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01/Aug/2023

Açúcar: usinas investem para ampliar a produção

Os preços recordes do açúcar demerara na Bolsa de Nova York e a consequente alta no mercado à vista se refletem em investimentos da indústria brasileira em maquinário e instalações, o que o mercado vê como uma estratégia correta de aproveitar a oportunidade. Segundo o Citi, olhando para os preços de tela hoje e, principalmente, para o mercado spot, faz muito sentido não só em termos econômicos, mas também estratégicos para as companhias. Além de faturar com o açúcar, as indústrias do setor buscam aumentar a participação em um mercado global que demanda mais açúcar do que é oferecido. Para a Íntegra Associados, qualquer aumento na demanda mundial nos faz perguntar de onde virá esse açúcar e a resposta é o Brasil. O mundo consome anualmente 180 milhões de toneladas de açúcar e o Brasil, maior fornecedor global, é responsável por produzir 40 milhões de toneladas desse total.

Mesmo que ainda insuficientes para atender a toda a procura, os recentes investimentos de empresas como Jalles Machado, CerradinhoBio e de outras usinas de menor porte do Centro-Sul do País indicam que haverá aumento na disponibilidade da matéria-prima, o que deve segurar novas altas nas cotações. O que acontece no passo seguinte desta onda de investimentos é ter mais açúcar no mercado e o preço de equilíbrio se ajustar, mas os preços do açúcar não devem ficar muito abaixo dos níveis que estão hoje (em torno de 23,00 centavos de dólar por libra-peso. Nos últimos meses, o preço do açúcar no mercado interno e externo subiu acima das médias históricas. Com a quebra de safra em países como Índia e Tailândia (que ocupam o segundo e o terceiro lugar em produção) e o receio de que o fenômeno climático El Niño provocasse ainda mais perdas nos canaviais, os futuros de açúcar demerara se aproximaram dos 30,00 centavos de dólar por libra-peso na Bolsa de Nova York.

Já havia ocorrido antes o açúcar perto de 30,00 centavos de dólar por libra-peso, mas neste ano o preço em Reais chegou a ficar acima de R$ 3.000,00 por tonelada. Essa foi uma razão pela qual diversas usinas privilegiaram a produção de açúcar. Com base nos preços, a Jalles Machado investiu R$ 170 milhões para produzir açúcar na usina Santa Vitória, fábrica de etanol mineira adquirida em 2022. A operação deve começar na safra 2024/2025 e a fábrica terá capacidade de produzir 150 mil toneladas por safra. Com a mudança, o grupo açucareiro terá mix de produção de até 51% para o açúcar, ante 36% até então. Entre as três companhias brasileiras do setor com ações negociadas na bolsa de valores (Raízen, São Martinho e Jalles Machado), a Jalles era a que possuía o menor mix de açúcar. Com esse investimento, ela ‘cola’ nos competidores. Então, até em termos estratégicos para a companhia essa decisão é positiva.

Também de olho nos preços e na competitividade, a CerradinhoBio, empresa com sede em Chapadão do Céu (GO) que produzia etanol e coprodutos a partir de cana-de-açúcar e milho, decidiu construir sua primeira fábrica de açúcar. A companhia investe R$ 289 milhões para produzir 330 mil toneladas de açúcar VHP (Very High Polarization ou açúcar bruto) por safra a partir de 2024/2025. A Cerradinho afirmou que já estudava essa possibilidade há algum tempo, mas os fundamentos atuais do mercado trouxeram as condições necessárias. Com o açúcar, a empresa dá mais um passo que a expõe ao mercado de alimentos e ao mercado internacional. Além das duas gigantes, indústrias no Centro-Sul decidiram modernizar os maquinários e ampliar as fábricas neste ciclo para não perder a oportunidade. É o que ocorreu com a usina São Domingos, de Catanduva (SP), e com a Cooperativa Agrícola Regional de Produtores de Cana (Coopcana), de São Carlos do Ivaí (PR).

No extremo sul da Bahia, a usina Santa Maria adquiriu até equipamentos de segunda mão. Foram R$ 150 milhões para adquirir o maquinário de uma usina desativada e desenvolver uma termoelétrica para começar a produzir açúcar, já que antes só fabricava etanol. Não é a primeira vez que ocorre uma onda de investimentos desse gênero no setor. O movimento de expansão do carro flex no País, em 2003, culminou em uma série de aportes em etanol. No entanto, com a crise financeira global, entre 2007 e 2008, a indústria precisou se reinventar. Havia uma oferta muito alta de etanol e o produto começou a ser regulado pela Petrobras como maneira de controle da inflação. Então, a indústria decidiu investir em açúcar. Apesar das semelhanças, os movimentos recentes foram pontuais e não se espera ver volumes relevantes do Capex das empresas migrando exclusivamente para açúcar. Considerando fatores como a disponibilidade de vapor para mover as turbinas da usina e a região em que a unidade está localizada, algumas usinas terão que fazer um investimento muito mais alto do que outras para elevar o mix.

Por isso, estes serão investimentos mais focados em grupos com um poder econômico maior e onde realmente faça muito sentido. Mesmo sem grandes aportes, no entanto, cada empresa encontra sua estratégia para aproveitar os preços atrativos do açúcar. É o caso da usina Cooper-Rubi, de Rubiataba (GO), que tem moagem anual próxima de 2 milhões de toneladas e decidiu virar todo o mix para o açúcar e produzir 2,5 milhões de sacas de 50 Kg de açúcar, 330 mil sacas de 50 Kg acima do que havia estimado inicialmente na temporada. Da produção de 1,7 milhão de toneladas de cana-de-açúcar em 2023/2024, 80% serão destinados à fabricação do açúcar. Está mais vantajoso do que produzir etanol e essa será uma dinâmica e uma realidade para esta safra e para a próxima. A Cooper-Rubi já analisa formas de ampliar o mix para ficar acima de 80% na próxima safra. Todo o investimento é baseado na produção de açúcar. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.