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06/Jul/2023

Etanol: produção precisa dobrar para atender COP26

A estratégia brasileira de aproveitar a pujante produção de etanol para atender ao acordo global de redução das emissões de carbono pode esbarrar na capacidade limitada da indústria nacional, que precisaria praticamente dobrar a fabricação do biocombustível até 2030 para dar conta da demanda prevista, segundo um estudo desenvolvido pela equipe da Embrapa Territorial, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. A pesquisa, publicada na Revista de Política Agrícola da instituição, decidiu traçar cenários para as exportações de etanol no Brasil e, com isso, dimensionou também o ritmo de produção e crescimento da indústria nacional. A análise sugere que o etanol contribuirá significativamente para a descarbonização, mas, como as mais de 400 usinas produtoras de açúcar e etanol no Brasil já operam próximas da capacidade total, o biocombustível dependerá de incentivos e investimentos para consolidar metas.

Na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-26), realizada em 2021, o Brasil assumiu o compromisso de mitigar 50% de suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) e de alcançar 45% de participação de energias renováveis até 2030 na matriz energética do País. O estudo da Embrapa prevê que, para isso, o Brasil precisaria aumentar em cerca de 20 bilhões de litros a produção de etanol hidratado e anidro nos próximos sete anos. Em 2022, o Brasil produziu em torno de 29 bilhões de litros desses biocombustíveis. Considerando o cálculo do ritmo atual de crescimento (da indústria e das exportações), dificilmente será possível atingir essa meta. A análise estima que, no cenário de crescimento baixo, a oferta do biocombustível estaria em 36 bilhões de litros em 2030 e a necessidade para descarbonização seria superior a 50 bilhões de litros.

Com base em informações de instituições que já trabalham com o tema, como a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), e considerando a média de expansão do setor de etanol nos últimos seis anos, a pesquisa aponta que haverá um tímido aumento das exportações brasileiras do biocombustível, à taxa média de 1,7% ao ano até 2031. O protagonismo do Brasil no mercado de etanol tem que ser demonstrado em cifras e isso tem demorado muito a acontecer. No cenário de crescimento médio, as exportações do produto podem atingir 2,3 milhões de litros de etanol em 2031. Em um ano de demanda atípica, a exportação brasileira de etanol aumentou 26,3% em 2022, com embarque de 2,43 bilhões de litros, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Em 2021, esse patamar havia sido de 1,95 bilhão de litros. No acumulado da safra 2023/2024 (de abril à primeira quinzena de junho), a comercialização de etanol ao exterior já soma 820 milhões de litros, segundo dados do Observatório da Cana e Bioenergia, da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica).

De acordo com o estudo da Embrapa, as exportações brasileiras de etanol dependem, em boa parte, de políticas tarifárias e não tarifárias dos países importadores. A especificação do padrão de qualidade do etanol no mercado internacional também é uma questão pouco harmonizada ainda globalmente. É preciso ter uma segurança energética quanto a suprimento, estoques e preço para o etanol realmente funcionar como uma commodity em nível mundial e para que os governos implementem seus marcos regulatórios e adotem especificações para esse mercado. Apesar das previsões ainda tímidas para o mercado nacional de etanol, o índice de expansão do setor pode ser revisado para cima, considerando, especialmente, a adoção do biocombustível para outras aplicações, além do abastecimento direto dos automóveis. Pode-se citar o avanço das pesquisas para o desenvolvimento do combustível de aviação sustentável (SAF) e do hidrogênio verde a partir da matéria-prima. Isso é um fator importantíssimo na expansão desse mercado, já que o Brasil pode exportar vários produtos e serviços agregados.

O estudo demonstrou também que, no cenário dos próximos sete anos, o mercado de vendas externas de etanol será balizado por players diferentes dos que ocupavam o pódio de importação do produto. Nos últimos cinco anos, os Estados Unidos absorveram, em média, por 50% daquilo que o Brasil vendeu ao mercado externo. A Coreia do Sul ultrapassou os Estados Unidos como principal demandante e agora já está sendo responsável por 40% das exportações brasileiras e há também o aparecimento de novos mercados, como a China e a Venezuela. A pesquisa ainda ressalta que a produção de etanol de milho progrediu de forma considerável nos últimos anos e deve manter esse ritmo. A expansão da produção do biocombustível derivado do grão está prevista para 8,1 milhões de litros até 2031. Na última safra, a produção de etanol de milho atingiu 4,4 bilhões de litros e a União Nacional do Etanol de Milho (Unem) espera que o Brasil produza 6 bilhões de litros neste ano. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.