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21/Jun/2023

São Martinho: expectativas para safra 2023/2024

A São Martinho prevê queda dos custos de produção de açúcar e etanol no ciclo 2023/2024 (abril de 2023 a março de 2024). A companhia observa queda nos preços de insumos e fertilizantes com relação ao último ciclo, além de um incremento da produtividade. O custo-caixa de açúcar e etanol deve cair entre 5% e 10% em 2023/2024. A expectativa da São Martinho é de que os preços de açúcar sigam em patamares elevados no mercado internacional. O cenário para mercado de açúcar é bastante construtivo e a companhia ainda avalia a possibilidade de fazer fixações (hedge). Não há expectativa de que os preços de açúcar caiam no ano que vem, dado que não virá volume muito grande de produção. No que se refere ao etanol produzido a partir do milho, usado para abastecer a Usina Boa Vista em Quirinópolis (GO), o a companhia não conseguirá se aproveitar da recente redução dos preços da matéria-prima, já que possui produto estocado.

As compras de milho já tinham sido feitas quando os preços caíram anteriormente, mas para os próximos anos não há nada comprado de milho e a empresa deve aproveitar a queda nos preços do grão. O ano de 2024 será o primeiro de produção da usina de etanol de milho e a expectativa é moer 420 mil toneladas neste primeiro ciclo e zerar os estoques. O processamento corresponderá a aproximadamente 80% da capacidade e a São Martinho espera chegar próxima a 500 mil toneladas de processamento de milho em 2025. Apesar de ser um projeto novo, a companhia já considera dobrar a capacidade de produção de etanol de milho. Depois que atingir estabilidade de produção, assumindo que preços do etanol estejam em patamar mais elevado, será tomada essa decisão. A moagem de cana-de-açúcar da São Martinho poderá alcançar 22 milhões de toneladas, caso as usinas consigam estender o ritmo de processamento no ciclo 2023/2024 (abril de 2023 a março de 2024) e o fenômeno climático El Niño não prejudique os trabalhos no campo.

O guidance foi colocado em 21,5 milhões de toneladas, mas deve haver mais cana-de-açúcar do que isso. Agora, a grande questão é o quanto será possível moer. A moagem de 21,5 milhões de toneladas representará alta de 18,8% em relação à safra 2022/2023. No que se refere ao Centro-Sul do País, a expectativa é de que a produtividade da região tenha recuperação próxima de 7%. O fenômeno climático El Niño, no entanto, segue como um fator de incerteza. O fenômeno tende a aumentar o regime de chuvas nos canaviais, o que impede o trabalho das usinas no período de colheita. Vai ser um ano de muita produtividade e será preciso avaliar se a empresa irá bisar a cana-de-açúcar (colher a cana-de-açúcar plantada nesta safra apenas na safra seguinte) ou se irá estender a safra 2023/2024. Se o clima nos permitir, a moagem se estenderá até o Natal.

As exportações de etanol da São Martinho no ciclo 2023/2024 não devem alcançar os patamares registrados na safra 2022/2023, uma vez que a área comercial da companhia não está vendo uma "janela" para as vendas externas, especialmente para a União Europeia. A expectativa é de 100 mil metros cúbicos de etanol exportados para área industrial, mas ainda está longe do que foi ano passado. Em 2022/2023, a companhia exportou 332 mil metros cúbicos ao mercado externo. Uma vez que o preço do petróleo subiu bastante, uma janela se abriu e, como a empresa tinha certificação Bonsucro, exportou bastante. A certificação Bonsucro é utilizada por mercados europeus para padronizar a qualidade dos produtos adquiridos e avaliar a sustentabilidade da cadeia comercializada. No que se refere ao mercado interno, mudanças tributárias afetaram a competitividade do etanol no Brasil, como o retorno parcial de PIS/Cofins para combustíveis em março e há expectativa pela volta completa dos tributos até o fim deste mês.

A empresa também mencionou a adoção do ICMS em regime monofásico, em junho. Apesar dos impostos favorecerem o etanol ante a gasolina, os biocombustíveis ainda estão em defasagem. A queda de preços da gasolina vem impactando preços do etanol hidratado e hoje está no nível mais baixo do ano (em torno de R$ 2,50 por litro). A paridade está em torno de 70%. As recentes mudanças na política de preços da Petrobras podem reduzir a volatilidade do mercado. Há algumas semanas, os preços da gasolina estavam dentro da paridade, hoje estão abaixo. A política da Petrobras visa reajustar os preços de forma mais suave, tanto para cima quanto para baixo. A política da estatal está "andando bem" neste primeiro semestre. A expectativa é e que a paridade da gasolina fique em linha com o mercado global. Em relação à proposta do governo de aumentar o percentual de mistura do etanol anidro à gasolina de 27% para 30%, a São Martinho está preparada para entregar volume adicional. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.