25/Mai/2023
O incremento da produtividade da cana-de-açúcar deverá ser prioridade da Raízen nas próximas safras. Em relação ao que se esperava quando a empresa realizou a abertura de capital, os níveis registrados de produção da matéria-prima decepcionaram. A companhia enfrentou dois anos muito difíceis em termos de clima e agora procura restabelecer os níveis esperados em um ano que dá indícios de que será promissor. Na safra 2023/2024, que começou em abril, a Raízen prevê processar 80 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, o que representará uma expansão de 9% ante ao ano-safra anterior. Um fator de risco é a possibilidade de ocorrência do fenômeno climático El Niño no próximo semestre. A companhia teme que o aumento das chuvas no Centro-Sul do País no fim do ciclo de produção da poderá atrasar a moagem.
A geração de caixa também ficou menor do que a Raízen estimava na época do IPO, pressionada por fatores como inflação e taxa de juros. Hoje, há um ativo tributário enorme na Raízen e o trabalho é para fazer essa conversão em caixa livre. Outro ponto que ficou aquém, para a companhia, foi o investimento em biogás. A empresa esperava construir 39 modos de biogás e hoje está apenas com 6. Há usos mais atrativos do que apenas gerar energia elétrica. Sobre os pontos positivos e que surpreenderam desde a abertura do capital, a Raízen ressaltou a demanda por Etanol de Segunda Geração (E2G), os níveis de preço do açúcar e do etanol e o avanço da demanda pelos produtos. É destaque também a entrega Ebtida do Raízen Power e os avanços do programa Shell Box.
As preocupações da Raízen com a produtividade da cana-de-açúcar deverão ser sanadas em dois anos, quando o quarto e o quinto cortes da matéria-prima vão atingir os níveis previstos pela companhia quando realizou a abertura de capital. Mas, os resultados registrados até agora pela empresa já são promissores para a safra: 62% do canavial da safra 2023/2024, plantada a partir de abril, já está dentro dos parâmetros. Nesta safra (2023/2024), pela primeira vez, será o terceiro corte em linha com o potencial e, em mais dois anos, fechará o gap do quarto e quinto cortes. Uma análise técnica da produtividade da cana-de-açúcar própria da companhia projeta capacidade de gerar 83 toneladas por hectare nas regiões de produção. Em 2022/2023, a Raízen registrou apenas 70 toneladas por hectare. Esse 20% de gap operacional precisa ser resolvido, é preciso trazer o canavial para o potencial. Utilizando os parâmetros do Consecana, a companhia estima que esse déficit representa R$ 3 bilhões no resultado de geração de caixa.
Quando a empresa realizou as previsões para o IPO, o ponto mais sensível em termos de produtividade era o primeiro corte da cana-de-açúcar. Se tem um canavial com falha, com daninha, esse canavial vai ter um impacto durante todo o ciclo de vida da cana-de-açúcar. Em 2021, quando a empresa realizou o IPO, a Raízen havia identificado um gap no primeiro corte. O que foi colhido até agora (cerca 10% da safra 2023/2024) indica que o plantio está muito bem endereçado tanto para o primeiro quanto para o segundo cortes. Os sinais para o terceiro corte da cana-de-açúcar também são promissores, o que representará 62% do total produzido pela companhia. Neste ano, será possível ver realmente o resultado do trabalho refletindo no rendimento. Para atingir esses resultados, a empresa fez uma revisão completa de plantio, trato e colheita, investiu em tecnologias para controle de qualidade e realizou estudos de acompanhamento da operação em campo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.