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03/Jul/2023

Gasolina: preço atual desestimula as importações

A redução de 5,3% no preço da gasolina anunciada pela Petrobras na sexta-feira (30/06), pegou os importadores de surpresa. Apesar da grande volatilidade do mercado de derivados, a defasagem dos preços do combustível da estatal em relação ao mercado internacional há dois dias havia passado para o terreno de dois dígitos, após uma semana com defasagem em torno dos 6%. Nos fechamentos dos dias 28 e 29 de junho, a defasagem havia disparado para 11% e 12%, respectivamente. Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), com essa defasagem elevada, não há estímulo para fazer importações.

Com a nova redução, a defasagem dos preços internos da gasolina nas refinarias da Petrobras deve subir a R$ 0,50 por litro, e a expectativa é de que o Conselho de Administração de Defesa Econômica (Cade) esteja atento a esses movimentos e cobre da empresa os compromissos assumidos. O compromisso da estatal com o Cade era de vender refinarias para desconcentrar o mercado, da ordem de 50% da sua capacidade de produção, mas até o momento apenas 15% foi transferido para a iniciativa privada, permanecendo como agente dominante do setor de refino.

Da mesma maneira que pratica preços abaixo do mercado internacional, a estatal pode também praticar preços altos e expulsar os concorrentes do mercado como aconteceu na época do Pedro Parente (ex-presidente da Petrobras), que chegou a ficar com preços 30% maiores porque não tinha concorrência e recuperou o caixa da Petrobras. Este ano, os associados da Abicom não fizeram nenhuma importação de gasolina por causa do preço, o que não vem ocorrendo com o diesel, que está sendo trazido do exterior por alguns agentes que compram o produto da Rússia, cujo preço é inferior ao praticado no mercado internacional.

A necessidade de importação de gasolina é de metade do diesel, mas não deixa de ser um volume expressivo. Para atender todo o mercado interno, o Brasil precisa importar 1,3 milhão de metros cúbicos de diesel e entre 500 mil e 600 mil metros cúbicos de gasolina por mês. Em 2022, 31% do diesel e 14% da gasolina consumidos no País vieram de fora do País. O setor já vem de um ano de grande intervenção do governo na Petrobras em 2022, quando o próprio presidente Jair Bolsonaro atacava os reajustes para cima e chegou a demitir presidentes da estatal em função disso.

A intervenção na Petrobras era até mais contundente no governo anterior, por parte de Bolsonaro e do ex-ministro da Economia, Paulo Guedes. A nova queda de preços segue a mudança da política da estatal, que adotou variáveis consideradas não muito claras pelo mercado. Além disso, fica evidente a intervenção do governo pelo fato de a queda ter sido anunciada logo após a volta dos impostos federais sobre o combustível. Tudo indica que a ação foi para reduzir o impacto do tributo, que subiria R$ 0,34 por litro com a volta do imposto. Mas, mesmo assim, não vai conseguir anular a alta, o impacto deve ser de uns R$ 0,24 por litro nas bombas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.