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20/Mar/2023

RenovaBio: preços de CBios deverão seguir firmes

Apesar de a competitividade do etanol ter aumentado após a retomada da cobrança de impostos sobre os combustíveis no Brasil, a safra de cana-de-açúcar 2023/2024 (com início em abril) se mostra mais açucareira, o que tende a limitar a emissão de Créditos de Descarbonização (CBios), que são atrelados aos biocombustíveis. Como o preço do açúcar ainda é bastante superior ao do etanol, mesmo com os impostos não se espera que altere o quadro de oferta e demanda de CBios. Segundo o Itaú BBA, quando a usina faz a conta do que é mais rentável, o açúcar tem remunerado mais do que o etanol, mesmo com a mudança da tributação. A S&P Global Commodity Insights reforça que era esperada valorização dos biocombustíveis em 2023 e que, por isso, a retomada da cobrança dos impostos federais não alterou a perspectiva para o ano. A S&P estima geração de 39 milhões de títulos entre janeiro e dezembro de 2023, o que ajudaria a complementar as metas adiadas de 2022 e fornecer boa parte dos títulos previstos para 2023.

Já havia um cenário positivo e a previsão era de que a reoneração deveria impulsionar a participação do etanol no Ciclo Otto (veículos leves) e, em teoria, gerar mais CBios. Segundo dados da B3, de 1º de janeiro a 15 de março, as usinas certificadas para o programa brasileiro de estímulo aos biocombustíveis, o RenovaBio, emitiram 6,5 milhões de Créditos de Descarbonização (CBios). O resultado é 28,8% maior do que o registrado em igual período do ano passado, de 5,08 milhões de CBios. O preço médio por título neste ano está em quase R$ 94,00 enquanto no ano passado estava em R$ 79,00 diferença de mais de 20%. Neste ano, a parte obrigada do RenovaBio possui uma janela menor de tempo para adquirir e aposentar os títulos referentes à meta de 2023. O prazo final de cumprimento das metas de descarbonização do ano passado foi prorrogado por um decreto do Ministério de Minas e Energia (MME). O período passou de dezembro de 2022 para setembro deste ano.

Até lá, as partes obrigadas pela aquisição dos créditos deverão adquirir 35,98 milhões de CBios referentes ao ano de 2022. Para 2023, as metas obrigatórias somam 37,47 milhões de CBios e deverão ser cumpridas até 31 de março de 2024. Nesse sentido, a expectativa é de uma média diária de compras maior em 2023 do que em 2022. Desde janeiro de 2022, foram colocados em circulação 37,769 milhões de títulos, mais do que o suficiente para atingir as metas de 2022. Se a distribuidora já cumpriu a meta de 2022, ela pode estar negociando a meta de 2023. Para o Santander, mesmo que haja uma readequação do prazo das metas de 2023 para dezembro deste ano, como sugerido por alguns interlocutores do mercado, a oferta poderia ficar mais enxuta, mas as emissões de CBios seriam suficientes para atender à demanda. Se o prazo for adiantado haveria um impacto altista em preços, mas depende muito também de como as compradoras obrigadas realizaram seu planejamento para aquisição dos CBios.

A S&P pondera, no entanto, que mesmo o ritmo mais elevado das emissões dos CBios neste momento será insuficiente para atender às metas dos próximos anos, caso elas continuem avançando de forma tão expressiva. Segundo o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), as distribuidoras de combustíveis deverão adquirir 50,81 milhões de Créditos de Descarbonização em 2024 e alcançar 95,67 milhões até 2031. A meta parece ser muito agressiva. O Santander e o Itaú BBA concordam que, considerando a atual geração de CBios, a oferta dos títulos começará a ficar mais limitada a partir de 2024. Quando se observa o histórico de geração de CBios com o mandato de descarbonização para os próximos dez anos conclui-se que o balanço de oferta e demanda tende a ficar mais apertado a cada ano. Nesse sentido, os preços podem subir. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.