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03/Aug/2023

Gasolina: correção da defasagem e impacto no IPCA

Uma eventual correção da defasagem entre os preços domésticos e internacionais da gasolina pela Petrobras teria o potencial de adicionar até 0,75% ao IPCA de 2023. Os analistas consideram improvável que a empresa aja para zerar a diferença, mas veem chance crescente de algum aumento dos combustíveis nos próximos meses. Mesmo que insuficiente para zerar a defasagem, calculada em até 30%, a depender das estimativas, qualquer elevação dos preços já poderia retirar da mesa a possibilidade de o Banco Central entregar um IPCA abaixo do teto da meta, de 4,75%, este ano. O último relatório Focus mostrou que a mediana do mercado indica inflação de 4,84% em 2023, 0,09% acima do limite superior do alvo. Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), os preços de gasolina praticados pela Petrobras fecharam o mês de julho 24% abaixo da paridade de importação (PPI), ante 5% no início de junho.

Na terça-feira (1º/08), o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou que está "confortável" com a volatilidade dos preços e negou rumores de que a petroleira pretenda fazer um reajuste em breve. Em relatório publicado na semana passada, o JPMorgan calculou que seria necessário um aumento de 30% nos preços da gasolina nas refinarias pela Petrobras para zerar a defasagem, com impacto de quase 0,75% no IPCA de 2023. O banco diminuiu de 5,1% para 4,8% a projeção para a inflação deste ano, mas reconheceu que o comportamento dos combustíveis é uma incerteza no cenário. A expectativa é de um aumento de 8% nos preços da gasolina no atacado em meados de agosto, já que a diferença entre os preços internacionais e domésticos está no maior nível desde que o conflito Rússia-Ucrânia começou. Essa alta não deve ser suficiente para fechar a defasagem estimada, mas algum ajuste deve ser esperado.

A Garde Asset calcula uma defasagem próxima de 30% para os combustíveis, que, se revertida, poderia elevar os preços da gasolina nas bombas em até 9%, com impacto de 0,45% no IPCA de 2023. No entanto, é mais provável um aumento menor dos preços nas refinarias, entre 10% e 15%, que adicionaria até 0,20% à inflação deste ano. O cenário de inflação de 4,7% este ano não tem reajuste da Petrobras, mas, nesse nível de defasagem, começa a ficar um pouco mais assimétrico para cima, porque não é sustentável ficar com essa defasagem por tanto tempo. Isso deixaria a inflação um pouco acima do teto da meta, mas não acho que deveria fazer diferença para o Banco Central, que já está olhando para o ano que vem nas projeções. Nas contas do Banco BMG, a Petrobras precisaria elevar os preços de gasolina nas refinarias em cerca de 20% para que a defasagem voltasse a níveis compatíveis com o PPI. Assumindo que as margens de distribuição e os preços do etanol ficassem inalterados, isso significaria uma alta de 7% do combustível nas bombas, com impacto de 0,35% no IPCA.

Devido à mudança na política de preços da estatal e à expectativa de que os preços do petróleo fiquem estáveis até o fim deste ano e caiam a US$ 75,00 por barril até o fim de 2024 com a desaceleração da atividade global. Com isso, o IPCA encerraria 2023 em 4,9% e recuaria a 3,7% no ano que vem, ainda 0,7% acima do centro da meta, de 3%. A defasagem da gasolina não deve alterar o balanço de riscos do Comitê de Política Monetária (Copom). O maior risco no curto prazo é a manutenção dos preços de petróleo em níveis atuais, que poderia pressionar outros derivados. Como o Brasil é importador de diesel, a distribuição depende de importadores independentes. Obviamente os preços são voláteis e a Petrobras, pelo seu tamanho, é capaz de absorver a volatilidade de mercado. Mas, se o petróleo continuar entre US$ 80,00 e US$ 85,00 por barril nos próximos três meses, pode haver problemas. Um reajuste do diesel pega todos os transportes, frete, acaba sendo um risco de inflação. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.