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11/Jul/2023

Brasil: caminhos para transição do setor automotivo

O caminho do Brasil até a produção em massa de carros elétricos vai ser longo e gradual e deverá adentrar a próxima década. Até lá, o País deve cumprir metas de descarbonização com soluções locais, como veículos híbridos flex, que podem usar etanol. Caminhões e ônibus serão movimentados com gás, biodiesel e biometano, mas o segmento está mais avançado e já tem elétricos em produção. Ainda assim, o País não deve ficar para trás no processo de descarbonização no transporte.

Ao contrário, diz a Bright Consulting. O Brasil pode ser um dos primeiros a atingir a meta de redução das emissões assumida na COP26 mesmo com percentual pequeno de carros elétricos. Na Conferência do Clima das Nações Unidas (COP26), realizada em 2021, o governo brasileiro se comprometeu a reduzir à metade as emissões de gases do efeito estufa até 2030. O futuro será elétrico, mas o formato da transição será diferente de acordo com o país.

O Brasil deve adaptar suas competências em combustíveis sustentáveis como etanol e biodiesel. Estudo da Bright mostra que 7,4% das vendas de veículos no País em 2030 serão de modelos elétricos, enquanto a participação global será de 37,2%, puxada por China, Europa e Estados Unidos. O País tem tempo para se preparar, segundo a consultoria BCG. Fases que o Brasil terá até o início da produção em série de carros elétricos e de quem seria a responsabilidade pela implantação de medidas, segundo especialistas:

Apoio ao uso de etanol nos carros flex:

- Campanha de esclarecimento sobre o benefício do etanol. Seu uso reduz em cerca de 60% as emissões de CO² ante a gasolina. A ideia é usar postos de combustível com ações como programa de milhagem para quem abastece com etanol. Competência do governo e de montadoras.

- Melhoria da eficiência do etanol, hoje de 70% da gasolina, para aumentar o desempenho do veículo e diminuir as paradas para abastecimento. Competência de montadoras.

- Criação de uma política industrial que inclua o aumento da produção de etanol para que a maior oferta reduza o preço na bomba. Competência do governo, produtores e usinas.

- Ampliação de 27% para 30% na mistura de etanol na gasolina. Decisão de governo.

Renovação da frota

- Programa de inspeção veicular. Iniciativa tem de partir de governos.

- Programa de renovação da frota para retirada de circulação de veículos velhos. Decisão tem de partir de governos e iniciativa privada.

Importação de carros elétricos

- Volta da cobrança de Imposto de Importação (II) de 35% para carros elétricos, que está zerada desde 2015, e híbridos. Decisão do governo será anunciada em breve.

- Anfavea (associação das montadoras) defende a criação de cotas com imposto zero por cinco anos. A cota seria de 2 mil automóveis/ano e 1 mil de comerciais leves/ano para montadoras e importadores. Proposta da entidade ao governo.

Mudança na forma de calcular o imposto

- Considerando o atual IPI, o cálculo do imposto passaria a ser feito de acordo com a eficiência energética e as emissões de cada automóvel. Proposta da Anfavea ao governo.

- Hoje, a tarifa varia de acordo com a cilindrada do motor. Para modelos 1.0 flex é de 5,27%; acima de 1.0 até 2.0 é de 9,78% (gasolina) e 8,28% (flex); e acima de 2.0 a taxa é de 18,81% (gasolina) e 13,55% (flex).

Produção de carros híbridos flex

- Empresas aguardam definição do governo sobre uma política industrial para a eletrificação. O híbrido opera com um motor elétrico e um a combustão - no caso do flex, pode usar etanol ou gasolina. Não é carregado na tomada e custa, em média, duas a três vezes menos que os elétricos.

- Não exige nova infraestrutura, pois o País tem postos de combustíveis. Toyota e Caoa Chery já produzem híbridos flex. Volkswagen, Renault, Stellantis e GWM prometem produção local para 2024.

- Segunda fase do Rota 2030, ainda em discussão, vai estabelecer novas metas de emissões e eficiência energética, o que pode levar mais empresas a fabricar carros híbridos ou importar elétricos para atender as normas.

- O Rota 2030 também deve regular normas de segurança, estabelecer a medição da eficiência energética dos carros utilizando o método chamado de “poço à roda” (mede as emissões do escapamento do carro e da produção do combustível) e alinhar incentivos em P&D relacionados a combustíveis alternativos.

Produção de carros elétricos

- Incentivo para pesquisa e desenvolvimento. Depende de política industrial do governo, iniciativa privada, universidades e centros de P&D.

- Incentivo à fabricação de baterias. Governo já informou que trabalha em projetos para atrair produtores.

- Incentivo à mineração e processamento de matérias-primas como lítio e níquel. Depende de política industrial do governo e iniciativa privada.

- Financiamento para infraestrutura pública de recarga rápida e ultrarrápida. A instalação de 100 mil postos de recarga em todo o País exigiria investimentos de R$ 10 bilhões. Hoje, há cerca de 3,2 mil eletropostos, a maioria em grandes centros urbanos, segundo a ABVE (associação dos veículos elétricos). De competência dos governos e iniciativa privada.

- Desenvolver uma cadeia de reciclagem de baterias e do carro elétrico.

Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.