a eletricidade seja renovável, como é a hidrelétrica. O grande ponto para essa conta é a quantidade de emissão na produção do veículo; no caso do elétrico, a fabricação da bateria demanda muito mais alumínio, muito mais mineração de matérias-primas, o que faz com que a pegada de carbono seja muito alta. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.